Cap. 36 - Vem comigo.

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Dica: leiam com as músicas!


Acordei sentindo a respiração de Led em meu pescoço. Era a única coisa quente em todo aquele cenário, já que o frio tomava conta de mim. E os pés de Led tentando se aquecer nos meus não ajudavam muito. Mas era o preço a ser pago pela grande surpresa da noite anterior.

Não me perguntem como, mas na noite anterior, Edu havia me preparado uma surpresa. A maior de todas, na verdade. Um jantar à luz de velas, seguido de uma sessão de cinema e uma sessão maravilhosa de sexo. Eu sei que vocês estão pensando "nossa, que mega surpresa, aquilo que vocês já fizeram milhares de vezes". Mas daquela vez, nós tínhamos feito tudo aquilo sem sair do lugar. E o lugar no qual tínhamos feito era o terraço. O nosso terraço.

Eu não fazia ideia de como ele havia conseguido criar um ambiente de restaurante, com mesas, cadeiras, flores, velas, comida e até atendimento no terraço de um shopping. Eu não fazia ideia de como ele havia conseguido colocar um projetor e caixas de sons tão potentes que me fizeram achar que eu estava em uma sala de cinema a céu aberto. Eu não fazia ideia de como ele havia conseguido colocar uma cama no terraço! E mesmo quando eu o perguntei como ele havia feito tudo aquilo, sua única resposta foi:

- Você não vai querer saber.

Mas no fundo, eu desconfiava. E de uma coisa, eu tinha certeza: envolveu muito dinheiro. Mas daquela vez, havia sido um gasto muito bem investido.

Mas como alegria de pobre dura pouco (e naquele caso em específico, a alegria do rico também), o dia seguinte chegou e, com sua chegada, tudo aquilo seria transformado em mais uma lembrança dentre as incríveis que tive com Eduardo.

- Amor, acorda. – disse, sacudindo Led, que apenas resmungou em resposta. – Anda, está na hora de levantar. A gente tem que ir para o aeroporto.

- Ah, só mais um pouquinho. – ele respondeu, sem abrir os olhos, mas com os braços bem conscientes me puxando em sua direção. – Tá frio pra caralho.

Ele poderia ter feito toda aquela surpresa no terraço, mas seu dinheiro ainda não controlava a temperatura do Rio de Janeiro.

- Claro que está frio, Edu, a gente está dormindo no terraço! – assim que proferi essas palavras, seus olhos abriram surpresos, como se tivesse esquecido daquele detalhe momentaneamente. – E a gente precisa sair porque daqui a pouco o shopping abre e a gente tem muita coisa para organizar hoje ainda! Anda, vamos!

Falei isso e puxei seus cobertores, fazendo-o tremer de frio e soltar um palavrão alto. É claro que ele estava com frio, ele havia dormido completamente nu.

Aproveitei para fazer uma foto mental daquele corpo. Zeus, eu sentiria falta daquele corpo!

Terminamos de nos arrumar e saímos do shopping no carro de Led, seu xodó. Durante todos os dias antes da viagem eu ouvi o quanto ele sentiria falta daquele carro. Se eu fosse um cara ciumento, isso teria rendido sérios problemas a ele. Mas como eu era um filho da puta, eu só aproveitava para caçoá-lo.

- Pois é, imagina que lata velha ele vai estar quando você vier para o Brasil? – eu perguntava e isso fazia seus olhos marejarem genuinamente, a ponto de me fazer gargalhar. E ele me xingava a vida após minhas sessões de tortura psicológica envolvendo seu automóvel.

Voltando ao nosso cronograma, o primeiro passo era ir para o apartamento de Led.

Chegamos em sua casa, que havia me recebido mais que o normal nas últimas semanas, para encontrá-la um caos. As consequências da festa de despedida ainda residiam lá. Os copos espalhados pela cozinha, os pratos esquecidos na mesa de centro da sala. As risadas ainda ecoavam na memória. Led havia achado melhor assim. Nada de despedidas no aeroporto. Alguns dias antes, faríamos uma reunião com os amigos, a família e pronto. "Não tem ninguém morrendo", ele falava. 

Vem Comigo (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora