Um Caminho Para o Inferno

Quinta Parte (VI)

Meu segundo trabalho consistia em invadirmos uma fazenda e matarmos seu dono. Algo bastante simples, segundo Harold. Existia um competidor nos negócios ofendido com o senhor Alvarez; que era mais um velho mexicano que optara por ficar no Texas depois da guerra. E não é que o filho da puta tinha conseguido uma grande riqueza com comércio de algodão para os outros estados? Por um momento me perguntei se Harold não estava tentando eliminar todos os mexicanos ricos da região. Quer dizer, era meu segundo trabalho com ele, e também iríamos prejudicar um mexicano. Não me importava nem um pouco, e nem um dos meus outros companheiros. Queriam apenas o dinheiro. Gostava de acreditar que para mim havia algo mais. Era como se aquilo tudo fosse minha missão nessa vida. Ridículo, eu sei, porém era assim que eu pensava.

Então iríamos entrar na casa do velho Alvarez e iríamos matá-lo. O pagamento seria feito pelo nosso safado empregador após o trabalho estar concluído. Harold disse que ele pagaria trezentos e cinquenta dólares pelo serviço. Pareceu-me bastante bom.

O pilantra que pagava pelo serviço era um comerciante de Tortuga, a cidade onde o desgraçado do tio Herbert morava. Já Alvarez morava em Oldhill, cidade a leste de Green Rock. Harold ordenou que viajássemos depois do almoço, para chegarmos à fazenda após a meia noite. Ele gostava desses horários, era mais chance de sucesso, dizia.

Disse para minha mãe que estava indo trabalhar, e ela aceitou bastante bem. Perguntei-me se ela de fato temia pela minha vida, e fiquei deprimido ao pensar sobre isso.

No meio do caminho, enquanto nós seis cavalgávamos lentamente para Oldhill, Harold nos contou o plano mais detalhadamente.

- A chave de nosso trabalho é Eldred – declarou. Assustei-me, mas não tive tempo de dizer nada, pois ele continuou a falar. – Ele é pequeno, de modo que consegue entrar por uma janela da cozinha.

- Quê? – indaguei um pouco nervoso.

Quando soube do segundo trabalho, meu coração apenas deu um breve sacolejo, e me mantive calmo. Ao contrário da primeira vez. Naquela ocasião minhas pernas até tremiam. Agora não. Tinha ficado bastante tranquilo e até feliz e empolgado com a perspectiva daquilo novamente. Já havia se passado quase um mês desde o primeiro serviço, e sentia falta da emoção e do pagamento. Confesso que nem havia começado com os trabalhos e já estava me tornando um filho de rameira doido por dinheiro. Entretanto, quando Harold contou que eu seria a chave da missão, senti aquela terrível insegurança me assolar brutalmente.

- Isso mesmo. Você será bastante importante – ele repetiu com tranquilidade. Quando viu que eu apenas o encarava com cara de idiota, continuou. – Existe uma pequena janela na cozinha. Ela fica no alto, e dizem estar sempre aberta. Nós o ergueremos e o atiraremos através dela. Você, como o bom garoto que é, cairá silenciosamente feito um gato na cozinha do maldito velho Alvarez. Uma vez dentro da casa, abrirá a porta para que eu e Eustace possamos entrar e explodir aqueles miolos mexicanos.

- A janela sempre está aberta? Como sabe? – perguntou Bill.

Estávamos sacolejando indolentemente sobre nossos cavalos, em uma estrada de terra, com o sol do fim de tarde em nossas costas, alongando nossas sombras à nossa frente. Erámos rodeados por aqueles pastos recheados de rochas daquela região.

- A janela nunca se fecha. – Harold explicou. – Me foi dito por um dos trabalhadores.

Eu apostava que nosso próprio empregador tinha dito isso a ele, porque Harold era bastante preguiçoso. Por ele nós simplesmente invadiríamos a porra do lugar e mataríamos o velho. Ele não era muito sutil.

- E se a janela estiver fechada? – Bill insistiu. Ele vestia um casaco marrom, sujo de terra, e um chapéu negro. Seu rosto bonito olhava para Harold.