Capítulo 44

1.7K 155 10
                                    

Música sugerida para leitura: Ryan Star - Losing Your Memory

– Oi.

Encontrei Sebastian no nosso antigo quarto. Ele estava com um copo na mão e visivelmente curtindo um momento de reflexão profunda pois nem se movimentou quando entrei no quarto.

– Sebastian, eu acho que...

– Você quer que eu jure que o nosso amor vai ser eterno? Eu posso fazer isso, Leni. Você também pode fazer isso e mudar de ideia no futuro.

– Eu só fiquei insegura, ok? Toda essa história da Martha com o seu pai me fez ficar com medo de me tornar uma versão 2.0 dela.

– É compreensível. Eu entendo seu ponto, Leni, de verdade mas você querer uma promessa vitalícia é um pouco utópico. Nós somos loucos um pelo outro, eu me esforçarei muito para ser um ótimo pai e um marido parceiro mas juras de amor nunca garantiram um relacionamento perfeito. Creio que o mais importante é nos respeitarmos e respeitarmos a relação que temos.

Eu fiquei em silêncio e me aproximei de Sebastian. Ele ainda não me encarava e mesmo quando coloquei minha mão em cima da dele Sebastian parecia muito mais interessado no copo que ele segurava com a outra mão.

– Eu penso exatamente como você, querido.

– Que bom. Acima de tudo acho que confiança é um bem muito precioso e eu sei que causei rachaduras nisso quando te trai. Eu entendo, assumo e já me desculpei centenas de vezes por esse erro. Contudo, Leni, se você acha que não pode confiar em mim eu acho que essa discussão é muito maior.

Dito isso Sebastian levantou, pegou o copo e saiu do quarto. Por um segundo me senti muito babaca por ter surtado sem um motivo palpável, depois me senti babaca por exigir uma promessa de amor eterno. Levou cerca de três minutos para meus hormônios de grávida surtarem e eu finalmente cair em lágrimas. Em meio a confusão hormonal vi que Berilo tinha entrado no quarto e me abraçava de maneira gentil.

– Você precisa se acalmar, Helen. Quer que eu chame alguém?

– Não... eu só preciso... de um tempo.

– Vou sair pra pegar água, ok? Quer que eu chame Sebastian?

Nesse momento enquanto Berilo me abraçava e conversa calmamente comigo a porta do quarto se abriu e, para minha surpresa, Sebastian entrou como um furacão.

– Que porra é essa?

Berilo deu um pulo e me soltou. Eu, ainda totalmente confusa pela crise do choro, só conseguia encarar o meu marido e sua expressão assassina.

– Berilo me ouviu e entrou pra ver se estava tudo bem.

– O que eu vi aqui foi mais do que isso. Estava abraçando a minha mulher por qual motivo? – ele disse encarando Berilo.

– Eu só queria ajudar, cara. Ouvi alguém chorando e quando vi que era a Helen fiquei preocupado com as crianças. Não seja infantil, todo mundo sabe que estou com Régia.

– Sério? Da última vez que eu soube você estava dando crise por que ela não quis um relacionamento sério contigo.

– Sebastian, ele só veio me ajudar, para de show – eu disse cansada.

– Show? Você acaba de surtar com uma história hipotética que envolve o fim apocalíptico do nosso relacionamento, eu saio pra dar uma volta e quando chego aqui você está nos braços de outro homem. Só eu que estou confuso?

– Cara, numa boa, sua mulher grávida tava se esvaindo em lágrimas e você tá confuso? Eu vou ser bem franco contigo: simplesmente pare. Eu não sei qual o problema de vocês mas sei de uma coisa: ficar vendo pelo em ovo não vai resolver a situação. Eu vou estar lá fora, Helen, se precisar de alguma coisa é só me chamar.

Berilo saiu mas antes me encarou com uma expressão que dizia "se você gritar eu derrubo essa porta e te levo pra longe desse babaca". Sebastian esperou ele sair para, finalmente, me encarar e dizer de uma maneira bem fria.

– Eu não quero discutir com você, Leni. Vou esfriar a cabeça e amanhã a gente vê como fica isso tudo. Vou para o meu outro quarto.

Assisti a sua partida e, durante aproximadamente cinco minutos, fiquei esperando meu marido voltar, me desculpar e fazer sexo reconciliatório. Depois de mais de quinze minutos esperando nada aconteceu então eu deitei na cama, fechei os olhos e tentei pegar no sono mesmo com o coração na boca.

EnviadosOnde histórias criam vida. Descubra agora