Capítulo 45

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Música sugerida para leitura: Conor Maynard - Cold Water

– Bom dia, querida.

Acordei com um pulo tentando me situar. Era minha primeira noite no Olimpo depois de várias semanas longe então precisei de alguns segundos até me situar. O quarto estava banhado pela luz do sol e, sentado na ponta da cama de casal, estava Sebastian. Vi que tinha uma bandeja cheia de coisas aparentemente deliciosas (grávida mode on) na mesa de centro do quarto.

– Sebastian, eu realmente não quero mais discutir contigo.

– Eu também não, Leni. O álcool e o meu ciúme me cegaram novamente. Eu peço mil desculpas pela minha postura.

– Sebastian, isso é um problema recorrente. Se toda vez que a gente tiver uma discussão você virar as costas e me largar sozinha o propósito do relacionamento está perdido.

– Eu sei. Fui um tremendo babaca novamente contigo.

– Foi sim, Sebastian. Eu entendo sim que meus hormônios estão completamente alucinados e meu humor não está dos melhores mas eu te amo e sempre te amei muito. Eu espero, no mínimo, um pouco de respeito e consideração.

– Eu sei, Leni. Eu sei. Sinceramente sempre te achei muito mais madura do que eu e, inconscientemente, acabo me sentindo muito infantil quando o assunto é o nosso relacionamento. Você sempre foi independente, decidida e totalmente dona do seu nariz e isso acaba me fazendo pensar o quanto sou inútil na sua vida. Eu sinto muito por ser um babaca.

Levantei da cama desajeitada e segurei as mãos de Sebastian com uma expressão neutra.

– Querido, eu sou louca por você contudo esses seus surtos são péssimos e, quando nossos filhos nascerem, serão inadmissíveis. Eu quero estar com você, quero ser sua mulher e sua parceira mas preciso que você confie em mim e me faça confiar em você também. Ontem a minha crise foi completamente desnecessária. Eu estava nervosa, acabei criando cenários péssimos na minha cabeça e paranoias bem toscas. Errei em surtar com você e daí nós fomos ladeira a baixo.

– Exato. O que você acha da gente tomar esse café incrível e esquecer um pouco essa história?

Nem preciso dizer que acabei devorando metade da bandeja e, posteriormente, acabamos fazendo amor de maneira gentil em função do tamanho da minha barriga. Isso é importante deixar claro: sexo na gravidez as vezes é um problema. Tudo é uma questão de ângulo e hormônios. Mesmo adorando aquele clima de reconciliação eu sabia que tinha assuntos para resolver em Belo Vale. Mesmo com os protestos de Sebastian o convidei a se retirar do quarto e comecei a me arrumar. Meus poderes de deusa do Olimpo já estavam 100% funcionais então eu conseguiria ir para Belo Vale sozinha mesmo com as reclamações do meu marido paranoico. Quando sai do quarto e fui em direção a área de embarque e desembarque do Olimpo me deparei com um dia nublado, aquele tipo de dia que é ótimo ficar na cama comendo chocolate e assistindo alguma comédia romântica. No caminho encontrei Berilo com uma expressão amigável.

– Seu marido se controlou?

– Sim. Me desculpe, Berilo.

– Sem problemas. O que eu te disse ontem é a mais pura verdade: se precisar eu vou estar do seu lado, Leni.

Agradei e me despedi de Berilo sugerindo que marcássemos um jantar com Régia e Sebastian para quebrar o clima esquisito. Ele topou e me ajudou a subir na plataforma que me levaria até Belo Vale. As nuvens e a chuva fraca fizeram a viagem ser mais longa que o esperado mas, por fim, cheguei a Cachoeira da Pedra e segui até a minha casa. Assim que entrei no salão principal fui recebida por uma Lara completamente eufórica.

– Tenho uma novidade! Uma novidade incrível! A melhor novidade da década! – ela dizia com uma expressão ligeiramente assustadora caso eu não a conhecesse desde pequena.

– O que, Lara?

– Você não vai acreditar! É maravilhoso demais.

– Amiga, eu ainda não leio mentes. Desembucha. Cadê a Maria Clara?

– Está lá em cima vendo TV com Baco. Esse apelido dele é incrível né? Muito másculo.

– Fala logo, Lara – eu disse ficando cada vez mais nervosa.

– Estou grávida!

– O que? Grávida? Como assim?

– Três semanas, Leni. Está muito no início mas eu achei que seria errado esconder isso da minha melhor amiga. Não é incrível?

– Baco é o pai da criança – eu fiz uma afirmação que praticamente saiu como uma pergunta.

– Sim! Não é incrível? Não tínhamos planejado nada mas ele ficou tão feliz. Acredita que ele que sugeriu que eu fizesse o exame? Como se tivesse algum sexto sentido pra isso. Enfim, ele está radiante.

– Como exatamente isso aconteceu, Lara? Você não estava tomando anticoncepcional?

– Claro que eu estava. Não sei o que aconteceu. Pode ser que tenha tomado algum comprimido no dia errado e acabei estragando tudo. Você me acha uma vagabunda né?

– Claro que não, amiga – eu disse me aproximando para abracá-la.

– Pela sua cara parece que você vai me matar, Leni.

– Não, querida. Um filho é incrível e se vocês dois estão felizes quem sou eu pra achar alguma coisa. Eu só queria entender a história. O relacionamento de vocês é muito recente e obviamente uma criança muda tudo. Só quero que você e a Maria Clara sejam felizes.

– Que bom. Agora você será minha sobrinha postiça!

– Eu?

– Baco é o seu tio logo eu vou ser a sua tia! – Lara parecia animada com mais uma das minhas mentiras.

– Ah sim, isso vai ser ótimo. Bem, eu vou lá em cima ver com a Maria Clara está.

– Ótimo, amiga. Vou terminar de preparar o almoço aqui. Seja simpática com o seu tio, eu sei como você é super protetora comigo.

Lara me conhecia muito bem. Enquanto subia os degraus da escada e seguia em direção ao quarto de Maria Clara eu só tinha pensamentos assassinos com relação a Baco. Aquele filho da puta com certeza tinha feito alguma coisa mágica pra engravidar Lara, eu podia sentir no ar a magia. Baco tinha me ajudado e protegido ao longo dos meses atrás do último Enviado mas eu jamais aceitaria colocar Lara e Maria Clara nas mãos de um cara tão sujo ao ponto de usar seus poderes para engravidar uma mulher. Eu o adorava mas se preciso fosse eu acabaria com ele pra manter minhas meninas seguras. A porta do quarto da Maria Clara estava aberta e ela dormia como um anjo do berço. Entrei tentando fazer o mínimo de barulho possível e vi Baco dormindo desconfortavelmente em uma cadeira ao lado do berço. Aparentemente ele tinha colocado minha afilhada pra dormir e logo em seguida tinha caído no sono. Era uma cena bem fofa mas eu ainda estava em dúvida se devia socá-lo ou não. Optei por iniciar um dialogo então taquei um dos ursinhos da Maria Clara na cara dele que deu um pulo de susto e apontei pra fora do quarto. Em um sussurro eu disse:

– Te espero no corredor.

– O que houve? – ele sussurrou ainda desnorteado tentando não acordar a pequena.

– Quero detalhes da história que a Lara acabou de me contar. Anda.

– Você quer a minha cabeça – ele disse rindo.

– Eu ainda não decidi. Eu quero você no corredor me explicando detalhadamente como os anticoncepcionais da minha amiga milagrosamente pararam de funcionar.

– Certo. Vou te contar tudo se você prometer que não vai tentar me matar – ele disse aparentemente se divertindo com a situação e ignorando a raiva que eu estava sentindo.

Eu sai do quarto e fui esperar no corredor antes que eu tacasse algum móvel do quarto nele e acabasse acordando a minha afilhada.

EnviadosOnde histórias criam vida. Descubra agora