25- Markus

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Quando ela saiu correndo pela porta da cozinha, foi como se tivesse levado com ela toda aquela emoção do beijo, todo o calor do ambiente, todo o frio na barriga que as mãos dela nos meus ombros me provocavam. Foi como se minhas chances de tê- la corressem porta à fora e eu não pudesse correr atrás porque as chances se assustariam e eu teria ainda menos maneiras de obtê- las de volta.

- O quê aconteceu aqui, Markus? Ouvi grito se... Melhor limpar.- Ele disse quando viu a cozinha naquele estado.- Por que ela saiu correndo? Por acaso você fez aquilo que eu disse para não fazer?

- Se você está se referindo a beijá- la, então sim. Eu fiz isso.

- Markus, você é muito idiota. Por favor, repita oque eu te disse...

- "Não a beije antes que ela tome iniciativa, ela vai achar você um safado corrompido e,por favor, não agarre a cintura dela e blá, blá, blá..."

- Então você lembra e não cumpriu minhas expectativas?

- E você por acaso pensa em alguma coisa quando vê lábios extremamente próximos ao seu? Por acaso a única coisa que te ocorre é beijar esses lábios? E, por acaso mesmo, os lábios correspondem seus movimentos e a única coisa que passa pela sua cabeça é continuar e encostar nela ao máximo porque pode nunca mais se repetir? Se a resposta for "não" para a primeira e "sim" para o resto, então você realmente é meu pai.- Eu disse enquanto esfregava o fogão com toda força possível, tentando colocar toda a minha raiva naquela esponja de modo que fizesse algum efeito no queimado. Estava fazendo.

- Bem, filho, você tem razão. Mas continua sendo um idiota. E depois disso, tenho certeza quase absoluta que não irá se repetir. Sinto muito, acho que você a perdeu.

- Não há uma única mulher no mundo que não possa ser reconquistada.

- Há, sim. Há, Markus. E se continuar pensando assim, você vai se ferrar bonito com todas elas.- Larguei a esponja longe e deixei meu corpo escorregar no ar para o chão. Nada estava sendo como eu planejava.

- Então o quê eu faço?!- Praticamente gritei. Meu pai espirrou e piscou para mim.

- Você sabe oque precisa fazer.

- Se soubesse não perguntaria!

- A mochila. Use certo.

...

- Agora?- Perguntei, pela milésima vez. Meus pais estavam sentados no sofá da sala, os dois unidos tentando me fazer ir até a casa dela e reagir a tudo isso.- Mas agora? Precisa ser agora?

- Mais uma vez a idiotice do seu filho se torna evidente. Diga algo feminino que o convença.

- Mulheres gostam de insistência. Corra atrás e elas corresponderão. Pegue essa mochila e vá, imediatamente.

- Sério que essa é sua melhor palavra feminina, mãe?

- Ah, por favor! Vá logo, Mark! Se ela beijou de volta ela não tem tanto nojo de você.- Ela apoiou, com um braço erguendo a mochila e o outro fazendo um sinal de positivo.

- Mas ela fugiu de mim!

- Eu desisto! Parece aqueles garotinhos de oito anos que não sabem como reagir quando uma garota fala que gosta deles. Markus, ela deixou aberto na sua cara que gosta tanto de você que tem até vergonha de demonstrar com um beijo e demonstrou fugindo! Ela é uma garota e você já tem dezesseis anos, vire homem de uma vez por todas.- Meu pai disse, colocando à força a mochila em minhas costas e me empurrando em direção à porta.- Boa sorte!

Se As Estrelas Contassem HistóriasOnde histórias criam vida. Descubra agora