Cap. 22 - Meus pais.

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- Ele vai jantar com a gente hoje. – comentei, enquanto Led apenas olhava em minha direção, embasbacado. Ele não estava preparado para aquilo, pobrezinho.

- Boa noite, rapaz, tudo bem? – minha mãe veio em nossa direção, pronta para dar o bote. 

Ela sabia do que aquilo se tratava, ela era muito esperta. Palavras não eram necessárias.

- Tudo bem... boa noite! – Led não sabia onde enfiar a cara.

Meu pai pouco disse. Apenas apertou a mão de Led e sentou-se à mesa, pronto para jantar.

Era uma situação muito desconfortável, disso eu não tinha qualquer dúvida. Eu esperava que Eduardo me perdoasse por tê-lo posto naquela situação, mas eu precisava fazer aquilo antes qe perdesse completamente a coragem.

Enquanto nos servíamos, o questionário começou.

- De onde vocês se conhecem? – perguntou dona Márcia.

- Da faculdade! – Led se apressou em responder.

Se a resposta dependesse de mim, seria a verdadeira. "Mãe, pai, esse é meu namorado.". Mas Edu ainda parecia muito assustado para entender a proporção do que eu estava disposto a fazer por ele.

Ali, especificamente, não era como eu havia me sentido com minhas amigas. Não eram pessoas cuja opinião importava, mas eu superaria caso discordassem de mim. Eram meus pais. As pessoas que, apesar de tudo, eram os mais importantes para mim. E que poderiam mudar toda a minha vida dependendo de sua reação.

Aquele era meu presente para Led. Eu o apresentaria como meu namorado a meus pais e finalmente poderíamos ter o que ele sempre me pediu. Uma relação em que pudéssemos ter orgulho de dizer que estávamos um com o outro, sem medo.

- Ah, então você também cursa jornalismo? – continuou minha mãe, desconfiada como sempre.

- Não... na verdade, eu faço outro curso... – eu via os olhos de desespero de Led buscando ajuda em minha direção. Talvez eu devesse tê-lo preparado para aquela situação, mas daí como fazer surpresa, não é?

Foi naquele momento que eu percebi que não poderia deixá-lo desamparado, principalmente porque ele não tinha a menor ideia de que passaria por aquela situação. E no fundo, quem estava sendo posto à prova ali era eu, não ele. Ele só veio testemunhar. 

Resolvi então mudar o jogo.

Segurei sua mão sobre a mesa, na frente de meus pais, e apenas sussurrei para ele: "Relaxa."

Por um segundo todas as respirações falharam, inclusive a dele. Ao me olhar assustado, ele percebeu o que eu sentia naquele exato momento. 

O tempo havia parado: naquele momento só havia nós dois e uma conexão que ia além de palavras e gestos. A energia de minha mão na sua era capaz de transmitir meus pensamentos e minhas emoções. Aquele ato foi minha maneira de dizer "isso é para você. Aqui e agora eu me entrego por completo. Eu te amo.".

E no segundo seguinte, ele entendeu. Apenas apertou forte minha mão de volta e sorriu.  

Me manifestei, sem soltar a mão dele em qualquer momento.

- O Eduardo faz administração e a gente se conheceu por meio de amigos em comum, mãe. Mais alguma pergunta?

Meu pai, que até antes de eu segurar a mão de Led não estava muito desconfiado, naquele momento havia percebido tudo e jogado os talheres sobre o prato, aparentemente sem fome.

- Administração? O que você pensa, que vai abrir uma empresa e ganhar muito dinheiro?- foi a maneira que meu pai encontrou para ofender Led. 

Meu namorado, que após minha manifestação havia relaxado e voltado a ser aquele Led que eu sempre amei, vestiu seu olhar de análise e seu sorriso de canto, para então responder.

Vem Comigo (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora