Música sugerida para leitura: Stateless - Bloodstream
– Sebastian?
– Sim, querida. Consegui me infiltrar no seu sonho.
– Eu já disse que você é incrível?
Eu estava em um lugar paradisíaco com um vestido longo e o cabelo preso. Sebastian usava uma roupa branca e eu fiquei me perguntando quanto tempo ele tinha levado para pensar naquele cenário.
– Você consegue dizer aonde você está?
– Não. Quando cheguei estava inconsciente e ele me mantém presa.
– Certo. Querida, eu não tenho boas notícias.
– As Parcas.
– Exato. Esse homem vai te matar no minuto que nossos filhos nascerem e ele não está disposto a esperar o fim natural da gravidez.
– Oi?
– Ele não vai esperar o tempo certo. Martha deu instruções claras para ele conseguir essas crianças o mais rápido possível. Nós precisamos pensar em um jeito de te tirar daí.
– Certo? Zeus não consegue me encontrar?
– Baco, Hades, meu pai e eu estamos pensando em todas as possíveis alternativas.
– Estou sozinha por enquanto. Esse é o resumo.
– Sim, meu amor. Mas estamos todos aqui pensando em uma forma de te resgatar.
O sonho acabou e eu acordei novamente presa na cama. O homem já tinha trazido meu café da manhã e, para minha surpresa, ele tinha trazido a minha melhor esperança: um pequeno arame prendendo o guardanapo. Imediatamente peguei o arame e comecei a trabalhar nas minhas algemas. Levei aproximadamente duas horas pra soltar um braço. Meu corpo já estava exausto e dolorido pelo esforço então coloquei a algema de uma forma que parecesse ainda estar presa e fechei os olhos pra descansar um pouco. Pouco depois o homem voltou a entrar no quarto.
– Eu realmente espero que você não tente nada idiota.
– Eu não fiz nada.
– E nem vai fazer.
Ele disse, se aproximou de mim e fechou novamente a algema que eu tinha levado horas pra abrir. Câmeras. A merda do quarto tinha câmeras!
– Me entregue o arame.
Eu entreguei com uma expressão fechada mas ele parecia se divertir. Eu estava realmente cada vez com menos opções.
– Preciso ir ao banheiro.
– Claro. Vou te levar. Como eu disse antes: nada de tentar coisas idiotas.
Acenei com a cabeça e esperei ele me soltar de vez. No segundo que me com os braços e pernas livres sabia que era hora de agir. Levantei rapidamente da cama e pulei no pescoço dele. Meu objetivo era claro: asfixia. Felizmente descobri uma alternativa ainda mais fantástica quando percebi que ele tinha uma arma na cintura. Ele soube o que eu tinha em mente alguns segundos depois. E foi um erro. A arma estava na cintura dele então simplesmente me contorci, apoiei meu corpo, peguei a arma e atirei. Se você nunca atirou em alguém fica uma dica: o barulho do disparo é ensurdecedor mas o silêncio após o disparo é ainda pior. Consegui me soltar e ver o corpo inerte cair na minha frente. Eu sabia que deveria simplesmente virar as costas e sair daquele lugar mas um desejo de vingança se apoderou do meu corpo. Martha, o Enviado, o destino por ter sido tão injusto e cruel nos últimos meses. Cada disparo no corpo inerte era uma libertação. Quando acabei estava exausta, completamente suja de sangue e com os sentimentos confusos. Ajoelhei na outra extremidade do corpo e vomitei por algum tempo. Levei minutos (ou horas?) para reunir forças e sair do quarto. Encontrei o celular do homem em cima da única mesa dentro do apartamento vazio. Liguei para Sebastian e torci para ele conseguir rastrear a ligação de alguma forma. No segundo toque ele atendeu.
– Alô.
– Sou eu. O enviado está morto. Eu preciso que alguém venha me buscar.
– Eu estou indo, querida. Eu te amo.
Então eu sentei no chão e comecei a tremer violentamente. Eu finalmente estava livre. Só restava saber se aquilo tinha sido o suficiente para garantir a minha imortalidade e meu passaporte para o Olimpo.
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AdventureContinuação do Livro "Melhor Parte" Deixar sentimentos para traz nem sempre é parte mais fácil. A vida é capaz de nos surpreender a cada esquina, cada desvio de rota e nem sempre estamos preparados para tantas mudanças. Isso não significa que precis...