Capítulo 12

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 Música sugerida para leitura: Brooke Waggoner- Fresh Pair of Eyes

Abri os olhos e encontrei a lua na janela branca do meu quarto. Olhei pra baixo e vi que o vestido não estava comigo, no lugar eu vestia uma camisola branca de renda e decotada. Meu cabelo era um emaranhado de galhos e terra e eu prendi o fôlego quando percebi que estava sem roupa íntima.

Tentei levantar mas a tontura me atingiu sem piedade, fui amparada por mãos macias e ao mesmo tempo grosseiras. Eu reconheceria aquelas mãos em qualquer lugar do mundo.

– O que aconteceu? – perguntei com a voz fraca.

– Te salvei. Simples assim.

– Cadê Euro? Os Guardiões? Berilo?

– Berilo está na cama com Régia nesse momento, os dois saíram do jantar felizes e contentes demais. Acho que ela quer me dar alguma lição de independência, coitada... Se ela realmente dormir com ele o casamento será cancelado.

– O que? Berilo se jogou para cima de Régia? E você não fez nada? – eu estava perplexa mas Sebastian ainda segurava minha cintura com medo que eu tombasse para frente.

– Sou um homem liberal. Se ela não quer mais ficar comigo eu entendo, meu pai também entende. Vida que segue.

– Eu dei algumas dicas para ela, para ela te conquistar, mas isso não incluía roubar o cara que estava comigo. Ela fez de propósito!

– A amizade feminina me cativa, mas isso não é da minha conta. O que importa mesmo é que nem Euro nem os Guardiões estavam lá na hora do ataque do novo Enviado. Você demonstrou uma fraqueza e não tinha ninguém para te proteger. Fiquei sabendo dos seus atos heroicos mas quando te encontrei você estava em uma posição bastante desconfortável.

– Não precisa ser irônico. Eu realmente... não fui forte o bastante. Eu não consegui atacá-lo.

– Ele não era nosso filho.

A ardência nos meus olhos atingiu o limite e me vi chorando copiosamente enquanto Sebastian sentava-se na cama e me puxava para seu colo. Ele me abraçou forte e pela primeira vez desde muito tempo senti seu coração acelerado e seu perfume que eu tanto amava. Demorei um tempo para perceber o motivo do corpo dele estar tremendo e só depois vi que ele estava chorando enquanto me abraçava e dizia algo como "Por que nós dois?". Eu queria me afastar, queria levantar daquela cama e nunca mais olhar na cara do homem que me fez sofrer, mas eu não conseguia me mover. Ser tocada daquela forma, ser cuidada daquela maneira era tudo que eu precisava. Eu queria cuidar de Sebastian, queria cobri-lo com todo o amor que meu coração tinha e meu cérebro me forçava a negar.

Naquele instante não importava se Euro tinha desaparecido e se Berilo estava na cama de Régia, nada disso era importante diante da presença de Sebastian. Ele estava ali, na minha cama, chorando e precisando do meu carinho. Eu me odiei por sentir uma felicidade tão grandiosa por tê-lo ao meu lado.

– Eu não acreditei quando vi, era o nosso filho, era o nosso filho te matando. Eu quase não consegui reagir, só recobrei a consciência quando te vi coberta de sangue. Eu não suportaria te perder.

– Você já me perdeu.

– Mas ainda posso te ver de longe, saber notícias dos seus feitos, ainda tenho certeza que você está viva. Não suportaria viver com a certeza de que você não está ao meu alcance – ele disse me abraçando mais forte e beijando meu pescoço aonde as marcas do ataque ainda doíam.

– Você nunca me procurou, Sebastian. Você nunca mais me procurou depois de Euro e eu nem tinha certeza se o amava. Você virou as costas no momento mais difícil da minha vida que foi a morte da minha avó. E eu te amava mesmo assim, eu te amei por muito tempo mesmo depois de todo seu egoísmo.

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