Capítulo 29

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Música sugerida para leitura: Maroon 5 - Come Away to the Water

– Você em algum momento cogitou me contar sobre o seu encontro com Euro?

Sebastian tinha entrado no meu quarto quando eu havia acabado de sair do banho. Eu usava camiseta branca, um short de pano e meus cabelos ainda estavam ligeiramente molhados. Assim que sai do banheiro e entrei no quarto seus olhos foram imediatamente para os meus seios. Era nítido o dilema. Seu corpo me queria mas seu cérebro lutava com uma questão moralista babaca, isso mesmo depois de quase ter dormido com outra mulher.

– Não foi nenhum pouco romântico, pode ficar calmo. A alma de Euro está em um corpo totalmente desconhecido e não possui memória.

– Mesmo assim. Você foi pra cama com esse cara, no caso, com a alma dele. Não achou que eu poderia me sentir um pouco incomodado por esse reencontro?

– O que você quer que eu diga, Sebastian? – eu disse realmente perdendo a paciência enquanto o encarava com uma expressão frustrada.

– Eu sabia que você acabaria surtando sem a menor necessidade. Eu escolhi a gente, ok? Eu escolhi você e não ele! Me preocuparei com Euro até o fim dos meus dias pois ele salvou a minha vida e cuidou de mim quando eu mais precisei. Você não precisa ficar pensando que vou transar com Euro ou qualquer outro homem na primeira oportunidade. Isso simplesmente não vai acontecer por que eu te amo e jamais te desrespeitaria dessa forma. Se eventualmente eu me sentir atraída por outro homem tratarei desse assunto da maneira justa e sincera possível para não magoar ninguém. Você quase foi pra cama com outra mulher por insegurança. Eu não sou insegura, Sebastian. Se um dia eu decidir ir pra cama com outro homem eu farei isso somente após te explicar todos os motivos que me fizeram desistir do nosso casamento.

Tudo aconteceu muito rápido. Eu um momento eu encarava Sebastian com uma expressão dura e no momento seguinte ele estava em cima de mim. Suas mãos alcançaram a minha camiseta e ouvi apenas um barulho antes dela cair no chão. A boca de Sebastian me beijava com uma urgência deliciosa enquanto suas mãos apalpavam meus seios. Gentilmente ele me levou até a minha cama e deitou de barriga pra cima. Um convite totalmente claro para me deixar no comando daquela noite. Rapidamente me livrei do resto das minhas roupas e montei no corpo de Sebastian aproveitando o contato com cada parte do seu corpo. Quando comecei a me mover em um ritmo intenso ouvi apenas meu nome e alguma coisa sobre ele nunca mais correr o risco de ficar sem mim.

Com o treinamento intensivo e a lista de atividades eu acabei me afastando de Belo Vale enquanto Lara e Maria Clara ficavam na minha casa. Depois de quase três semanas sem aparecer decidi passar o dia com a minha melhor amiga. Pedi para Régia me levar quando não consegui encontrar Sebastian depois da noite de sexo intensa. Minha cunhada me deixou na cachoeira e em seguida eu fui caminhando pela passagem conhecida que me levava até a casa. A primeira coisa estranha que encontrei foi o segundo carro na garagem. Comecei a caminhar mais rápido e abrir a porta abruptamente. Quando olhei para a sala principal meu coração parou por alguns segundos. Lara estava no chão brincando com Maria Clara que morria de rir das palhaçadas da mãe. Nada no mundo me prepararia para o choque ao ver o homem que estava ao lado de Lara. Ele a abraçava e morria de rir das gargalhadas da Maria Clara. Quando o casal finalmente me viu eu tive que reunir forças me aproximar.

– Oi amiga! – Lara levantou em um pulo e veio na minha direção me envolvendo em um abraço apertado.

– Desculpe aparecer sem avisar – eu disse sem jeito encarando a minha amiga e ignorando o homem.

– Tecnicamente a casa é sua. Vem aqui, deixa eu te apresentar ao Lucas.

Era estranho saber que dentro daquele corpo a alma de Euro ainda vivia e que de alguma forma doentia ele poderia me matar a qualquer momento. Me aproximei e apertei a mão que ele tinha estendido na minha direção.

– Nos conhecemos perto da sua casa, amiga. Ele trabalhava em um cafeteria ali perto.

– Isso mesmo! Você nem pra me falar, danadinha.

– Que mundo pequeno né? – Lucas riu e me encarou com uma expressão engraçada. Ele não fazia ideia do quanto eu estava aterrorizada com aquele cenário. O último Enviado estava namorando a minha melhor amiga e morando na mesma casa. Era um inferno atrás do outro.

– Lara, podemos conversar rapidinho a sós? Coisa de mulher.

Lucas deu de ombros e foi pra cozinha preparar alguma coisa. Peguei Maria Clara no colo para matar um pouco da saudade. Ele estava ainda mais gordinha e com uma expressão que dizia "ei, você não tem leite!".

– Você não gostou dele? – Lara me encarou com uma expressão de cortar o coração.

– Não é isso. Eu só não quero que você se machuque, ok?

– Eu sei. Também não quero traumatizar a minha filha com meu péssimo gosto para escolher homem mas o Lucas é diferente, sabe? Eu comecei a conversar com ele em um dia realmente difícil depois da separação. Ele me entendeu e me deu toda a atenção do mundo.

– Eu fico muito feliz por você, Lara. Você merece ser extremamente feliz. Só estou te pedindo pra ir com calma e deixando claro que se precisar enfiar o cacete nesse cara eu estou do seu lado.

Nos abraçamos e isso fez Maria Clara dar alguns gritinhos de protestos. Eu estava aproveitando o momento quando vi um movimento. Lucas estava saindo da cozinha e vindo em direção a sala segurando uma faca enorme na mão. Meu primeiro instinto foi puxar Lara pra trás de mim e segurar a Maria Clara de lado para poder entregá-la e assim conseguir lutar com ele. Assim que viu me expressão totalmente assustada Lucas parou onde estava e levantou a vaca.

– Ei, essa é a faca que vocês usam para cortar carne? Vou organizar as coisas para começarmos a fazer o estrogonofe.

– É essa sim, Lucas. Tudo bem, amiga? – Lara se aproximou lentamente e pegou Maria Clara no colo ao perceber que eu estava com dificuldade em respirar.

– Sim. Só estou com fome mesmo.

Enquanto tentava controlar minha respiração e não parecer uma louca comecei a pensar em que merda eu tinha me metido quando resolvi me envolver com um semi-deus. Agora eu tinha que matar o namorado da minha amiga que tinha a alma do meu ex que já tinha sido morto pelo meu marido. A vida estava cada vez mais filha da puta comigo.

EnviadosOnde histórias criam vida. Descubra agora