Lobo na pele de um cordeiro

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Acordei com o telefone tocando, segurei o aparelho e apertei os olhos para focar a visão no leitor. Era Isaac.

— Alô?

— Leah — falou Isaac — da para você se arrumar mais cedo?

— Claro — respondi — Por que?

— Estou passando ai em vinte minutos para a gente ir a pé para o ponto.

— Ok, vou me arrumar.

Desliguei o telefone e suspirei. Eu sabia que aquele seria o momento da nossa conversa. Isaac disse vinte minutos, bom... Eu não tinha muito tempo, fui para o banheiro, tomei um banho frio para despertar. Fui direto para o armário e fiquei pensativa na porta. Hoje eu queria usar algo diferente. Coloquei uma blusa branca tipo cropped, uma calça preta de cintura alta, uma jaqueta jeans por cima e para completar uma bota cano curto. Desci para a portaria do prédio e percebi que Isaac já me esperava.

— Oi, Leah — cumprimentou — como vai?

— Isaac, não me trate como se não me conhecesse — falei. Ele sorriu e me puxou pelo braço como sempre fazia quando queria me dar um abraço. Suas mãos pousaram no final das minhas costas e eu encostei minha cabeça em seu peito, era tudo tão familiar que eu não consegui conter um pequeno sorriso assim que eu o ouvi suspirar.

— Vamos andando — falou Isaac assim que me soltou. Começamos a andar. Passados cinco minutos e nada tinha sido dito.

— Achei que você estaria lá no hospital — falei, era algo que estava engasgado em minha garganta — digo, quando eu acordasse, como sempre esteve, mas as coisas mudaram pelo jeito.

— Scott estava lá, ele disse que não tinha a necessidade de eu ficar, e eu realmente senti que não tinha. Ele estava tão envolvido quando eu — falou Isaac colocando as mãos no bolso — teve um momento que eu me senti um intruso lá... como se eu tivesse atrapalhando ele a ficar com sua garota e não ao contrario.

— Ah...

— Não precisa ficar constrangida — falou Isaac —Eu e Scott conversamos e ele perguntou se estava tudo bem com... vocês dois. Basicamente conversamos sobre como a nossa amizade ficaria caso ele tivesse permissão.

— O que? — perguntei incrédula.

— Se vocês quiserem ficar juntos, eu não vou interferir ou ficar bravo.

— O que te fez mudar de ideia? — perguntei.

— Bom, eu também estou tentando seguir em frente.

Pequenas facas e agulhas perfuraram meu coração, como se fosse uma mistura de raiva e ciúmes.

— Ah, legal — falei indiferente.

— Então está tudo bem entre nós? — perguntou ele.

— Claro — respondi. Chegamos no ponto de ônibus, Malia estava lá.

— Vocês voltaram? — perguntou ela ansiosa.

— Não, somos bons amigos — respondi.

— Bons amigos — reafirmou Isaac.

— Ah, que pena — falou Malia — Vocês formavam um belo casal.

O ônibus virou a esquina. Já estava entrando quando ouvi a buzina de uma moto, desci um degrau e olhei para fora.

— Ei — gritou Scott tirando o capacete e me lançando um sorriso — Você não prefere ir de moto?

— Claro! Por que não?

O UivoOnde histórias criam vida. Descubra agora