Cap. 31 - Vamos ficar na merda juntos.

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- Puta merda! Dessa vez a gente se superou! – eu disse, vendo-o abrir um sorriso ao ouvir meu comentário.

- A gente sempre se supera!

- Verdade. Mas dessa vez você estava inspirado!

- É só para você lembrar que você vai sentir muita falta disso. – ele me disse, sem olhar diretamente em meus olhos. Mas ele estava certo. Talvez eu fosse sentir muito mais falta dele do que eu estava querendo acreditar que iria.

- Sentir falta por quê? – perguntei, abraçando-o enquanto estávamos enrolados entre lençóis em minha cama. – Agora que você voltou, eu vou ter bastante tempo para matar as saudades em antecedência.

Samuel não respondeu, mas eu conhecia muito bem meu namorado. Se ele estivesse feliz com o comentário sobre passarmos o restante do mês juntos, eu saberia. Ele não precisaria falar nada. Apenas a expressão em seu rosto, seu olhar de felicidade em minha direção seriam suficientes para me dizer que ele também estava feliz de estar estarmos ali.

Mas daquela vez, ele não me olhou. Sua expressão não era a que eu esperava.

- O que foi? – perguntei a ele, desconfiado. Aquele olhar que volta e meia ele dizia que eu lançava tentando ler sua alma.

- Nada, ué! – ele respondeu, saindo de seu estado de devaneio e sorrindo para mim.

- Samuel...

- Não foi nada, Led. Fica tranquilo. Vamos dormir?

- Dormir? Eu tinha outros planos... 

Ah, se eu não tinha!

- Led, gente precisa dormir! Tem quase 48 horas que eu não durmo!

- Tá, tá... Mas quando a gente acordar, esteja pronto! – brinquei.

Mais uma vez, ele apenas sorriu em resposta e se aconchegou em meus braços. E quando ele o fez, eu percebi o quanto havia sentido falta daquele cheiro de xampu dos seus cabelos e do aroma suave que eu sentia quando cheirava seu pescoço.

Aquele cara havia se tornado meu vício.

E pensando nisso, com nossos braços e pernas entrelaçados, caí no sono.

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Não pude dormir, mesmo que aquela situação fosse exatamente a que eu estava esperando após tanto tempo. Era incrível como mesmo após tudo o que havia acontecido, a forma como havíamos terminado, o fato de que ele iria embora, tudo parecia ser ignorado por Eduardo. Ele simplesmente agia como se esse último mês fosse como o resto de nossas vidas. Como se um mês não fosse mais que um segundo.

E no fim, nós não faríamos nada diferente nesse tempo. Nós ficaríamos juntos, transaríamos, teríamos nossos momentos de romance... E quando ele fosse embora, eu teria que aceitar.

Era isso.

Eu não sabia até que ponto Edu sabia disso, mas ficar com ele esse último mês tratava-se apenas disso: aceitar a ida dele.

Quando o conto de fadas terminasse, eu teria que levá-lo até o aeroporto e fingir que estava feliz por ele ir. Afinal, estivemos juntos por todo o mês, não? Como eu poderia de última hora voltar atrás e dizer a verdade: que eu simplesmente não estava bem com tudo aquilo? Que ele iria me deixar para trás e parecia fazer aquilo como se fosse descartar um livro de infância da estante?

E se eu aceitasse, ainda haveria a parte que eu não poderia reclamar. Afinal, se eu aceitei estar com ele durante o último mês sabendo que ele iria embora, seria como assinar um contrato com a cláusula do silêncio, não?

Vem Comigo (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora