-- Temporada 2 -- Capitulo Quatorze

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Cheiro azedo e fétido era o que aquele hospital transmitia. Não que o cheiro fosse totalmente fétido, mas tinha o gosto de remédio. Pode parecer estranho, mas o cheiro do hospital é igual o de remédio. Claro, as pessoas estão doentes.
Meu pé esquerdo movimentava-se para cima e para baixo repetidamente, junto com as minhas unhas que estavam arranhando as costas da mão de Theo.
Ele me fitava constantemente, talvez querendo saber o que eu estava sentindo naquele momento. Nervosismo e medo era a resposta. Medo por alguma coisa que pudesse deixar minha gravidez em status de "risco" e nervosismo por demorar tanto para ser atendida.

— Se acalme. — Theo sussurrou no meu ouvido — Você está começando a me deixar nervoso. Ainda por cima está com febre. — colocou a mão em minha testa e viu o quanto eu estava soando.

— Dizer que estou com febre ou te deixando nervoso não me ajuda nada. — apertei sua mão assim que ouvi meu nome.

Entramos na sala quatro e uma mulher alta e morena estava sentada na cadeira, escrevendo alguma coisa na prancheta.

— Você deve ser Annie, não? — ela perguntou.

— Sou eu. — dei um sorriso e estendi a mão para ela — E este é meu marido, Theo.

— Pois bem. — ela sorriu — Sente-se ali, por favor. — indicou uma cama e se levantou, caminhando até mim. — O que a trás aqui?

— Vomitei o dia inteiro. Tudo bem que pode ser consequência da gravidez, mas está me dando febre e estou com medo de que isso possa afetar minha gestação.

— De fato isso pode ocorrer. — ela disse e colocou o estetoscópio no lado esquerdo do meu peito. — Sua respiração está ótima e os batimentos cardíacos também. — colocou as duas mãos em baixo da minha orelha e pediu para que eu mexesse a boca em.movimentos circulares — Bem, você está com um pequena inflamação no tímpano. Isso pode afetar seu sistema imunológico e deixar que a febre assuma o comando para combater o vírus. Não vai afetar a gravidez, mas é sempre bom ter bastante cuidado.

Ela se afastou e caminhou até a mesa, pegando o papel escrevendo alguma coisa nele.

— Vou te passar um antibiótico e um remédio para diminuir a febre. Não quero que faça esforços, não fique exposta a lugares empoeirados e que tenha bastante cuidado na alimentação. Passarei também um remédio para cortar o vômito. Irá te ajudar bastante. — carimbou o papel e entregou ao Theo — Dois dos remédios pode pegar na farmácia do hospital mesmo e o outro só em particular.

— Obrigada. — deu um sorriso e me levantei da cama.

Ela apenas sorriu e voltou sua atenção para a tela do computador. Theo pegou em minha mão e abriu a porta, me puxando da sala e caminhando até a farmácia do hospital.

— Esses médicos! Nem um atendimento de qualidade e respeito nos ganhamos. —  reclamou. — A partir de hoje, você só vai com a sua médica e ponto final.

— Por que está estressado?

— No carro a gente conversa. — parou na bancada e deu a receita para o enfermeiro, que entregou os dois remédios. Ele agradeceu a tornou a caminhar, dessa vez, não se aproximando de mim.

Cinco minutos depois, estávamos parados em uma farmácia. Peguei minha bolsa, a receita da mão dele e sai do carro, caminhando até o estabelecimento.

— Pois não? — o farmacêutico perguntou, me tirando dos meus pensamentos.

— Eu gostaria desse médio aqui. — indiquei o produto da receita para ele, que se prontificou a pegar o remédio e indicar o preço.

— Está vinte e dois reais e trinta centavos. — disse.

— Aqui. — entreguei vinte e cinco reais para ele e peguei em remédio, guardando o troco e a receita dentro da bolsa.

Assim que virei a esquina, vi que Theo estava no telefone com alguém, totalmente e extremamente irritado. Assim que me viu, seu olhar se suavizou, mas não muito e ele desligou o celular, ligando o carro e dando partida assim que fechei a porta. Coloquei o cinto de segurança em silêncio e liguei o rádio do carro, deixando na música Elastic Heart da Sia.
Olhei para a cidade além da janela e cantarolando baixinho, deixando o som da maravilhosa da Sia me consumir durante todo o trajeto tenso e silencioso até em casa.

Meu marido entrou igual a um furacão em casa e saiu correndo até a área de lazer. Não tive tempo de ver nada, só ele partindo pra cima de seu pai que estava de cabeça baixa e sentado em uma das mesas.
Corri moderadamente até ele e tentei parar a briga, o que foi difícil, pois Josh também tentava revidar no filho. Ansel me ajudou a separar os dois, mas não antes de me ver caída no chão após ser empurrada bruscamente por Josh.
Theo largou tudo e se jogou ao meu lado, perguntando freneticamente se eu estava bem.

— Estou bem. — afirmei, fracassando, pois um enorme ferimento havia sido aberto no meu cotovelo.

Ele olhou para mim e me ajudou a sentar na mesa, voltando a atacar seu pai.

— THEO! PARA! — gritei — ANSEL, FAZ ALGUMA COISA!

Ansel, tentando separar os dois teve um enorme fracasso. Meu pai se juntou a ele e puxou Theo para dentro de casa. Ansel mandou Josh ir embora e ele foi, garantindo sua integridade, antes que o filho voltasse para terminar com tudo.
Jenn entregou Louise para a mamãe e veio até mim, me levando para a sala e pegando um kit de primeiros socorros no banheiro do meu quarto.

— Onde ele está?  — perguntei, assim que ela sentou-se ao meu lado e começou a limpar o ferimento.

— No quarto de hóspedes, esperando a mãe e conversando com seu pai.

— O que aconteceu?

— Não sabemos. Lílian saiu hoje de manhã e não voltou até agora. Josh veio aqui dizendo que queria conversar com o Theo e ficou esperando até ele chegar.

— Theo estava visivelmente irritado no médico. Depois que passamos na farmácia, ele não falou comigo um só minuto.

— Parecia que não era ele. — mamãe comentou, entrando na sala e virando sua atenção para o pai, que descia as escadas, com várias manchas de sangue na blusa.

— Ele quer ver você. — papai disse e foi até a mamãe.

Agradeci Jenn por cuidar do machucado e peguei o mesmo kit, subindo até o quarto de hóspedes. Ele não estava lá.
Fui até o nosso quarto e vi que a porta do banheiro estava entreaberta. Bati na mesma e entrei, me deparando com Theo sentado no chão, com a cabeça entre as pernas.

— Amor? — o chamei.

***


Meus queridos leitores, estou muito feliz com o número de visualizações e estrelinhas.

Se gostou do capítulo e quer saber o que aconteceu com o Theo por ter batido em seu pai, deixe sua estrelinha! 

Um beijo! ♥


Quando Eu Te ConheciOnde histórias criam vida. Descubra agora