A mais jovem rainha (Rethes)

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SER JOGADA PARA FORA de um portal era como ser vomitada por um dragão - ou, pelo menos, era assim que eu pensava. Você sentia uma pressão absurda contraindo seu estômago, e parecia se afogar no ar denso e sufocante. Sua cabeça aumentava e diminuía de tamanho (era essa a sensação) e seus pés buscavam desesperadamente por algo em que se sustentar. Estava mais do que claro o motivo de eu detestar portais - quando eu saía de dentro deles, ficava tão desnorteada que levava um minuto inteirinho para reorganizar os pensamentos.

As pessoas eram cospidas seguidamente, tal como eu havia sido. No geral, estavam perdidas e zonzas demais para se levantar imediatamente. Eu, que só agora começava a pensar com clareza, comecei a reparar em alguns detalhes.

Primeiro foi o cheiro, que me atingiu como um soco. O cheiro adocicado e inconfundível dos docinhos de caúme, que eu preparava para meu irmão e eu comermos enquanto o sol se punha, afinal adorávamos o espetáculo. Caúme era uma fruta conhecida em Liberty pelo simples fato de nascer em todas as épocas do ano. Se você tinha um pé de caúme em casa, você tinha a garantia de que teria alimento para a vida toda. No geral, quem tinha poucas éreas como eu, davam um jeito de plantar uma árvore de caúme em seu jardim. Kyl, que era um chato em todos os aspectos, vivia reclamando que não suportava mais ver aquela fruta na sua frente.

Em seguida, eu me dei conta do lugar onde estava. Era uma sala pequena, de paredes escuras e piso de madeira, com uma mesa no centro e um par de tochas presas em suas laterais, que enviavam a fraca iluminação amarelada. Atrás da mesa, sentava-se uma garota que não podia ser mais velha que a maioria de nós.

A garota era tão branquinha, que suas bochechas rosas por causa do calor se destacavam bastante. O cabelo preto e liso ia até os ombros, e os olhos eram de um tom castanho-claro, emoldurados por longos cílios. Ela não era muito magra, embora também não fosse gorda, e por mais que estivesse sentada, concluí que não era muito baixinha.

- Oi, Emire - arfou Akada.

- Hãn? - Stiven olhou diretamente para ela - Essa é Emire? A rainha de Beaut?

Isso chamou a atenção de Emire, que olhou diretamente para ele. Ela sorria, apesar de tudo.

- Oi, gente! - falou ela, com uma animação inacreditavel - Eu sou Emire Juuz, rainha de Beaut, sim - ela olhou acusadoramente para Stiven.

- Mas... - Phill ainda estava assustado com o fato de aquela ser a rainha. - quantos anos você tem?

Emire ainda sorria.

- Dezesseis. - respondeu - Não que isso seja importante, claro. Mas e vocês?

Ryko se adiantou para contar à rainha tudo o que sabia, mas ela ergueu a mão e silenciou-o.

- Ryko Parv - ditou ela, ainda com a mão erguida e o olhar vazio - um verdadeiro Lorde nos limites de Mont. Eu sei da sua história, seu doidinho.

- Seu... - ele não conseguiu terminar - a Senhora...

- Senhorita - corrigiu Emire.

- A senhorita - consertou ele - já sabe de toda a história, não é? Sendo a rainha dos leitores de mente...

Emire virou o pescoço para Akada e seu sorriso se tornou enorme.

- Claro, não sei a história de Akada Jaquid como gostaria. Apenas o que ela me contou mais cedo. - ela se levantou de sua cadeira, com as mãos espalmadas sobre a mesa. Agora que eu a via de pé, podia calcular que ela tinha 1.70m, no mínimo. Seus ombros eram estreitos, mas os quadris eram avantajados, o que fazia ela ser consideravelmente mais magra do quadril para cima. Ouvi Perio tossir, e Tooth comentar alguma coisa com Rogi. Certamente era sobre o fato de ela estar usando sutiã e calça comprida, ambos pretos - Ei, você, Stiven! - apontou para ele - Não ouse pensar isso outra vez.

Missão Secreta - Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora