Capítulo Quinze

276 17 1
                                    

- Theo?

Ele levantou a cabeça lentamente e me encarou, chorando logo em seguida. Me ajoelhei a sua frente e entrelacei nossas mãos, esperando que ele falasse alguma coisa. Ele abaixou as pernas e as esticou, olhando fixamente para mim. Me sentei em suas coxas, de frente para ele e peguei um algodão com álcool, passando no corte em cima de sua sobrancelha.
Limpei todos os seus ferimentos, colocando um band-aid na maçã de seu rosto e me afastando para examinar o meu trabalho. Ele soltou algumas lágrimas e me puxou para um abraço, me apertando mais do que o normal.

- O que aconteceu? - me afastei e acariciei seu rosto.

- Ele bateu nela. - falou finalmente, tirando de vez minha agonia por vê-lo tão calado. - Meu pai bateu na minha mãe.

Foi um choque, eu confesso, mas sempre soube que Josh não era flor que se cheire. Eu não sabia o que falar, nem o que fazer. Eu apenas o encarava, tentando passar pelo meu olhar, o que eu estava sentindo.

- Eu te amo. - falei.

Ele sorriu apesar de tudo e me abraçou, depositando um beijo na lateral do meu rosto.

- Eu também te amo Annie. Eu te amo e amo nossa futura família. Me prometa que se algo parecido acontecer com nos dois, você irá revidar.

- Você nunca irá me bater Theo.
- Não estou falando nisso, mas nos separarmos.

- Não irei me perdoar se eu te perder.

- Se depender de mim, você não vai. - acariciou meu cabelo e me beijou. Apesar dos curativos, o beijo de Theo estava com gosto de ferrugem, por causa de seu sangue. Se ele está assim, imagina o Josh, que mais apanhou do que bateu. - Você está bem? Ele te machucou? Eu juro que se ele te machucou, eu levanto daqui e acabo com ele agora mesmo.

- Foi só um corte. Nada de mais.
- Só um corte? Annie, você está esperando em bebê. Qualquer coisa se torna um risco.

- Um corte não irá me afetar em nada.

- Talvez não, mas a queda que você sofreu sim.

- Amor, eu estou bem. Se eu tivesse sentido algo, com certeza, eu terei falado. Mas eu não estou sentindo nada. Nosso bebê é forte.

Ele sorriu e me beijou novamente. Suas mãos apertavam minhas costas e viajavam por toda ela. Eu o abracei assim que descolados os nossos lábios, desejando que aquele abraço curasse tudo, mas não é bem assim.

- Theo, Annie, desculpem atrapalhar, mas Lílian acabou de chegar. - Ansel disse, apoiado na soleira da porta.

Me levantei e puxei Theo para cima, dando um beijo na bochecha do meu irmão e caminhando para a saída do quarto.
Theo deu um sorriso fraco e foi até o quarto que sua mãe estava. Já eu e Ansel descemos para a sala de estar, onde todos estavam reunidos assistindo televisão.
Assim que nos viram, eles pararam o que estavam fazendo e vieram perguntar se estava tudo bem.

Tinha família melhor?

- Não se preocupem! Eu estou bem! - afirmei, sentando-me na poltrona. - Só fiquei chateada por não poder me despedir da tia Lúcia e das meninas.

- Elas entenderam. - mamãe disse - Como estava demorando muito no médico, tiveram que ir, mas Keilla deixou isso pra você. - me entregou uma caixa média amarelo com um laço azul em cima.

Peguei a caixa e a abri, tirando de lá um lindo macacão azul e marfim.

- É lindo! - dei um sorriso e mostrei pra eles - Eu amei.

Dentro da caixa, havia também um papel com uma letra cursiva. Peguei o mesmo e comecei a ler.

" Querida Annie, minha prima...

Quanto tempo eu não a chamo assim, não é? Acredito que a última vez que escrevi uma carta para você, foi a sete anos atrás, quando ainda estamos nos nossos respectivos colégios.
Entendo que tenha que ir para o médico, pois a vida de deu filho é mais do que as nossas e entendo também o porque de termos nos afastados. ( não vou entrar nesse assunto, talvez em uma outra carta, pois vou escrever muitas e espero que responda) É um menino! Eu tenho certeza! E em homenagem a mim, gostaria que colocasse Antony. Kethy, Beth, mamãe e papai deixam seus parabéns e pedem desculpa por partir tão cedo. Nós amamos você!

PS. Acho bom você colocar o nome dele de Antony. Mas se no caso nascer menina, ( o que é um equívoco, pois Deus me disse que seria um menino) acredito que um nome especial para ela poderia ser Helena! ( você sabe o significado)

Keilla Harper Elgort. "

Soltei um sorriso e caminhei para a cozinha, tomando finalmente os remédios e preparando alguma coisa leve para comer.

Depois de quase duas horas esperando sentada no sofá, ouço barulhos na escada e o vejo descendo com os olhos marejados e pedindo para que eu subisse. Me levantei rapidamente e me pus ao seu lado, subindo as escadas e parando em frente à porta do.quarto de hóspedes.

- Estou no quarto. - ele disse e se retirou, entrando correndo dentro do nosso quarto.

- Obrigada Theo. - cochichei baixinho e dei duas batidinha na porta, abrindo a mesma logo em seguida.

A imagem foi chocante pois nunca vi Lílian tão descuidada daquele jeito. Ela estava com o cabelo amarrado em um rabo de cavalo, com o olhos inchado e roxo e um corte na lateral da boca. Ela sorriu fracamente e se pôs de pé, me abraçando logo em seguida.

- Sinto muito. - falei.

- Não sinta. Desejo que você não sinta isso. Desejo que ninguém sinta isso. É horrível!

Eu apenas a abracei mais apertado ainda e acariciei seus cabelos.

- Você está bem? Precisa de alguma coisa?

- Eu só preciso de um tempo. - sorriu - Preciso de férias. Talvez eu vá para o Hawaii durante um tempo.

- Eu apoio sua decisão. - dei um sorriso.

Ela encarou o meu ferimento no cotovelo e perguntou o que tinha acontecido.
Expliquei tudo a ela que ficou horrorizada e irritada e se deitou na cama, pedindo para que eu tocasse uma música no violino para ela.

Sim, eu toco violino.

Comecei a tocar Fary Tale do Shamann, observando minha sogra pegando no sono depois de um dia tão longo.

Quando Eu Te ConheciOnde histórias criam vida. Descubra agora