Capítulo 36

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Música sugerida para leitura: Sara Bareilles - Breath Again

– Lucas. Eu realmente vou vomitar.

Estávamos voltando para a minha casa em Belo Vale. O grande problema era a estrada e meu enjoo cada vez mais irritante. Chovia bastante e Lucas demonstrava total falta de aptidão como motorista. Na terceira vez que eu pedi para ele parar sua paciência já estava no limite.

– Tudo bem. Tem um posto ali. Podemos parar e comer alguma coisa.

– Se eu comer alguma coisa vou vomitar ainda mais. Só preciso usar o banheiro e lavar o rosto, tudo bem? Fique a vontade para comer algo.

Desci correndo do carro me molhando completamente. A chuva torrencial não diminuiu mesmo depois de alguns minutos esperando. Como não queríamos pegar a estrada de noite Lucas decidiu seguir viagem. Ele tinha concordado em me levar de volta para casa depois de mais uma pouco de conversa. Era óbvio que o enviado ainda estava na equação mas aparentemente ele estava conseguindo ser razoável.

– Eu espero que a gente consiga sair da estrada antes do anoitecer – ele disse mais pra si mesmo quando já estávamos andando em uma velocidade reduzida tentando enxergar através da chuva.

– Eu também espero – concordei.

Seguimos lentamente com o carro, um jazz tocava baixo no rádio e eu já estava quase adormecendo quando tudo aconteceu. Um barulho enorme, uma sensação de estar me movendo e em seguida escuridão.

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3 dias depois

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– Acorda, meu amor.

A voz de Sebastian veio de um lugar muito, muito distante. Precisei me esforçar muito para me concentrar o suficiente para abrir os olhos.

– Meus filhos... como estão os meus filhos?

– Fique tranquila, meu bem. Os dois estão bem.

– O que houve? Cadê o Lucas?

– Um caminhão perdeu o controle e bateu em vocês na estrada. O Lucas ainda está em um quadro clínico complicado.

– Ai meu deus. A culpa é toda minha – eu disse tentando levantar da cama sem sucesso.

– Meu amor, foi um acidente.

– Eu que insisti para voltarmos naquela chuva. Eu deveria ter esperado. Meu deus, Sebastian. Ele pode morrer por minha causa – eu disse realmente assustada por esse possibilidade.

– Calma, Leni. Você precisa se manter tranquila pelo bem dos nossos filhos. Meu pai, Lara, Baco e Celena estão lá fora. Vou pedir para alguém ficar aqui com você enquanto tento descobrir detalhes sobre a situação do Lucas. Vai dar tudo certo.

Minha melhor amiga entrou no quarto e imediatamente eu perdi toda a compostura chorando como uma criança. Lara me abraçou e chorou comigo como só duas amigas descontroladas conseguem fazer.

– Que susto, Leni! Eu quase morri do coração quando Sebastian me explicou.

– Ai Lara. Eu nunca vou me desculpar se acontecer alguma coisa com o Lucas.

– Eu não entendi isso também. O Sebastian me disse que você foi viajar com ele mas por que você faria isso? Ele tinha sequestrado a Maria Clara. Eu deveria denunciá-lo para a polícia.

– Você tem toda razão, Lara. Acontece que o Lucas e eu conseguimos chegar em um consenso. Eu aceitei viajar com ele.

– Amiga, suas histórias são cada vez mais esquisitas mas não preciso saber disso agora. Você precisa ficar calma para o bem dos bebês.

Lara passou o resto da tarde comigo enquanto eu oscilava entre o sono e o susto por acordar em um quarto de hospital. No início da noite Sebastian voltou com uma expressão sombria.

– Oi meu amor, você se sente melhor? – ele perguntou.

– Sim. Como está o Lucas? Ele está melhor?

– Ele saiu do coma, Leni.

– Que notícia boa, amor!

– Só tem um pequeno detalhe: ele acabou batendo com a cabeça na hora do choque. Ele perdeu a memória novamente.

– E o que isso quer dizer?

– Quer dizer que só quando ele acordar vamos saber se ele é Lucas, Euro ou o Enviado.

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