Cap. 5 - Eu não vou com você!

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Minha situação financeira, assim como de meus amigos, nunca foi ruim. Todos morávamos bem, tínhamos estudado em uma boa escola, para em seguida, sermos aprovados em uma boa universidade. Eu tinha ganhado um carro ao ser aprovado para Jornalismo, assim como minhas amigas. Diferentemente delas, nunca havia viajado para fora; mas caso quisesse não seria impossível. Posso dizer que, apesar de ser extremamente dependente financeiramente de meus pais na época, vivia em uma situação extremamente agradável do ponto de vista financeiro.

A realidade financeira de Eduardo, no entanto, estava além da minha compreensão. Seu carro não era um carro qualquer; famílias de classe média-alta até podem presentear seus filhos com carros populares quando estes são aprovados no vestibular ou atingem a maioridade, mas esse não era o caso. O carro de Led ultrapassava o nível do valor aceitável de presente que pais dariam a seus filhos adolescentes. E isso só poderia significar duas coisas: ou seus pais possuíam um nível econômico bem acima da população em geral para presenteá-lo com aquele automóvel ou ele havia pegado o carro emprestado de um dos pais. O que indiretamente não invalidava a primeira hipótese: com o tempo eu descobri que ele tinha dinheiro pra caralho. Ou como Nina sempre me diz "ele é convenientemente rico!".  

Após indicar o caminho, seguimos em direção a minha casa. Sem a permissão do dono do veículo, diminui o volume do som e troquei a música para um ritmo mais calmo, que antes tocava um som bem hardcore.

- Por que você diminuiu o volume?

- Porque sua irmã está dormindo.

- Ela está apagada! Nem uma bomba acordaria ela!

- Não importa, é falta de consideração colocar o rádio para berrar assim. Não tem necessidade. – critiquei com ar de superioridade, como se estivesse lhe dando uma lição. Apenas pelo prazer de alfinetá-lo. Esse acabaria se tornando um dos meus hobbies favoritos.

Ele me encarou, desviando os olhos do caminho por alguns segundos. Abriu então aquele famoso sorriso de canto e continuou:

- Mas não é falta de consideração ouvir a música que eu estava ouvindo. Por que você mudou?

- Simples: porque aquela era ruim demais!

Led gargalhou com a minha resposta, o que me faz rir também.

- Depois eu que sou abusado! – comentou, ainda rindo. – Se não fosse a regra que eu tenho, você estaria em sérios problemas agora.

- Que regra?

- Eu tenho uma teoria: você só conhece uma pessoa depois que conhece o gosto musical dela. Então quando eu dou carona a alguém, a regra é deixar a pessoa escolher as músicas. Assim eu tenho uma noção do que ela gosta e, consequentemente, de quem ela é.

- Sério? Então pelo seu gosto musical, você deve ser uma pessoa horrível! – sacaneei, rindo da expressão de desprezo que ele me lançou. Continuei:

- Eu tenho essa mesma teoria, só que para filmes.

- Sério?

- Sim. Eu acho que os filmes favoritos de uma pessoa dizem bastante sobre ela. Falando nisso, qual seu gênero favorito?

Ele pareceu pensar um pouco.

- Acho que ação trash e filmes B.

- Tarantino e companhia?

- Isso aí.

- É, você parece fazer esse estilo mesmo.

- Eu devo parecer um clichê ambulante para você, não é? - perguntou, novamente se virando para mim com um olhar curioso.

Vem Comigo (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora