Capítulo 26

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Acordei entre beijos e carícias. Nicolas já havia preparado o café e deixado mudas de roupas para eu vestir. Nunca me senti tão importante pra alguém, pelo menos não desde que minha mãe morreu. Sabe quando alguém te faz sentir tão bem a ponto de você se sentir única? Quando a pessoa te trata tão bem que você até fica com medo de ser um sonho? É assim que eu estou me sentindo, pela primeira vez em minha vida conheço as borboletas no estômago, me sinto tão completa ao lado dele e não quero sair tão cedo, nunca se for possível!

Tomamos banho juntos, café da manhã entre carinhos e ele me trouxe pra faculdade. Deu até uma dó de ter que sair daquele sonho, mas estou no meio de uma semana de provas e então não posso ficar faltando aulas.

Ainda não nos assumimos publicamente mas provavelmente será hoje quando todos me virem descendo do carro de Nicolas.

Assim como previsto chegamos na escola e chamamos um pouco de atenção, Nicolas segurou minha mão e me acompanhou até minha ala na faculdade, embora eu dissesse que não precisava, mas tudo bem. Paramos em meio a todos e Nic me surpreendeu com um beijo, calmo e simples. Em seguida sussurrou "minha" e foi embora. Senti meu rosto pegar fogo, principalmente pelo fato de todos agora estar me observando e sussurrando uns com os outros.
Ouço uma risada logo atrás de mim, e continuo parada sentindo todos me observar ainda.

- Amiga! - Diz Jully rindo e batendo palmas. - Você daqui a pouco vai virar extrato de tão vermelha que ta, vem comigo! - Diz me puxando pra dentro do saguão.

-O que foi isso foi linda? - Diz sentando em minha cama dentro do dormitório já.

- Ue, um beijo. - Respondo óbvia guardando minhas coisas dentro de uma bolsa para ir pra aula prática.

- Como assim um beijo amiga, isso eu vi, mas desde quando você e ele estão, assim, se beijando.. - Pergunta com um sorriso em seu rosto.

- Desde uns dias atrás, quase uma semana que estamos namorando amiga! - Digo e ela me joga todas as almofadas da cama.

- QUE? - Diz se levantando. - VOCÊ TA NAMORANDO COM O GOSTOSÃO A UMA SEMANA E NAO ME CONTOU NADA? ABSOLUTAMENTE N A D A? -

- Miga, é porque.... -

- PORQUE VOCÊ É UM COCÔ EM FORMA DE SER HUMANO, UMA GALINHA FEIA, UMA PATA LOUCA! - Diz me encarando de braços cruzados. Reviro os olhos.

- Acabou? - Pergunto.

- Sim miga, me conta tudo agora.. - Diz esticando os braços e sentando na cama. Sorrio. Sento com ela e começo a contar toda estória, desde o princípio. Conforme vou contando vou ouvindo "own", "que amor". Conto pra Jully até sobre Pedro e ela me diz pra tentar conversar com ele mais uma vez pois acha que ele tá só decepcionado pelo o que aconteceu. Termino de contar as coisas pra ela e vamos juntas até metade do campus depois sigo pras minhas aulas práticas e ela pra seu dormitório.

(Nicolas)

Assim que deixei Bia no seu dormitório, liguei pra Vitor. Marcamos de nos encontrar no almoço então vou sair daqui agora.

Sei que Bia não merece que eu tenha segredos com ela, mas não quero ter que contar que talvez eu tenha sido o causador da morte de sua mãe ou pior, contar que Lucy na verdade é sua irmã. Eu não faria isso se não fosse o medo que tenho de perde-lá. Sinto que ela é parte de mim agora e se ela se afastar de mim vou entrar em declínio.

Não me levem a mal por favor, eu já to me sentindo péssimo de ter que fazer isso, mas não posso arriscar não tê-la mais. Na minha idade nós não nos apaixonamos muitas vezes, e pra ser sincero nunca achei que me apaixonaria mesmo por alguem como sou apaixonado por Bianca.

Chego no bar no horário marcado, e Vitor já está em uma das mesas apreensivo. Sento na cadeira em frente e ele me observa sem expressão alguma no rosto, talvez deboche mas não me importo.

- Então, o que você quer comigo seu assassino? - Diz ríspido.

- Quem matou sua esposa foi você. - Digo.

- Eu? Você quem foi na minha casa apresentar calúnias sobre mim para ela. -

- Você sabe que essas "calúnias" não eram nada mais do que verdades! -

- Você nunca provou que eu fiz algo! -

- Você roubou os arquivos Vitor! Todas as provas, tudo, você pegou! - Digo começando a ficar exaltado.

Me observa sério.

- Eu não te chamei aqui pra isso.. - Digo pondo fim aos devaneios do passado. - Eu quero lhe propor uma trato! -

- Porque teria um trato com você? - Diz.

- Porque envolve Bianca! - Digo colocando as mãos sobre a mesa. Peço um whisky duplo ao primeiro garçom que passa.

- O que você tem haver com minha filha seu cretinho! - Diz esbravejando,

- Cretino não, genro! - Digo debochado, sua cara de espanto está maravilhosa.

- QUE? EU QUERO VOCE LONGE DE BIANCA, LONGE! - Diz perdendo o pouco de decência que lhe resta.

- Não sei porque tanta euforia, ela me contou que falou que estava apaixonada por mim! - Digo cruzando os braços. - Eu não quero mal de sua filha Vitor, eu amo Bianca e quero fazê-la muito feliz. Mas ainda não quero contar sobre os problemas que envolvem nossas famílias, não quero que ela pense como você que sou assassino! Pois eu não sou! Fiz tudo pra defender minha irmã de você! Tu sim é o verdadeiro monstro da história! - Digo num desabafo.

- E qual seria o trato? - Pergunta.

- Não contaremos nada pra ela sobre isso e isso inclui seus filhos também! Sei que eles sabem! - Digo sério. Talvez eu esteja dando um tiro no pé ao fazer essa proposta, mas antes um tiro no pé do que perder o amor da minha vida. Sim, da minha vida.

Vitor me observa e pelo seu semblante está apreensivo. Mantenho a postura séria e o encaro também.

- O que eu ganharia com isso? - Pergunta. Esse homem é tão ruim, como assim o que ganharia? O bem estar de sua filha não é o suficiente? Respiro fundo.

- O que você quer? - Pergunto. Mais um tiro no pé.

- Quero que faça Bianca esquecer a ideia de cursar artes e começar a trabalhar na minha empresa. -Diz.

- Isso não! - Digo parecendo mais desesperado do que eu queria que aparentar.

- Isso sim! - Diz.

- Vitor você não tem coração? - Digo. - Sua filha vive de artes, isso eu não poderia fazer com ela de modo algum! Você também vai perder! Sei que a herança que sua mulher deixou é só de Bianca por lei, então ou você desiste dessa ideia ou tem mais coisas que ela irá descobrir! -Agora ele aparenta estar nervoso, ótimo, assim é melhor! - O trato é o seguinte você não abre essa boca e eu também farei o mesmo. - Levanto e deixo o dinheiro do whisky na mesa.

Saio do bar e a sensação de alívio que eu pensei que sentiria se transformou em um misto de sentimentos mas, não voltarei atrás, não agora.

Pego o celular e vejo algumas mensagens de Bia.

"Oi amor"

"Achei que iríamos almoçar juntos :("

" Porque nao me responde?"

" Deve estar em reunião, desculpa ;x"

"Me liga quando puder, beijos ❤"

"te amo.."

Sorrio ao ler as mensagens e ligo pra ela. Terminamos a chamada e vou direto pra universidade.

Quase ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora