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- Não, amanhã conversamos, vou pegar um táxi e vou para casa! - Ela disse se encaminhando a portaria do meu prédio.
- Tá bom né..
Eu fiquei com ela na portaria até ela desaparecer dentro do táxi na rua escura. As pessoas que ainda tumultuavam a rua me perguntavam se eu a conhecia. Esnobei todos e fui seca pro elevador! A noite era quente e eu estava sem paciência. APENAS, pelo fato de eu ter acordado milhões de vezes em apenas uma noite. Resolvi ir de escadas. No dia seguinte eu reclamaria com o síndico, aquela porcaria de elevador já tinha me causado muita desgraça para apenas um ano.
Parti a subir meus 9 lances de escada. Quando cheguei no terceiro andar eu já estava morrendo, parei e fiquei apoiada no corrimão.
- Preciso parar de fumar..- Disse enquanto colocava a cabeça nos ombros. - Vicio desgraçado!
- Quer ajuda? - Disse uma voz que eu nunca tinha escutado.
Me virei assustada subitamente e acabei derrubando o dono da voz com tudo no chão. Ele rolou uns 3 ou 4 degraus até chegar finalmente na base da escada.
Fiquei apenas olhando, mesmo sendo um tombo feio ,assim que pude ouvir a voz dele de novo soube que ele estava bem.
- Belo jeito de conhecer os vizinhos..- Ele parecia falar sozinho.
- Oi, tá tudo bem? - Eu disse com um sorriso amarelo.
- Se eu não tivesse tomado esse tombo talvez eu poderia estar melhor.- Ele indagou se levantando.
Nunca tinha visto ele no prédio. E encontrar uma pessoa as 4h15 da manhã subindo as escadas não era muito comum pra mim, recebi a apatia dele com prazer. Apesar da ironia ele era bem bonitinho. Vestia uma roupa simples, claro! Eram 4h00 da manhã, ninguém sai por ai essa hora de smokey.
- Já que sei que esta bem, agora, boa noite.- Eu disse retomando meu cruel destino nas escadas.
- Não, espere.. - Ele disse subindo o primeiro degrau.
- O quê? - Eu me virei
- Faça pelo menos um ato de bondade e me acompanhe até o 4º andar! - Ele tinha me dado uma ordem?
- O que você acabou de fazer? - Fiz a pergunta, mas que remetia ao ato dele subir um degrau sozinho.
- Hã? Como assim? - Ele me olhou confuso.
- Não acabou de subir um degrau.
- Sim, e o que tem a ver? - Conhecia esse sotaque, sorri de lado.
- Que se você subiu um, você pode subir o resto tranquilamente. - E sai pela porta de emergência.
Mesmo sabendo que aquele não era o meu andar. Sai no terceiro mesmo e por sorte aquela merda de elevador estava parado lá. Entrei, vi o menino vindo atrás de mim e a única coisa que eu pude ver e ouvir dele antes da porta fechar completamente foi:
E- SOU VINICIUS! - Ele gritou.
Provavelmente, ele tomaria uma multa a seguir. Mas isso não era problema meu!

Me coma com carinho - PARTE 2Onde histórias criam vida. Descubra agora