Cap. 29 - Eu mereço mais.

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Eu não vou dizer que terminar com o Led estava sendo um processo fácil. Não estava, nem um pouco.

Mas diferente do que pensavam de mim, eu não fiz todo o drama típico adolescente/jovem adulto de quem terminou um "relacionamento com o amor da minha vida". 

Eu não passava os dias depressivo, chorando, sem sair da minha cama ou nada do tipo.

Eu saía da cama. Minha barba não ficou desgrenhada nem meu cabelo deixou de ser penteado, dia após dia. Eu não passava dias e noites no bar. Meu desempenho no trabalho não decaiu devido ao término do meu namoro.

Aliás, se eu fosse arriscar, diria que até o contrário tenha acontecido. Sem o Led, minha dedicação voltou a ser totalmente da minha tríade sagrada: aulas na universidade, desempenho no estágio (eu estava lutando para ser contratado assim que terminasse a faculdade) e minhas aulas de dança. E também pude voltar a ser um assíduo frequentador das salas de cinema. Voltei a ficar por dentro de todas as estreias, além de tirar o atraso dos filmes que havia perdido a oportunidade de assistir quando Led decidia que "ah, não, vamos fazer algo mais interessante".

Eu não poderia me dar ao luxo de simplesmente jogar tudo para o alto e ficar curtindo fossa. Primeiro, porque nada de bom surgiria disso. Eu sabia bem, já tinha prática no assunto. Segundo, porque ninguém esperaria eu sair do meu estado de "depressão" para que eu voltasse ao trabalho ou à faculdade. Resumindo, a vida seguia conforme tinha que seguir. E eu tinha que acompanhar.

Isso significava que eu estava bem e pronto para superar o término?

Não. Não significava.

Longe disso.

Enquanto tentava prestar atenção nas aulas, minha mente facilmente distraia se perguntando onde ele estaria ou o que estaria fazendo. Enquanto trabalhava na edição de alguns textos da emissora, me pegava pensando nele e em como ele estava. Se estava com saudades ou pensando em mim. Quando ia para as aulas de dança, tinha minha atenção chamada por Ângelo, que me percebia distraído olhando para o lado de fora. Desejando que ele estivesse lá. Apoiado em seu carro, me esperando.

- Samuca! Já é a segunda vez que você erra! Presta atenção! – Ângelo me despertou para a realidade.

- Ah... foi mal. – respondi, tentando voltar minha atenção somente para os passos ensinados.

- Gente, vamos encerrar por hoje! Semana que vem tem mais! – Ângelo encerrou a aula, fazendo com que todos os alunos começassem uma conversa relaxada, arrumando suas coisas, prontos para se despedir.

Da mesma maneira, fui em direção a meus pertences, ainda não muito certo de que minha atenção tinha saído do meu ex-namorado. Enquanto me hidratava, Ângelo apareceu ao meu lado, puxando assunto.

- E aí, Samuca! – me cumprimentou, recebendo um aceno simpático da minha parte em resposta. – Gostei de ver que você voltou a fazer mais aulas! Desde que o estúdio mudou de lugar, você diminuiu o ritmo... Achei que não tivesse gostado do espaço novo!

- Não, Ângelo, pelo amor de Zeus! Não é nada disso! – me preocupei em esclarecer. – É só que antes meu tempo tinha diminuído... E agora surgiu um tempo livre e você sabe como eu gosto das aulas!

- Sei... Eu sei que você gosta. Mas desde que você voltou, seu foco não tem estado muito aqui, não é? E esse tempo livre... Isso tem a ver com o dono do "carrão"?

- Hein?! – perguntei, assustado.

- O cara que ficava aqui na porta te esperando. Você sabe.

Apenas dei um sorriso sem graça e uma leve aceno de cabeça. Ele estava certo, tinha tudo a ver com o dono do "carrão".

Vem Comigo (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora