Cap. 2 - Quem se chama Led?

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Meu Zeus, que cara idiota! Quem ele pensa... Como ele se atreve... Que filho da... Eu sequer conseguia terminar meu raciocínio de tantos xingamentos e maldições que surgiam em minha cabeça. Por um minuto eu até consegui esquecer o que havia ocorrido no início do dia com meus pais.

Eu ainda não havia comentado com as meninas minha saída do armário e consequente briga com eles - o que me lembra de comentar aqui com vocês: minhas amigas já sabiam sobre minha orientação sexual. 

Elas estavam tão empolgadas com o aniversário da Nina que não tive a oportunidade de comentar com elas o que ocorrera. Na verdade, também não considerei justo "roubar" a atenção delas para o meu problema. Depois que tudo isso passasse e eu finalmente contasse a elas o que houve, a reação já seria esperada: elas provavelmente brigariam comigo, alegando o de sempre: "você não tem que esperar a gente perceber que você tá com algum problema e vir te perguntar o que aconteceu. Você tem que confiar na gente!".

Mas vejam bem, não é que eu não confiasse nelas. Confio minha vida a elas. Eu só achava que ninguém tem que ficar se doendo por minha causa: eram meus problemas e de mais ninguém. E com relação a esse problema especificamente, eu lidaria quando chegasse em casa. Hoje era o dia de Nina e ninguém tiraria isso dela.

- Amigo! – ouço uma voz familiar. Era Thaisa. Hora de apresentá-la a vocês. 

Foi a última a ingressar em nosso quarteto: Mabel, Nina, Thaisa e eu. Vocês não devem contar o João. Esse era exclusivo MEU.

Meu A-MI-GO, gente, não pira não.

Quando conheci Thaisa no segundo ano do Ensino Médio, ela era nova no colégio e precisava de companhia. Eu, por motivos do destino, Murphy, insira aqui qualquer nome que o azar pode ter, não fui selecionado para ficar na mesma turma de Nina e Mabel, como acontecia nos últimos 3 anos. Logo, também estava sozinho em uma turma em que conhecia a maioria, mas não tinha intimidade com quase ninguém. 

Acabamos nos aproximando, como era de se esperar. E desde então tenho sido seu conselheiro de moda, confidente sobre problemas amorosos e protetor contra idiotas que se aproximavam com segundas intenções. Ela nunca percebia a malícia por trás do papo mole dos marmanjos. Eram daqueles que acreditam que para beijar alguém é necessário somente uma pegada na cintura e meia dúzia de palavras grosseiras. E ela, em sua inocência, esbanjava simpatia para tipos como esse. Então eu me sentia como uma espécie de "pai" dela, defendendo-a do mundo, mas ao mesmo tempo, tentando preservar aquela pureza e seu sorriso solto.

Thaisa talvez fosse a mais bonita do grupo. Aquele tipo de beleza que só a genética pode trazer. Até porque não era nada vaidosa. Camisas sempre muito largas para seu corpo bem desenhado, cabelos sempre presos, um jeito inegável de moleque, do tipo que amava futebol e berrava palavrões que me deixavam envergonhado. E ainda assim sua beleza e feminilidade conseguiam atrair atenção onde quer que fosse. Não havia um único homem, gay ou hétero, que não parasse por um momento para apreciar sua beleza. Só havia uma questão: esses caras poderiam tentar o quanto quisessem, eles não faziam o "tipo" de Thaisa. No caso, o tipo de Thaisa exigia seios volumosos e cintura fina.

- Oi, amiga. Cadê Nina? – perguntei, querendo encontrá-la logo para esclarecer a dúvida de quem era o babaca que estava em sua sacada e de que inferno ela o havia tirado.

- Sumiu. – respondeu Thaisa, com a voz subitamente enraivecida.

- Como ela sumiu da própria festa?

- Pois é, sumiu com um dos "amigos" de faculdade. – respondeu, sinalizando as aspas com a mão. A dor causada pelo ciúme era perceptível na voz de Thaisa.

Deixem-me explicar. Thaisa era perdidamente apaixonada por Nina desde o momento em que pôs os olhos sobre a outra. Mad crazy love, daqueles de filme. Mas também, o que não era "de filme" para mim?

Vem Comigo (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora