- Eu? Na sua casa? – perguntei, completamente descrente de seu pedido.
- É. Vamos lá, guarda o carro que eu te levo.
- Você está louco? – a normalidade com a qual ele falava aquilo me fazia duvidar de sua sanidade.
- Louco por quê? Eu nem te beijei aqui no meio da rua! – ele brincou.
- E nem vai! – parei-o enquanto o via se aproximar cheio de segundas intenções. – Como assim ir para a sua casa?
- Ué... dormir lá... – a cara safada que ele fez não me enganou nem um pouco. Dormir era uma das últimas ideias que passavam por sua cabeça.
- Claro que não! Hoje é quarta-feira! O que eu falaria para os meus pais? E sua família? Eu nem conheço sua mãe! Como iria aparecer na sua casa do nada para dormir?
- Minha mãe está na Alemanha nesse momento, além de não ter problema nenhum em eu levar gente para casa. E minha querida irmã decidiu passar a noite no apartamento do seu amigo Rafael. - Parecia que depois dessa decisão de Luana, toda a amizade desenvolvida ao longo da noite por Rafael e Eduardo havia ido por água abaixo. – E com relação aos seus pais, isso é problema seu. Inventa qualquer coisa, mas vai rápido.
- E você acha que é simples assim?
- Ouve só, hoje a noite eu me comportei. – essa frase me fez rir, mas ele ignorou. – Não fiz nada do que estava com vontade de fazer só para respeitar a sua vontade. Por mim eu teria feito outras coisas durante aquele filme chato. Mas não fiz. E você me deve essa.
Talvez ele tivesse razão... ou talvez qualquer motivo fajuto servisse como a desculpa perfeita para passar a noite com ele.
Não adiantava negar: dormir com ele era o que eu mais queria naquele momento. Havia tantos empecilhos, entretanto, que a ideia parecia surreal.
A começar pelos meus pais. Só a ideia de tentar convencê-los a passar uma noite de semana fora já me causava frio na barriga, e não daqueles bons. Mas estava disposto a enfrentar. Eduardo queria estar comigo e essa vontade era recíproca. Todo o esforço de alguma maneira seria recompensado.
- Ok. Espera aqui que eu já volto. E o filme era ótimo, tá? Eu que escolhi!
- Por isso mesmo! – ele ria enquanto eu fazia um gesto obsceno com o dedo para ele.
No elevador, fiquei pensando na melhor desculpa para dar a meus pais que pudesse justificar minha noite fora de casa em plena quarta-feira. Pensava em todos os meus amigos e em como era mais fácil para eles ter pais que não se comportavam de maneira tão obsessivamente protetora quanto os meus. Nada do que eu pensava para escapar naquela noite parecia razoável. Eu teria que apelar.
- Mãe... eu vou precisar dormir fora hoje, ok?
- Mas não vai mesmo! – eu até achava divertido quando ela começava negando sem nem saber o motivo do meu pedido. – Precisa dormir fora por quê?
- Tenho que entregar um trabalho em grupo essa semana e meu grupo é muito desorganizado e deixou tudo para última hora.
-Ah, e você não é não? Deixou para última hora porque quis! Agora precisa ficar virando a noite e...
E por aproximadamente mais quinze minutos eu ouvi sermão sobre ser irresponsável e deixar as coisas para última hora.
- E você vai para a casa de quem, posso saber?
- Do Eduardo, mãe. Meu colega de faculdade. – menti.
- Espero que esse garoto seja uma pessoa de bem. – é claro que a alfinetada não poderia faltar.
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Vem Comigo (Romance Gay)
Romance"Minha história não é mais uma dessas com final feliz. Até porque minha história não acabou. Ou pelo menos é o que quero acreditar."