Capítulo 4

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Música sugerida para leitura: The Low Anthem - Lover Is Childlike

Depois de três horas de viagem pousar foi reconfortante. Embora Denis tivesse sido gentil e delicado durante todo o percurso o meu corpo já estava completamente travado. Descemos no meio de uma floresta completamente fechada, alguns passos depois, no meio do nada, um grande portal de ferro surgiu. Ouvi Alexandra fazer um barulho estranho com a boca e logo em seguida o grande e enferrujado portão se abriu.

– Bem-vinda ao Instituto Zeus Eleutério.

Retribui a delicadeza de Denis com um sorriso tímido, eu não me sentia bem-vinda naquele lugar, pra ser sincera, me sentia uma intrusa. O lugar se resumia ao cinza. Tudo era cinza. Escada. Pátio. Paredes. A maior alteração de cor era para o preto, nas roupas de todas as pessoas que circulavam pelo pátio. Era um tédio visual infinito. Eu era a única pessoa portadora de cor em quilômetros.

– Olá, você é uma nova aluna? Me chamo Gretchen, sou líder da turma do último ano e a melhor no tiro da alvo em séculos. Qual seu nome querida?

O ar de popular poderia ser sentido a distância, com certeza eu estava diante da rainha do instituto alguma coisa. Só existe uma coisa pior do que estar no ensino médio: ter que voltar para ele.

– Helen... Mas não sou uma aluna, só estou aqui para...

– Gretchen, ela não vai fazer parte da sua panelinha de amigas, ok? Deixa-a em paz. Helen só vai ficar por um tempo, não frequentará as aulas e não precisa fazer parte dos grupos que vocês adoram estipular. Apenas deixa-a de fora. Certo? – pela primeira vez no dia Alexandra demonstrou que poderia ser gentil.

– Sim, senhora. Nos esbarramos por aí Helen, seja bem-vinda.

– Obrigado – respondi sem graça.

Alexandra me levou até meu quarto. Pelo que entendi ficaria no prédio dos inspetores e professores do instituto, isso me deixou muito mais tranquila. Dividir o quarto com adolescentes semi-deuses definitivamente não era meu ideal de férias. O quarto era... cinza. Uma janela média deixava alguns raios iluminarem a cama e isso me deixou menos triste. Mas o que realmente me fez surtar de felicidade foi o notebook colocado na escrivaninha. Corri para acessar meu email, tinham dúzias de SPAM e um email malcriado de Lara que dizia:

Você realmente tem a capacidade de me irritar e simplesmente sumir. Meu casamento é daqui a três dias e você simplesmente sumiu!!! Você deveria ser a madrinha dele e a da minha filha também. O que raios foi tão urgente que não pode esperar meu casamento???

Sinto sua falta. Se cuida e volta logo.

Algumas lágrimas caíram quando terminei de ler o e-mail rancoroso da melhor amiga que eu poderia ter. Lara não poderia ficar se preocupando, não com minha afilhada na barriga. Comecei então a tentar me desculpar:

Sei o quanto está me odiando e você está coberta de razão , ok? Desculpa pela correria, tive problemas com um amigo antigo. Não pude deixar de ajudá-lo, ele realmente precisa de mim por um tempo. Espero conseguir chegar a tempo para o seu casamento, mas se não der... me perdoaria?

Também sinto sua falta. Se cuida e cuide da minha afilhada.

Beijos

Mentir para uma melhor amiga nunca é fácil, mas eu realmente precisava mantê-la longe de tanta loucura. Fechei o computador e corri para o banheiro que, pra variar, era monocromático. Percebi só depois que minha mala estava em cima da cama e agradeci a Hades por ter se lembrando de um detalhe tão importante, andar nua pela escola não seria uma boa ideia. Peguei uma camiseta vermelha decotada e um jeans menos velho que o anterior. Meu cabelo já estava devidamente desembaraçado quanto ouvi uma batida na porta.

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