-- Temporada 2 -- Capítulo Sete --

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Observei a chuva através da vidraça, sentindo o ar frio atravessar o chão pelo meus pés descalços. Olhei para trás e Theo estava dormindo pacificamente. Já estava escurecendo e nada da chuva passar. Calcei os meus chinelos e sai na varanda, que era coberta e me debrucei no pilar, logo em seguida sentando na cadeira.

Durante muito tempo, esperei para que algo na minha vida acontecesse. Planejei me formar, e isso eu já tenho um ponto. Planejei me casar depois de arranjar um emprego fixo e também já consegui. Agora, o maior sonho do Theo é ter um filho, mas sinto que realmente não estou pronta. Ao contrário das outras coisas, nunca planejei ser mãe, mas agora terei que pensar nisso. Posso destruir o meu casamento que mal começou, por uma besteira da minha cabeça. Será que realmente estarei pronta algum dia?
Me dou muito bem com crianças e agora principalmente, pois estou morrendo de vontade de curtir a minha sobrinha. Não é que eu não queira ter filhos, mas a questão é: como posso dizer a Theo que não posso ser mãe?

Quando tinha dezesseis anos, fui a um médico que me examinou de cabo a rabo e não encontrou nada, exceto o fato de eu ser estéril. Na época fiquei desolada e acabei entrando em depressão, mas depois de muita terapia consegui superar e parei de pensar nisso, mas agora que tenho um marido que sonha em ser pai, sinto que os meus piores medos estão retornando. Se isso acontecer, não sei de posso me recuperar desta vez.

Olhei para o mar e suspirei, tentando afastar os meus pensamentos. Entrei no quarto, fechei a vidraça e troquei de roupa, colocando uma mais quente e caminhando até a cama.

- Amor. - passei a mão no seu rosto - Ei, acorde.

Ele se mexeu e abriu os olhos, fitando o meu rosto logo em seguida.
- Estou indo no restaurante, quer alguma coisa? - perguntei

Ele negou e fechou os olhos, fazendo um biquinho. Dei um beijo nele e sai, caminhando para o elevador.

Me sentei em uma mesa ao lado da janela e pedi o meu jantar, comendo e observando a chuva ao mesmo tempo.
Voltei para o quarto e encontrei Theo vestido, a cama arrumada e um carrinho com comida ao seu lado.

- Pediu comida no quarto? - perguntei, sentando ao seu lado

- Não estava muito afim de descer. - falou - Você jantou?

- Sim. - olhei para o teto - Amor, promete que não vai ficar bravo comigo se eu te contar algo?

- Aí depende. - me olhou - O que você tem para me contar?

Olhei para os lados e depois para ele, respirando fundo e soltando a bomba.

- Eu não posso ter filhos. - falei

- Não, o fato é que você não quer. - deu outra garfada

- O fato é que sou estéril Theo.

Ele engasgou com a comida e me olhou, uma raiva surgindo nos seus olhos.

- O que? Por que não me contou? Isso a gente conta quando se conhece sabia?

- Se eu te contasse no início, você teria desistido de nós? - perguntei

- Eu...eu não sei. - se afastou

- É...você teria. - olhei para as cobertas - Isso muda tudo?

- É claro que muda tudo. - colocou o prato no carrinho e se levantou - Isso com certeza muda tudo.

- Então você vai correndo chamar o seu advogado e pedir os papeis do divórcio?

- Eu não falei isso.

- Mas foi o que pareceu. - me levantei - Sabe como me senti estúpida quando soube disso? Na época eu tinha apenas dezesseis anos e naquele tempo, eu tinha o sonho de ter filhos, mas quando tudo veio a tona, eu me auto mutilei.

Quando Eu Te ConheciOnde histórias criam vida. Descubra agora