Capítulo 4

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As aulas começaram tem uma semana, estou me adaptando rápido a rotina. Vou para as aulas de manhã, as vezes à tarde, isso varia dependendo do dia e das matérias. Encontro Jully praticamente todos os dias tirando os dias em que ela sai com o Caio, sim, ela continua saindo com o cara da festa de boas vindas do campus. Sei que é cedo pra tirar conclusões mas vejo que ela esta gostando mesmo de ter alguém por aqui, principalmente um cara que cursa direito junto com ela. 

Nunca mais me encontrei com aquele homem incrivelmente lindo e babaca, acho que ele era um convidado da festa ou veio acompanhando alguma das alunas, não sei. Ele não aparentava ter idade pra ser pai de alguém aqui, daria pra ele na verdade uns 30 anos ou 35 no máximo. A verdade é que alguma coisa nele me encantou, coisa essa que eu odeio, pois aquele dia ele foi um grosso comigo. Não que eu me importe claro, mas uma parte de mim ficou extremamente humilhada por ver que ele me acha uma "criança". 

Continuo caminhando em direção ao dormitório da Jully. Eu, ela, Caio e Maya vamos almoçar. Sim, Maya entrou no nosso time, estamos nos dando muito bem não só nas aulas, mas fora delas também. Ela é muito inteligente, além de ser linda e ficar se escondendo atrás daqueles óculos e o rabo de cavalo que nunca tira. Maya é branca, com olhos azuis esverdeados, e magra. Tem umas sardas pelo rosto o que deixa ela com uma aparência de boneca de porcelana. Ela tem como sobrenome timidez, ela tem vergonha de absolutamente tudo, principalmente quando o Jorge se aproxima dela. 

Jorge é um homem alto, loiro e um gato, a maioria das meninas babam por ele, e Maya é uma delas. Ela não percebe, mas as vezes pego ele dando umas olhadas pra ela. Sei que acha ela bonita, mas ele é o tipo de garoto babaca que só se envolve com menina metida, melhor pra ela, pois assim não se envolve com alguém que não a trate do jeito que ela merece. 

Chegando no dormitório da Jully eu e Maya ficamos esperando ela sentadas no saguão do dormitório. 

- Uau isso aqui consegue ser mais brega do que eu pensava - Digo observando o lugar. Na verdade é tudo muito bonito por aqui, as cores neutras predominam o lugar, mas é possível ver quadros, tapetes e outros objetos com cores vivas que acabam deixando o lugar bem sofisticado. 

- A Bia para, sabemos que aqui é bem bonito - Diz Maya enquanto ajeita o óculos. Olho pra ela e reviro os olhos. Levanto indo pra cozinho, abro a geladeira, procurando algo pra beber, quando sinto um cheiro familiar e por sinal muito bom. Me viro e tomo um susto com o homem da festa. 

- AI!!- empurro ele, arrumando minha roupa tentando disfarçar o susto que levei.  - Calma, não foi minha intenção te assustar baby - Diz com tom de deboche, sorrindo de lado. 

- Baby? Ah por favor né, me esquece babaca - Digo passando por ele, mas o mesmo me puxa pelo braço. Sinto um arrepio que não deveria sentir, respiro fundo, e o encaro. 

- Será que da pra me soltar? - Olho pro lado, revirando os olhos. 

- Mocinha você realmente não sabe com quem está falando não é mesmo?- Diz soltando meu braço, e cruzando os dele, sorrindo debochado. Meu Deus alguém diz que ele fica lindo sorrindo desse jeito, que pecado. Para Bianca, você ta sentindo atração por um homem desconhecido. 

-Senhor Funger? - Ouço a voz da Jully, vou para seu lado, tentando esconder minha vergonha. Me viro pra ele, que nesse momento ta encostado no balcão da pia, olhando pra mim com a sobrancelha arqueada. 

- OI? - Digo olhando pra Jully que a esse ponto está vermelha como um pimentão. 

-Esse é meu professor Bia - Me explica, dando um sorrisinho sínico, como se eu estivesse errada em xingar ele, coisa que não estou pois sim, ele é um idiota.

- Hum, Bia? - Diz me olhando com a maldita cara de deboche que eu tanto amo, ops, odeio. 

- Bia é só para os íntimos - Sinto um beliscão, e continuo encarando Nicolas, aposto que a essa altura Jully está querendo me matar, mas continuo. - Meu nome é Bianca. - 

- Bachn senhor, ela é a Bianca Bachn - Ouço Jully falar enquanto ele me olha com cara surpreso. Novidade! 

- Fecha a boca, o queixo já está encostando no chão - Sinto outro beliscão e olho pra cara da Jully séria. 

- Menina - Sorri. - Quer dizer, Bianca Bachn - Vejo seu tom sarcástico na voz, continuo olhando o mesmo sem entender o porque do sarcasmo, olho pra cara dele tentando entender. - Acho que você deveria ter mais cuidado com suas palavras mocinha, até porque sua família tem muito o que ver comigo. - Termina, passando por mim e esbarrando de proposito.

Olho pra Jully sem entender e pela cara que ela faz também não entendeu nada. - Vamos Bia, o Caio já está nos esperando no Dock's - Fala me puxando, vamos em direção a Maya que está tão entretida no jornal que nem se deu de conta no que acabou de aconteceu. 

- Ué, mas foi assim do nada que ele falou isso? - Pergunta Maya. Já estávamos no Dock's um bar/restaurante que tem dentro do campus, aqui tem algumas festas nos fins de semana, e durante o dia funciona como restaurante, cafeteria. Estamos sentadas esperando Caio terminar de fazer os pedidos no balcão. 

- Sim, foi tão de repente que nem eu esperava - Diz Jully terminando de comer sua casquinha. 

Tava ouvindo a conversa delas, mas a muito tempo minha cabeça está na conversa de hoje de tarde. O que minha família tem com ele? Sei que meu pai não é flor que se cheire, mas nunca vi caso de roubo ou fraude na empresa, então não acho que ele tenha roubado o Nicolas. Mas algo tem ai, e sim eu vou tirar essa história a limpo, não é justo ele me contar um pedaço da história, sendo que nem sei o outro. 

- Bianca - Sinto Maya me cutucar. 

- Oi, que foi? - Olho pra todos eles, não tinha me dado de conta que Caio já estava junto com a gente, e que os pedidos estavam na mesa. Eu tava bem aérea, mas também não tinha como não estar. Com certeza amanhã vou dar um jeito de ir procurar respostas. 

Me dei um tempo de tantos pensamentos e consegui transformar a noite em algo agradável. Terminamos de comer, depois fomos caminhar pelo campus e em seguida ficou tarde para continuarmos na "rua". Nos despedimos de Jully e Caio que provavelmente iriam se agarrar por ai, embora eles jurem que é apenas amizade. Fomos pro quarto, tirei minha roupa e me joguei na cama, a verdade era que em nenhum momento consegui realmente desviar meus pensamentos da conversa com Nicolas, preciso arrumar um jeito de falar com ele. 

Quase ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora