Capítulo 5

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Hoje tomei coragem e resolvi acordar mais cedo pois quero ir tirar satisfação com aquele profersorzinho de quinta. Ele pensa que é assim? Chega me enchendo de desaforos e acha que vou ficar calada, ele ta é muito enganado.

Levanto da minha cama, que por sinal nunca esteve tão confortável. Entro no banheiro e encaro meu verdadeiro eu. Meu Deus consigo ser pior quando acordo. Faço uma careta e vou direito pro banho.

Passo alguns minutos relaxando enquanto lavo meu cabelo, hoje ele conseguiu estar mais palha do que de costume.

Sei que estou na faculdade a aproximadamente um mês e a quase um mês não consigo deixar de pensar em como aquele bruto é bonito. Não acho que esteja rolando algum sentimento da minha parte em relação a ele a não ser raiva. Esse homem o que tem de lindo tem de irritante, credo. Mas na verdade desde minha conversa com ele a duas ou três semanas atrás não sei ao certo, eu to tentando tomar coragem de perguntar pra ele o porque daquilo. O que minha família deve a ele? O que temos haver com aquele ogro? Enfim seja o que for hoje eu vou atrás dele.

Saio do banho e vou rumo ao meu armário, tenho uma conversa séria hoje, tenho que me dar ao luxo de ir mais arrumadinha. Quer dizer, Bianca deixe de ser trouxa! Abro o armário visto uma calça jeans preta colada ao corpo, opto por uma blusa básica preta também, afinal hoje amanheceu bem friozinho. Coloco uma bota marrom e um sobretudo vermelho, prendo o cabelo em um rabo de cavalo e abro a porta do quarto.

- Bom dia! Aonde você tá indo tão cedo? - Diz enquanto senta na cama e põe o óculos.

- Digamos que hoje tomei coragem pra ir falar com aquele professor mal educado! - Digo me encostando na porta e cruzando os braços.

- Bia temos aula daqui 40 minutos! Deixa isso pra lá, aposto que ele não falou de propósito! - Levanta indo em direção ao armário dela.

- Não é possível que tenha sido da boca pra fora Maya, ele falou com tanta convicção - Caminho até ela. - Além de que eu prometo que chego a tempo pra aula, mas não posso passar mais um dia sem tentar saber o que aquele bruto quis dizer! - Término indo em direção a porta.

- Bruto? Já temos apelido Bia? - Não preciso nem me virar pra saber que ela está sorrindo. Reviro os olhos. - Até logo Maya!-

Saio do quarto e sigo em direção ao Dock's, se é pra ter uma conversa chata que seja uma conversa chata com café! Entro no Dock's e vejo Jully e Caio sentados tomando café, enquanto Jully ta dando pulinhos pra me cumprimentar apenas aceno e sorrio pra ela.

- Moço o senhor pode me ver um café?- Peço pro "moço" que na verdade é um menino lindo! Ele é moreno, alto e um pouco magro, mas com certeza deve arrasar com toda garota em sã consciência.

- Sim senhora - Responde com um sorriso no rosto. Vejo ele virar pra fazer o café e sento no banco.

- Senhora não né, por favor! Devo ter sua idade garoto! - Digo mexendo no celular.

- Garoto? Olha temos uma nervosinha aqui - Diz pegando o celular da minha mão, e me entregando o café -

- Ei! Que abuso! - Tento pegar o celular mas ele vai mais pra trás no balcão. Vejo ele mexendo no meu celular.

- Hum... Nudes? - Ouço ele falar de maneira debochada e sinto meu rosto corar. Bebo um gole de café afim de esconder minha cara que deve estar mais vermelha que um extrato de tomate.

- Calma moça - Diz me devolvendo o celular.

- Moça não, Bianca - Digo procurando de maneira disfarçada qualquer sinal de nude que eu tenha esquecido de apagar. A pera lá! Não me julguem, todo mundo já tenho aquele lovezinho pra trocar as famosas nudes, mas enfim, deixa pra lá! Foco Bianca!

-Bianca? Gostei do nome, prazer Pedro Hunt - Sorri e pisca.

Sinto meu rosto corar novamente. Sorrio. Me desculpem se não sou boa com esse lance de paquera. Deixo o dinheiro na bancada, levanto e sigo em direção a porta quando ouço ele gritar "Meu número ta nos seus favoritos". Droga se antes eu tava envergonhada agora vou passar uma semana sem vim aqui no Dock's.

Saio do Dock's e vou bebendo meu café até a universidade. Nunca saí da ala de artes então to meio perdida nesse negócio de procurar as salas aqui. Chego no corredor de direito procurando o brutamontes que por algum motivo também é professor.

Passo pela sala do Nicolas e por um segundo sinto meu coração acelerar. Não estava nos meus planos ficar tão nervosa assim. Vamos Bianca ainda da tempo de você sair daí. Não Bianca, você esperou tempo demais!

Fecho os olhos, respiro fundo e abro a porta. Sim, ele vai ter que me explicar.

- Senhora Bachn o que você esta fazendo aqui? Já desistiu de artes pra seguir os passos do seu pai? - Diz se levantando e encostando na sua mesa de braços cruzados.

- Não! Muito pelo contrário, to amando até! - Respondo e me sinto uma idiota por ter parecido uma criança. Cruzo os braços também e vejo o sorrisinho debochado na cara, aposto que deve ta me achando uma idiota.

- Você sabia que não tem direito de ir me encher de desaforos e ir embora? Quem você pensa que é? Um professorzinho de quinta que só liga pra si mesmo! Você na verdade é um babaca! Bruto! Ogro! - Não tinha me dado de conta que estava tão em cima dele assim, mas precisava dizer tudo isso pra ele, a dias estou pensando nisso.

- Olha aqui senhorita! - Diz vindo em minha direção. Confeço que estou assustada, acho que falei mais do que deveria, mas vou manter a pose por fora, não posso fazer feio! - Você é uma menina boba, desbocada, grossa, ou melhor, uma criança! - Sorri de maneira debochada e continua - Porque não pergunta a seu pai o porque odeio tanto vocês todos dessa família! Todos vocês são metidos, não tem noção do valor do dinheiro e nem sabem que dinheiro não compra tudo! Será que pode  sair da minha sala? Minhas aulas começam em minutos e não tenho tempo pra perder com uma menina! - Termina me deixando sem chão e sem palavras.

Uau, to mais frustrada do que antes! To me sentindo tão humilhada e tão envergonhada que mal percebi quando meus olhos se encheram de lágrimas! Não consigo distinguir se é de raiva ou de vergonha, mas sinto a primeira lágrima descer e não consigo controlar mais. Isso me machucou mais do que deveria.

Continuo olhando pra ele por alguns segundos que parecem mais horas, e só me dou de conta quando já estou abrindo a porta. Não sei se ele está me olhando com pena ou algo do tipo mas sei que eu só quero ir embora.

Saio correndo da sala de aula e vou direto a procura de um banheiro, as palavra dele ficam ecoando em minha cabeça, e nem sei mais se quero ir até o fim com essa história.

Entro no banheiro, lavo o rosto várias vezes, pego toalhas de papel e passo no rosto, me olho no espelho e vejo que estou péssima, respiro fundo pensando em toda conversa. Vou aproveitar que já perdi a primeira aula e vou passar no dormitório pra passar um pouco de maquiagem, afinal ninguém é obrigada a ver essa cara inchada.

Quase ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora