31- Markus

92 11 7
                                    

Contamos aos nossos pais ao mesmo tempo. Eles entenderam. Eles não falaram nada. A mãe de Lily a abraçou. Meu pai acariciou meus cabelos consoladoramente. Eles disseram que poderíamos fazer algo para resolver isso. Eu voltei para casa. Lily conversou comigo até de madrugada pelo celular e me mandou uma foto de um suéter com uma grande letra L, o suéter era de lã e fora dado pelo Lucas. Oque me deu uma grande ideia que eu coloquei em prática às três horas da manhã, caindo de sono.

Inicializei o computador com o meu pai do lado após explicar para ele – que já havia ido dormir mas que acordara para ouvir o plano e não o aprovara mas dissera que, como o problema era meu, eu deveria fazer oque fosse preciso para resolvê- lo, aí ele ficou do lado para me ver fazê- lo – a fabulosa ideia (que não era algo muito elaborado, mas era só o começo de uma grande vingança), passei a foto para o computador e fiz uma montagem com ela e uma foto feia do Lucas em uma rede social qualquer – tive que procurar por muito tempo uma foto feia dele sorrindo de um jeito psicopata porque o desgraçado era bonito – e escrevi o seguinte: COMO NÃO GANHAR O BEIJO DE UMA GAROTA E SER GAY AO MESMO TEMPO:

PASSO 1: PRESENTEIE- A COM UM SUÉTER COM A PRIMEIRA LETRA DO SEU NOME PORQUE, SE ELA ESQUECER – AFINAL VOCÊ É INSIGNIFICANTE – ELA PODE OLHAR NO ESPELHO E SE LEMBRAR DO SEU NOME. OU DE QUALQUER UM QUE COMECE COM A LETRA DO SUÉTER...

Abaixo havia as imagens.

Quando eu reunisse mais fatos haveria o passo dois e assim por diante. Tudo era questão de tempo.

Imprimi setenta cópias e arrumei o despertador para mais cedo para chegar na escola e colar tudo aquilo no corredor e colar uma ou duas em cada sala de aula. E talvez umas cinco na sala dele...

Será que o Lucas ficaria bem de verde?

...

Era incrível andar pelos corredores com Lily Melody McLary e admirar Lucas ser zombado por onde passava. Era legal ver as pessoas ignorando nossa presença para poder tirar com a cara dele que, por onde passava arrancava as folhas das paredes. Era bom ver o sorriso no rosto de Lily e o olhar de confiança recuperada dela.

E foi menos bom quando Lucas chegou na minha frente e disse:

- Eu sei que foi você.

E partiu. Não disse mais uma palavra, andou pelos corredores o dia inteiro com a cara fechada e, no fim da aula, o encontrei no ginásio batendo com fúria e um saco de boxe. Quem segurava era Sue, uma garota do terceiro ano que ficava com os caras do MMA do colégio. Pelo que se sabia, na semana passada ela ficou bêbada em uma festa e fez sexo com três caras. Ao mesmo tempo. Se é que isso é possível.

Lucas não me viu, nem a mim nem à Lily, por isso saímos o mais rápido possível dali e fomos para a biblioteca.

- Foi legal aquilo do suéter.- Ela me disse, com o meio sorriso de sempre brincando em seus lábios enquanto ela falava

- Não foi? Foi bom vê- lo daquele jeito.

- Foi ótimo.

Eu me sentei em uma daquelas enormes mesas redondas da biblioteca que é sempre cheia de marcas de tesoura, como se o próprio Edward Mãos de Tesoura tivesse sentado ali e começado a passar os dedos pela mesa aleatoriamente.

Lily, é claro, como estava em uma biblioteca, não se sentou, passava os dedos e lia as lombadas dos livros, até que um chamou sua atenção. Ela pausou a caminhada, entortou um pouco a cabeça para o lado esquerdo e, delicadamente, como se fosse uma relíquia, algo raríssimo, puxou o livro da prateleira.

Daqui da mesa não posso ler o título afinal, ele está um pouco apagado pelo tempo e pelo uso. É um daqueles livros de couro marrom que exalam magia enquanto se lê. Era bonito.

Se As Estrelas Contassem HistóriasOnde histórias criam vida. Descubra agora