18- Lily

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Não me pergunte oque me levou a fazer aquilo. Oque me deu na cabeça para, quando o fiz, sentir quase um desejo excepcional por ele, sentir quase que meu coração dependia dele para bater, que meus pulmões dependiam apenas da quantidade ínfima de oxigênio respirável que ele largava pelas narinas para continuar trabalhando normalmente.

Parecia que o conhecia há muito tempo, e que 100% desse tempo fora esperado para fazer isso, quando, na realidade, eu o conhecia há pouco tempo e menos de 25% dele foi esperado para fazer isso.

Era quente. E as mãos dele faziam um ótimo trabalho desarrumando minha trança, acabando com cada fio mais ou menos decente dos meus cabelos horrorosos, mas que, nas mãos dele, sob posse dos seus dedos, pareciam inacreditavelmente lindos. Quase que perfeitos.

Com Lucas fora diferente, quer dizer, no colo dele fora praticamente o mesmo que deitar no colo de Victor para desabafar; como se ele fosse meu melhor amigo. Markus não lembrava nem um pouco meu melhor amigo. Só na parte do humor.

- Ahn... É... A... O... Semáforo abriu.- Ele disse, acabando com o meu total estado de torpor. Torpor? Eu disse torpor? Não, é porque isso só acontece com pessoas apaixonadas e... Ah, deixa. Nessa altura todo o Universo deve ter percebido.

- Ah, é. Verdade, mesmo.

Aí eu levantei do colo dele e ele estava olhando para a minha cara. E ele ficou vermelho. Isso. Pela primeira vez, ele ruborizou ao olhar para mim. Acho que não ruborizei, afinal, não senti minhas bochechas queimarem. Isso vem acontecendo há algum tempo. Nossos olhares, eles se chocam e se repelem quase que instantaneamente. Como se não suportássemos nos encarar simultaneamente por muito tempo. Isso me causa arrepios e borboletas no estômago. E devo confessar que, quando estamos afastados, sinto como se faltasse um pedaço da droga do meu coração vulnerável. Se bem que nunca estamos literalmente afastados.

No começo, lembro que ele me encarava com as sobrancelhas arqueadas, daquela forma que os garotos te olham quando acham que são completa e absolutamente superiores a você, agora parece ter mudado bastante. Os olhos dele brilham mais e as sobrancelhas são posicionadas de forma normal, e ele não estreita mais os olhos. Isso significa alguma mudança de opinião sobre mim? Estou confusa demais. Preciso de um banho. Ops, hora errada para se pensar em banho.

- Chegamos.- Ele disse, parando o carro em uma vaga qualquer de um estacionamento que não havia percebido que entráramos.- Ela... Ela é meio estranha, mas voe se acostuma depois que conversa com ela. Ela vai pedir para ler sua mão. Deixe, mas não acredite em nada do quê ela disser. Ela inventa. E é comprovado que não funciona porque ela lê a minha todos os dias. E todos os dias a previsão é diferente.- Ele riu, o acompanhei. Estava parcialmente disposta a ouvir o quê ela diria. Às vezes os chutes acertam realmente.- Preparada?

- Sempre.

Saímos do carro e entramos pela porta dos fundos da clínica, como aquelas que existem no Wal-Mart. A clínica era um lugar incrivelmente bonito, havia uma piscina com deque do lado de fora, cercada de bancos, flores e árvores. Haviam algumas pessoas meditando, sentadas na grama, mas elas não pareciam tão felizes quando realmente deveriam estar em um lugar daqueles...

Havia uma mulher loira, de cabelo esmigalhado, solitária sentada em um dos bancos no deque da piscina, assistindo as pessoas gastando seu tempo em meditação. Onde é que ficavam as salas recreativas com jogos de sinuca e TVs com canais pornô?

- Oi, mãe...- Ele parou ao lado da mulher loira, com uma mão no ombro dela. Me perguntei se ele fazia isso com todo mundo. Ou com todas as mulheres... Lily, fala sério, é a mãe dele, por que o ciúme agora?!- Está se sentindo melhor?

Se As Estrelas Contassem HistóriasOnde histórias criam vida. Descubra agora