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Passei o dia com o Gui, queria mesmo passar o final de semana com ele Mas ele me alegou que teria que trabalhar no final de semana naquela boate onde nós nos conhecemos. Eu disse que tudo bem a final eu não podia impedi-lo de trabalhar né? Minha mãe dormiria no Alejandro, bela noite pra me deixar sozinha em casa. Fui com Guilherme até o estacionamento, me despedi dele e ele foi embora.
Subi pro meu ap pelas escadas, foi até rápido.
Assim que cheguei no meu andar, Diego estava na porta tirando o lixo provavelmente ele iria descer. Eu até formulei uma monossílaba, mas ele vendo que eu não diria mais nada não me deu ouvidos. Então vi ele desaparecendo no final do corredor, ainda com a cabeça nas nuvens eu entrei no meu ap. Eu realmente não queria aquele clima, não queria que nós ficássemos assim, mesmo ele sendo um cafajeste eu também tinha minha parcela de culpa do cartório. Me sentei no sofá e fiquei assistindo tv pra passar o tempo, pelo menos até que meu sono chegasse.
Por mais que eu tentasse manter a minha concentração na novela das 20:00, meu pensamento não saía do apartamento ao lado. Ouvi a porta dele se abrindo e depois fechando.
- Vou lá! - Falei para mim mesma.
O que eu tinha a perder? Toda poderosa eu caminhei até o apartamento vizinho, toquei a campainha e "inocente" esperei que ele abrisse.
- O que quer? - Ele disse seco.
- Falar...
- Entra, tô te ouvindo.
Ele me deu espaço para que eu entrasse, depois seguiu até a cozinha. Tinha um aroma no ar, ele parecia estar fazendo a janta. Me sentei no balcão e fiquei olhando ele cozinhar, ele parecia saber o que estava fazendo, me surpreendi.
- Você não queria falar? - Ele pegou óleo e jogou em uma panela - To esperando...
Eu respirei fundo e cocei os olhos, nem ao menos tinha pensado no que ia falar. Eu tinha ido lá em um súbito, em um momento idiota.
- Eu quero..- Ele me olhou enquanto pegava um copo com água na pia - .. Mas não sei o que dizer.
Ele me olhou, apoiando as mãos na pia. Os músculos dos seus braços parecia querer rasgar a camisa branca que ele usava, seus olhos estavam enrugados e os lábios de uma finura intensa, de tão comprimidos.
- Então você já pode ir.- Ele me disse seco.
Aquilo bateu como um martelo na minha alma, parecia que tinham cortado fora meu dedo, sei lá. Só sei que doeu. Me levantei do banco onde eu estava sentada e caminhei até ele, que não havia se movido um milímetro sequer; quando olhei mais de perto eu pude ver os olhos deles mareados, um rosto rude tentando esconder as lágrimas. Eu não podia pedir desculpas, estava errada, mas de certo ângulo estava certa! E também não podia exigir nada dele, ele também se encontrava no mesmo impasse que eu.
Ele se virou pra me olhar e deixou escorregar uma lágrima que ele limpou rapidamente, mas não perdemos contato visual. Ele tirou uma das mãos da pia, se aproximando de mim. Eu respirava e nada mais, era a única coisa que eu conseguia fazer.

Me coma com carinho - PARTE 2Onde histórias criam vida. Descubra agora