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Partimos para casa sem nenhuma palavra mencionada, nem nos olhávamos era um silêncio fúnebre entre nós dois.
Eu sabia que era o melhor, mas eu me sentia de uma forma ou outra apunhalada pelas costas, traída e era horrível me sentir assim. O carro desligou e o motor foi aos poucos desligando, os sons ficando cada vez mais baixos e eu podia ouvir a respiração de Diego.
- Nina, ao menos olha pra mim! - Ele disse enquanto virava o corpo com dificuldade em minha direção. Virei os olhos e encontrei os dele. - Você sabe o quanto eu te amo? - Ele me perguntou.
- Mas que amor é esse? - Eu me segurava para não chorar .
- Eu te amo, mas não posso ficar com você sabendo que iria colocar sua vida em risco! Por você eu correria riscos e você sabe! Mas eu não colocaria você em riscos Sabrina! Entenda, meu amor é forte mas não me deixa cego, ainda tenho a razão do meu lado e não quero que nenhum mal aconteça com você, se isso significa eu não te ver mais, vai ser assim! - Eu apenas escutava. - Olha, eu fiz uma cagada e eu tenho que consertar. Não posso dizer que é um adeus definitivo, mas é o certo.
Eu não tinha mais nenhuma resposta, nenhum argumento sequer! Minha cabeça explodia por dentro e o meu coração batia tão rápido que parecia que eu ia desmaiar a qualquer instante ou até pior. Eu não me despedi dele, apenas o olhei e abri a porta, sai correndo pra escada de emergência e subi com toda pressa possível, eu sabia que eram andares e mais andares, mas estava sem condições para esperar o elevador!
Eu entrei em casa como um furacão, bati as portas e corri chorando pro quarto.
- NINA! NINA! - Minha mãe berrava e batia na porta.- ABRE ESSA PORTA, SABRINA!
Não houve resposta. Depois de uns 20 minutos ela cansou e eu também, não aguentava mais aquilo tudo, não aguentava saber como e o porque da minha vida ter se transformado um pesadelo imenso. Não me lembro de como e nem quando tudo aquilo havia ocorrido, era terrível pensar que agora eu perderia que eu realmente amava, não tinha nenhum amigo a não ser o Vinicius e que tudo que eu passei e fiz havia sido em vão. Eu me sentia tão ridícula chorando ali, sem eira nem beira, como uma criança desesperada. Mas também não conseguia tomar nenhuma atitude ou decisão.
Pensei por instantes nas minha opções, eu poderia ir com ele, fugir com ele. Mas pensei nos meus pais, o que eles pensariam.. Deixar minha mãe e meu pai sem mais nem menos por um futuro incerto do lado de alguém que só me fez mal por anos?
Por mais que eu amasse Diego, no nosso amor havia certos limites, como em tudo na vida. Mas por mais que eu quisesse tomar uma atitude eu estava acabada, sem eira e nem beira. Ah, destruída. Pensei em deixar pra depois, pensei em dormir e ter certeza de que no outro dia tudo acabaria tão bem e eu acreditaria que foi apenas um pesadelo.
Não!
Me levantei, limpei as lágrimas. Me decidi.

- Mãe! - A recriminei.
- Sabrina, você quer me enlouquecer menina?
- Mãe, eu tenho uma coisa pra dizer. Tomei a decisão muito rápido, então eu não quero que você me pergunte "porque" e muito menos se "você tem certeza".
Ela ficou me olhando com aqueles olhos grandes, na espera que eu abrisse a boca logo e contasse.
- Vou voltar pra São Paulo.
Ela arregalou os olhos como quem dissesse "O QUÊ?", mas não disse nada. Abriu os braços e me aconchegou em um abraço quente.
- É o melhor pra você.

Me coma com carinho - PARTE 2Onde histórias criam vida. Descubra agora