Cap. 18 - Eu sou seu cara.

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Aquele era um sábado atípico. Era cedo, bem cedo, mas em vez de eu ter aproveitado melhor o fim de semana dormindo, me encontrava na porta do apartamento de Led, esperando sua irmã atender ao meu chamado telefônico.

Meu namoro com Eduardo era uma das coisas que me fazia mais feliz em todo o mundo. Ele não só era tudo o que eu havia pedido a qualquer força superior, como também havia se tornado meu melhor amigo. Claro que não era um relacionamento perfeito e ele não era o príncipe encantado da maneira clássica. Ele me caçoava, implicava comigo e vez ou outra eu tinha vontade de matá-lo. Mas tudo para depois ele me derreter com um sorriso, me fazer perder o ar de tanto rir com suas piadas idiotas ou sua dança estranha, tirar meu ar com um beijo, me fazer ver estrelas com o sexo.

Nós nos entendíamos. E eu o amava. 

E por mais que as palavras somente tivessem saído de sua boca uma única vez em uma noite saudosa de ano novo, sabia que seus sentimentos não haviam mudado, e se houvessem, somente haviam aumentado. Ele sentia o mesmo.

Ainda assim eu não poderia dizer que minha vida estava maravilhosa. Eu ainda não havia confrontado minhas amigas e dito a verdade sobre Eduardo. Todas as vezes que a verdade chegava à ponta da língua, algo acontecia que me impedia ou me fazia perder a coragem. Então após algum tempo, eu me rendi. Não havia mais um prazo em que as desculpas seriam aceitáveis. Não haveria mais "não falei nada porque estávamos apenas nos conhecendo" ou "eu estava pensando em qual seria o melhor momento e como te falaria e achei que agora seria ideal".

Quer dizer, eu estava com Led a alguns (vários) meses. Ninguém aceitaria que nós estivemos juntos durante todo esse tempo e não ter comentado nada sobre isso. Minha sorte era que nosso grupo de quatro havia aumentado para sete. Agora Eduardo, Luana e Rafael eram membros oficiais e todos os nossos convites para saídas em grupo e fins de noite na cafeteria do seu Chico se estendiam a eles. E isso me permitia estar perto de minhas amigas sem me afastar de Edu.

Até porque estar perto de Edu havia se tornado um outro problema. Talvez eu tenha me expressado mal: não estar perto de Edu que era o verdadeiro problema. Eu havia começado meu estágio e um novo mundo havia sido descoberto por mim. A redação de um jornal televisivo era uma loucura. Uma loucura que eu adorava. 

 Era uma realidade completamente diferente da que eu estava acostumado. Correria pelos corredores, gritos como meio de comunicação nas salas, telefones tocando ininterruptamente, trabalhos até tarde da noite. A parte ruim disso era que meu tempo com Eduardo se reduziu consideravelmente. Durante a semana, se não estava na faculdade tentando arduamente concluir minhas matérias, estava na redação aprendendo como aquele mundo funcionava. E Eduardo tentava finalizar as matérias do mestrado para enfim começar a escrever sua dissertação. O que significava que o tempo para namoro se reduzia consideravelmente.

Não que isso afetasse nossos sentimentos. Após todos os meses juntos, eu já podia dizer que conhecia Eduardo relativamente bem. E eu sabia que apesar de termos nossos horários reduzidos, isso não nos afastaria ou seria motivo para que terminássemos. Eu sabia que ele estava investindo em nosso relacionamento tanto quanto eu, e que essa era uma parte necessária da corrida para que em breve pudéssemos estar juntos de uma maneira mais séria. Ou pelo menos era o que eu queria acreditar.

A questão era que nossa distância física afetava a qualidade do relacionamento. Não é muito legal quando você só consegue falar com o namorado por vídeo calls (seu pavor de falar por telefone persistia) durante a semana, e fim de semana, grande parte do tempo vocês estão em companhia dos amigos. Ou seja, sem poder dar uns pegas (por minha culpa, eu sei, ok?). Nosso tempo para ficar juntos estava bastante reduzido.

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