Música sugerida para leitura: Sara Bareilles - Breath Again
– Lucas. Eu realmente vou vomitar.
Estávamos voltando para a minha casa em Belo Vale. O grande problema era a estrada e meu enjoo cada vez mais irritante. Chovia bastante e Lucas demonstrava total falta de aptidão como motorista. Na terceira vez que eu pedi para ele parar sua paciência já estava no limite.
– Tudo bem. Tem um posto ali. Podemos parar e comer alguma coisa.
– Se eu comer alguma coisa vou vomitar ainda mais. Só preciso usar o banheiro e lavar o rosto, tudo bem? Fique a vontade para comer algo.
Desci correndo do carro me molhando completamente. A chuva torrencial não diminuiu mesmo depois de alguns minutos esperando. Como não queríamos pegar a estrada de noite Lucas decidiu seguir viagem. Ele tinha concordado em me levar de volta para casa depois de mais uma pouco de conversa. Era óbvio que o enviado ainda estava na equação mas aparentemente ele estava conseguindo ser razoável.
– Eu espero que a gente consiga sair da estrada antes do anoitecer – ele disse mais pra si mesmo quando já estávamos andando em uma velocidade reduzida tentando enxergar através da chuva.
– Eu também espero – concordei.
Seguimos lentamente com o carro, um jazz tocava baixo no rádio e eu já estava quase adormecendo quando tudo aconteceu. Um barulho enorme, uma sensação de estar me movendo e em seguida escuridão.
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3 dias depois
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– Acorda, meu amor.
A voz de Sebastian veio de um lugar muito, muito distante. Precisei me esforçar muito para me concentrar o suficiente para abrir os olhos.
– Meus filhos... como estão os meus filhos?
– Fique tranquila, meu bem. Os dois estão bem.
– O que houve? Cadê o Lucas?
– Um caminhão perdeu o controle e bateu em vocês na estrada. O Lucas ainda está em um quadro clínico complicado.
– Ai meu deus. A culpa é toda minha – eu disse tentando levantar da cama sem sucesso.
– Meu amor, foi um acidente.
– Eu que insisti para voltarmos naquela chuva. Eu deveria ter esperado. Meu deus, Sebastian. Ele pode morrer por minha causa – eu disse realmente assustada por esse possibilidade.
– Calma, Leni. Você precisa se manter tranquila pelo bem dos nossos filhos. Meu pai, Lara, Baco e Celena estão lá fora. Vou pedir para alguém ficar aqui com você enquanto tento descobrir detalhes sobre a situação do Lucas. Vai dar tudo certo.
Minha melhor amiga entrou no quarto e imediatamente eu perdi toda a compostura chorando como uma criança. Lara me abraçou e chorou comigo como só duas amigas descontroladas conseguem fazer.
– Que susto, Leni! Eu quase morri do coração quando Sebastian me explicou.
– Ai Lara. Eu nunca vou me desculpar se acontecer alguma coisa com o Lucas.
– Eu não entendi isso também. O Sebastian me disse que você foi viajar com ele mas por que você faria isso? Ele tinha sequestrado a Maria Clara. Eu deveria denunciá-lo para a polícia.
– Você tem toda razão, Lara. Acontece que o Lucas e eu conseguimos chegar em um consenso. Eu aceitei viajar com ele.
– Amiga, suas histórias são cada vez mais esquisitas mas não preciso saber disso agora. Você precisa ficar calma para o bem dos bebês.
Lara passou o resto da tarde comigo enquanto eu oscilava entre o sono e o susto por acordar em um quarto de hospital. No início da noite Sebastian voltou com uma expressão sombria.
– Oi meu amor, você se sente melhor? – ele perguntou.
– Sim. Como está o Lucas? Ele está melhor?
– Ele saiu do coma, Leni.
– Que notícia boa, amor!
– Só tem um pequeno detalhe: ele acabou batendo com a cabeça na hora do choque. Ele perdeu a memória novamente.
– E o que isso quer dizer?
– Quer dizer que só quando ele acordar vamos saber se ele é Lucas, Euro ou o Enviado.
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PertualanganContinuação do Livro "Melhor Parte" Deixar sentimentos para traz nem sempre é parte mais fácil. A vida é capaz de nos surpreender a cada esquina, cada desvio de rota e nem sempre estamos preparados para tantas mudanças. Isso não significa que precis...