Chego na rodoviária de Gramado e sinto um forte aperto no peito só em saber do que ainda está por vir. Saio do ônibus, chamo um táxi e dou um endereço de casa.
A fome que estou chega ser monstruosa e com certeza vou chegar a tempo do café da tarde. Não contei para absolutamente ninguém que estava vindo. Sinto o nervosismo tomar conta cada vez que vejo nossa aproximação da casa.
Passo uma mão na outra afim de me acalmar. Em vão.
Passei a viagem toda decidindo o que devo fazer, não quero brigas e sim justiça! Minha mãe não mereceu ter casado com um homem tão ruim quanto meu pai, e ele precisa saber o quanto sou infeliz por ter ele como pai.
Meus irmãos não irão sair ilesos dessa! Quero a verdade de cada um daquela casa.
Estou parada em frente ao portão, faz uns cinco minutos na verdade, mas toda coragem que eu havia armazenado simplesmente se foi.
Respiro fundo e aperto a campainha. Minha tentamos só está aumentando e não consigo fazer nada pra conter. Vejo de longe dona Ana abrir a por e vir em minha direção comprimindo os olhos para ver quem é. Sorrio e sinto meus olhos começarem a dar sinais de vida.
Quando ela chega no portão e abre, sorri abertamente ao me ver. Sorrio e lhe abraço, tudo que preciso agora é do carinho materno que não pude ter.
- Minha filha o que aconteceu? - Pergunta enquanto alisa minhas costas. Choro compulsivamente, parece que tudo que segurei até agora não valeu de nada.
- Mãe... - Digo em meio a fungadas. - Eu descobri, descobri tudo. - Não consigo olhar pra seu rosto, mas imagino que sua expressão não está nada boa.
- Vamos menina, entra, temos muito o que conversar. -
Entramos em casa e vejo o silêncio que reina na mesma. Pelo andar da carruagem não há ninguém aqui além de mim e dona Ana.
Essa casa está me recordando tantos momentos com minha mãe, agora percebo que tudo continua igual. Os quadros das paredes são os mesmos, talvez abatidos por causa do tempo. Os tapetes no chão com a mesma textura e cores que antes.
Minha mãe tinha de certo modo um bom gosto, afinal tudo aqui é sofisticado e parece que escolhido a mão. Ela era uma mulher incrível, não entendo como se apaixonou por uma pessoa tão fútil quanto meu pai. Com certeza a organização e a conservação devo a dona Ana, ela sempre foi a responsável por manter a casa em ordem, principalmente quando minha mãe se foi.
Entro em meu quarto e sento na cama, minha mãe senta ao meu lado e passa a mão por meus cabelos. Olho pro chão.
- Brigamos quando eu vi ele num bar com Melinda, a senhora não conhece eu acho, mas ela também conhece papai e toda essa história. Eu descobri toda verdade ouvindo uma gravação em um pen drive e mãe, era ele falando! Era meu pai! - Digo e a fito.
- Eu não queria que você descobrisse desse modo minha querida. - Diz de mão dada com a minha. - Por muitas vezes pedi para seu Vítor lhe contar, mas ele sempre negou em assumir a verdade. Aquele menino o Nicolas, ele não é culpado da morte de sua mãe Bia, não foi ele quem à matou. Ele fez muitas coisas idiotas concordo, mas ele fez tudo querendo proteger a meninas Suzy. Na época ele era um adolescente, estava se transformando em homem. Você deve conversar com ele, ouça o lado dele também menina, toda verdade há dois lados. - Diz.
Sinto as lágrimas escorrerem sobre meu rosto e não falo nada.
- Você pretende fazer o que agora que sabe da verdade? Sumir pelo mundo? Ficar rebelde? Punir todos? Filha, nada trará sua mãe de volta. Não tente vingar a morte dela pois só irá sair machucada e afastada de todas pessoas que te amam. - Termina.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quase Proibido
RomancePrazer, meu nome é Bianca Bachn, ou só Bianca de preferencia. Nasci, vivi e cresci em meio a luxos e riquezas, porém, decidi cursar Artes na faculdade, então sim, sou o desgosto da família e não, eu não me arrependo disso! Tenho apenas 21 anos, nun...