O líder (Hanna)

213 10 11
                                    

ME FALTOU FÔLEGO. Meus olhos se abriram e meu peito se oprimiu; eu tentava respirar desesperadamente, como quem sai de um afogamento. Me sentei, apoiando-me em minhas mãos, e olhando ao redor.

Era ainda aquela sala ampla de piso espelhado e janelas incontáveis onde Rogi quase morrera. Meu olhar passeou pelo aposento; metade dos meus amigos estavam desmaiados, e a outra metade ofegava, tão assustados quanto eu. Foi quando encontrei algo que fez meu coração dar um salto: caído a alguns metros de mim estava o rei de Mifia, Vinni, de bruços sobre uma poça de sangue; suas duas espadas atravessavam, uma seu peito, e a outra sua barriga.

Choraminguei, começando a tremer. De repente eu estava fraca e morrendo de sede. Senti alguém me puxar para um abraço, e aceitei o gesto, chorando muito.

- Hanna - era Phill; fora ele quem me abraçara - tem algo estranho acontecendo aqui.

Me separei dele e olhei em seus olhos escuros, entorpecida. Phill estava pálido, disperso, e eu imediatamente constatei que de fato havia algo errado.

- O que acon... - me interrompi, tapando a boca. Espere... eu podia falar? Não soube se sentia alívio ou medo por isso (afinal, quando as coisas melhoram um pouco é sinal que tudo vai dar errado logo em seguida)

Rethes gargalhou; seus olhos rosados estavam repletos de alegria, e seu sorriso era quase idiota.

- Eu posso falar! - exclamou. Sua voz soou terrivelmente rouca devido a falta de uso.

Nesse mesmo instante, uma forte luz dominou a sala; uma tela gigantesca apareceu diante de nós, revelando um majestoso aposento branco, com oito tronos ao fundo e muitas colunas. De lá nos olhava um homem; seu rosto muito próximo o fazia parecer um gigante. Seus lábios formavam um sorriso psicótico e alucinado, seus olhos escuros estavam cercados por olheiras profundas, e brilhavam de entusiasmo. Os cabelos grisalhos estavam penteados para o lado, emplastados de alguma coisa grudenta, e suas vestes se resumiam a um roupão de banho azul.

- Olá, amigos!

Os desmaiados foram despertando e se sobressaltando com a ligação direta diante de nós.

- Descreva-o - pediu Maky.

Rogi reprimiu um suspiro.

- Um cara de meia idade com um cabelinho lambido e que aparentemente nunca dorme. - falou - E, a propósito, é bom que não possa ver ele, porque esse sorrisinho imbecil ia fazer você ficar muito brava.

- Ah, tá. - Maky assentiu. - Obrigada.

Não fiquei muito tempo olhando a dupla; encontrei minha irmã a alguns metros de mim, e ela estava boquiaberta com a visão diante de si e - provavelmente - absorvendo as informações que tomavam conta de sua mente. Eram todas as lembranças de uma vez só interditando-lhe o cérebro; não deveria ser fácil. Ao seu lado estava Stiven - o vi rangir os dentes, e supus que ele conhecia esse homem.

Pensando melhor, eu também o conhecia.

- Dill - resmungou Stiven.

William Dill Bouringor riu com gosto; eu rapidamente cheguei a conclusão de que ele não era uma pessoa agradável.

- Muito esperto, Stiven Hilven. - elogiou, fingindo admiração. - É uma pena que Chris tenha te levado para Hope. Liberty teria sido um lugar melhor com sua ilustre presença.

Phill produziu um som que se assemelhava a um rosnado. Isso, naturalmente, chamou a atenção de Dill.

- E vejamos - ele coçou o queixo. - se não é o mais feliz do grupo, Phill Dim. Agora que se lembra do seu passado, da sua família feliz, pode começar a ficar depressivo.

Missão Secreta - Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora