Epílogo - Sem chorar, sem olhar para trás.

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Até que chegamos ao dia de hoje. O dia em que eu viajo para encontrar o Edu. Estou aqui no aeroporto esperando para entrar no avião e encontrar ele enquanto escrevo essas palavras finais para vocês.

Não vou mentir não. Esse tempo longe não tem sido fácil. Foram vários os dias em que eu quis simplesmente enviar uma mensagem e dizer "olha só, já deu, não é?" ou "melhor pararmos por aqui". Mas aí eu lembro da caixinha guardada na minha escrivaninha ou deito na cama do seu apartamento e sinto seu cheiro e, ao acordar, leio a mensagem escrita no espelho do banheiro, nunca apagada. E aí eu lembro o quanto eu amo esse cara.

Vocês estão doidos para saber o que a mensagem dizia, não é?

Mas não conto. Essa é uma mensagem só minha e dele.

Mas deixem eu atualizar vocês sobre esse último amo sem o Edu.

Minha mãe tentava cumprir a promessa de tentar lidar da melhor maneira com a minha sexualidade. Ela resolveu começar a terapia e adquiriu um bocado de livros sobre "como lidar com seu filho gay". Eu achava divertido, já que no fundo achava que essa literatura não serviria para muita coisa. Serviu pelo menos para que nos aproximássemos. Sentia que tinha um pouco mais de intimidade para conversar com ela sobre o que acontecia na minha vida. Ainda não era perfeito mas estávamos no caminho certo. O problema com ela agora eram suas reclamações constantes de como eu não ia em casa para vê-la, não ligava, não dava sinal de vida... O drama da mãe sofrendo da síndrome do ninho vazio.

Meu pai, por sua vez... Bem, o esforço dele não era tão grande quanto o da minha mãe. O que dificultava nossa relação. Com ele, e fui embora de casa e foi isso. Não tínhamos muito contato depois que eu saí. Engraçado que quando saí do armário, achei que no fim ele fosse ficar mais próximo de mim que minha mãe. A vida é uma caixinha de surpresas, Joseph Climber.

Luana e Rafa continuavam o casal inabalável. Aqueles ali eram endgame com certeza. Estava para nascer casal mais discrepante que funcionava tão bem. Luana estava para terminar a faculdade que fazia com Nina e depois... Bem, aquela ali já tinha emprego garantido. Não que ela precisasse se preocupar, não é?

Herdeiros.

Não haviam motivos que tirassem o sorriso do rosto da minha cunhada favorita. Depois de Helena ter se curado completamente do câncer então... Quer dizer, até tinha um: aparentemente sua mãe e o médico responsável pelo tratamento dela começaram a se envolver. Foi meio que uma surpresa para todos. Quando perguntei se Led sabia, a resposta dela foi "não, e você não vai contar! Se ele ficar sabendo disso, ele vai cometer uma loucura!".

Rafa, por sua vez, durante todo esse tempo estava guardando dinheiro e no fim das contas, entrou com um pedido de parceria na Tribos. Pois é, agora ele era um dos donos da nossa boate favorita. E agora ele queria mais. Ele e Luana brincavam que seriam os donos da noite carioca. Frank e Claire Underwood que se cuidassem.

Thaisa e Nina, entre seus altos e baixos, finalmente haviam marcado a data do casamento. Seria logo após a nossa graduação. Como entramos na mesma época na universidade, terminaríamos praticamente na mesma época, e como as duas também já estavam bem encaminhadas profissionalmente, foi o passo lógico a ser dado. Eu nunca vi Thaisa tão feliz quanto no dia que ela me ligou para contar a novidade. E pensar que tudo começou com Thaisa chorando as mágoas comigo de como Nina a ignorava. 

Isso parecia ter acontecido há milênios atrás. Elas já até falavam em ter um filho.

Não vou mentir: a ideia de elas pensarem em ter filhos me apavorava um pouquinho. Quer dizer, a gente ainda nem tinha se formado! 

Vem Comigo (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora