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Nossas bocas estavam muito próximas e ele me olhava fixamente no olhos, sua boca estava entreaberta e eu ouvia sua respiração ficar cada vez mais forte. Eu o empurrava contra uma mesinha empoeirada que ficava perto do sofá. Ele estava apoiado com os braços para trás, me empurrando de volta. Então, meu coração começou a bater rápido. Eu sabia que estava brincando, mas algo em mim, não. Eu o olhava incessantemente e nem por um instante eu desviava o olhar, nossas bocas estavam quase se tocando, meus olhos já estavam fechados, quando...
- Isso não vai funcionar Nina! - Então ele riu MUITO alto.
Tentei me recompor e voltar ao meu tom de brincadeira, mesmo eu me sentindo realmente atraída.
- Ah! Qual é, cadê o seu espírito esportivo? - eu disse.
- Ah! Ficou no Rio. E ainda está me devendo pelo beijo!
- O quê? Por quê ?
- Já lhe expliquei! Agora, vamos voltar a limpar.. Quero tomar um banho e descansar.
- Ok.Continuamos com a limpeza até não aguentarmos mais. Já estava chegando a noite e eu estava morta de fome e adivinhem... não tinha nada para comer dentro do apartamento. Nem se quer um miojo.
Trágico.
Decidimos sair para comer comida japonesa. Pegamos um táxi na frente do apartamento e fomos até a liberdade. Para que simplicidade de um telefone, se temos o bairro mais nipônico do Brasil em uma cidade? E também o yaksoba de lá é excepcional.
- Não sou muito fã desse tipo de comida! - Disse Vinicius.
- Ué, então porque aceitou logo de cara? - Retruquei.
- Ah, quero mudar uns hábitos. E eu disse que eu não sou fã, não disse que não gosto..
- Chato... - Resmunguei.
Enquanto esperávamos nosso pedido, nós não trocamos uma palavrinha mínima se quer. Havia um clima estranho, um tipo de tensão entre nós dois. Não queria isso de jeito nenhum! Ele era o meu MELHOR amigo no momento, o que me entendia e era compreensivo. Sem contar que eu dividiria o mesmo teto que ele, então era melhor resolver tudo de uma vez.
Assim que as tábuas onde o suchi é colocado chegaram e ele se apossou do rachi para comer eu o interrompi. Coloquei minha mão direita sobre a esquerda dele, e ele me olhou.
- Deixa eu comer! - Ele pediu.
- Vou deixar! Mas primeiro preciso saber o que foi. Eu sei que você vai dizer que não é nada e tal, mas eu te conheço e aí tem. Seja sincero!
Ele não me respondeu ficou me olhando com aqueles olhos grandes. Ele contornava os lábios com a língua, os molhava incessantemente como se procurasse palavras, uma única que fosse. Ele olhava receoso. Eu sabia, porque as vezes ele deixava escapar algumas engolidas a seco. Vinicius não era fácil de se decifrar, mas hora outra era se possível ver as reações latentes.
- Não quero falar disso aqui! - Foi o que ele disse.
- A gente conversa quando chegar em casa? - Eu arqueei um pouco o corpo, como se fosse cochichar.
- Tá! Agora para de falar assim comigo. Estamos parecendo um casal discutindo a relação..- Ele riu e se apossou da comida.

Me coma com carinho - PARTE 2Onde histórias criam vida. Descubra agora