Música sugerida para leitura: Amanda Seyfried - Little House
– Ele foi um babaca!
– Calma, Lara. Senta aqui e fale mais baixo pra não acordar a Maria Clara.
– Eu juro que ele foi um idiota, amiga – ela disse sussurrando de uma maneira assustadora.
– O que ele disse?
– Acredita que ele disse que eu estava sufocando-o? Eu! Sufocando! É muito absurdo para uma pessoa só. Eu só pedi para ele estar mais presente e não desaparecer durante a merda do dia inteiro! Isso é sufocar alguém?!
– É cada uma que a gente tem que engolir... – eu digo tentando apoiar minha amiga.
– Eu achava que ele era diferente sabe. Depois da traição eu imaginei que seria uma mulher mais preparada, que algum tipo de alarme interno me faria manter distância desse tipo de homem. Ledo engano pelo visto.
– Bem, tecnicamente seu radar funcionou. Você não casou com o Lucas e já descobriu que ele é um babaca.
– Nossa, Leni. Que belas palavras de conforto hein!
– É sério, Lara. É muito melhor desiludir logo no início do que dedicar tempo a uma relação sem futuro, não acha?
– Pode ser... Tanto faz. Eu vou ficar sozinha na minha daqui pra frente. É uma promessa.
– Jura? E eu aqui doida pra te perguntar uma coisa.
– Que coisa? – ela diz pela primeira vez com um semblante menos revoltado.
– É na verdade uma curiosidade. Queria saber o que você acha do meu tio.
– Oi? De novo essa história, Leni? Já disse que não tem nada rolando entre a gente.
– Acho que ele pensa um pouco diferente de você...
– Ai. Meu. Deus. Pode me contando tudo!
Só consegui me libertar do interrogatório de Lara quarenta minutos depois. Ela me deu todas as repostas que eu precisava (claro que não, eu acho que não é uma boa ideia, acho que ele é um homem maduro, seria uma idiota se não aproveitasse essa oportunidade) e por fim assumi a responsabilidade de marcar um jantar para os dois em um restaurante no dia seguinte. Estava dando uma volta pelo jardim da minha casa procurando por Baco quando percebi um movimento estranho. Levei apenas dois segundos para me mover mas acabei sendo agarrada. O homem tampou minha boca e prendeu minhas mãos com uma força fora do comum. Ele só não contava com minhas aulas intensivas com dois deuses. Com um movimento tão rápido quanto o dele consegui me soltar e colocá-lo no chão completamente imobilizado. Lucas me encarou com uma expressão fria e um sorriso esquisito no rosto.
– Eu nunca imaginei que uma grávida teria condições de fazer isso.
– O que você quer aqui?
– Calma, Helen. Eu só vim tentar conversar novamente com Lara.
– A minha amiga não tem absolutamente nada para falar com você. Vá embora ou chamo a polícia.
– Você acha mesmo isso? Ele me amava loucamente poucas horas atrás.
– Amor? Sério? Você sabe o que é isso, Lucas?
– Vai dizer que ela não sente nada por mim?
– Vou dizer que essa é a minha casa e eu quero você longe daqui. Agora.
– Helen, não precisa ser tão dramática. Nós dois sabemos que se eu pegar o telefone e ligar pra Lara ela vai me deixar entrar pra conversar com ela.
– Fique a vontade, Lucas. Agora me explica essa ideia absurda de me prender no meio do meu jardim.
– Era só uma brincadeira, Helen – o sorriso assustador dele foi bem impactante – Não precisa ter medo de mim.
– Não quero você aqui dentro. Se vai ligar pra Lara ligue logo e suma da minha frente.
Conforme o esperado Lara não aceitou receber Lucas. O acompanhei até a estrada que dava pra Cachoeira da Pedra e, felizmente, Sebastian chegou logo após a saída dele.
– Problemas no paraíso, amor?
– Esse cara está cada vez mais perigoso. Nós três precisamos pensar em uma estratégia para vigiarmos esse terreno.
– Concordo. Vou conversar com Baco sobre isso. Tentei falar mais cedo mas ele só sabe falar sobre o tal jantar com Lara. Você acha que isso vai dar certo?
– Pior que eu acredito nele. Baco é meio doido mas não acho que ele teria coragem de magoar Lara. E caso ele seja idiota o suficiente eu mesmo cuido disso.
– Nossa, estou ficando com medo de você, querida.
– Você deveria mesmo ter medo de mim. É na minha cama que você dorme – eu disso ameaçando-o enquanto Sebastian me cobria de beijos. As coisas estavam esquisitas. Muito esquisitas. Mas era bom ter o pai dos meus filhos do meu lado. Era realmente muito bom.
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AventuraContinuação do Livro "Melhor Parte" Deixar sentimentos para traz nem sempre é parte mais fácil. A vida é capaz de nos surpreender a cada esquina, cada desvio de rota e nem sempre estamos preparados para tantas mudanças. Isso não significa que precis...