Capítulo 24

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Música sugerida pra leitura: Coldplay - Yellow

Voltei pra casa e segui em direção ao meu quarto. O lugar estava vazio então resolvi ir para o salão principal pra jantar. Assim que cheguei fui recebida por uma Régia absurdamente radiante.
– Oi amiga! Me acertei com Berilo.
– Sério? Que coisa ótima!
– Ele entendeu meu lado e aceitou esperar meu tempo antes da gente levar a relação mais adiante. Um querido né?
– É um direito seu, Régia. Ninguém é obrigado a se relacionar com ninguém. Estamos falando de união consensual e não regime semiaberto.
– Verdade, amiga. Por sorte a gente se entendeu. Soube que você e Sebastian andaram se estranhando. Já se resolveram?
– Ai Régia, o buraco tá cada vez mais embaixo. Vamos ver como fica a situação. Você viu Sebastian por aí?
– Ele estava nos jardins.
Me despedi de Régia e fui atrás do meu marido. Eu confesso que a situação inteira era tão estapafúrdia que eu precisava conversar com Sebastian pra tentar me situar. Quando me aproximei do jardim imponente com árvores, flores e um aroma agradável vi Sebastian sentado encarando a lua. Me aproximei lentamente e quando ele me viu ficou acompanhando meus movimentos.
– Oi.
– Oi Leni.
Me sentei ao lado dele no chão e comecei a encarar a lua também. Percebi que Sebastian me dava total atenção mas decidi ignorar para não me perder no seu olhar.
– A gente vai se separar? – ele perguntou em um tom sério e visivelmente abatido.
– Eu não sei, Sebastian. Como eu te disse ontem as relações que eu tive foram quando eu estava solteira e a minha reaproximação com Euro foi totalmente por curiosidade e preocupação. Como vou voltar a confiar em você depois disso?
– Eu estraguei tudo, Leni – ele disse colocando as mãos na cabeça e fechando os olhos.
– Você ainda me ama?
– É claro que eu te amo. Eu fui burro, ciumento e completamente infantil por querer te machucar mas eu fiz isso por insegurança. Com certeza não justifica meus atos mas a insegurança me fez agir como um babaca.
– E se eventualmente acontecer alguma coisa que te incomode você vai voltar a ir atrás de outra mulher?
– Não, Leni. Eu não vou mais te desrespeitar dessa forma.
– Certo. Bem, palavras são só palavras mas o fato indiscutível é que teremos um filho então mesmo que a nossa situação como casal fique esquisita o nosso relacionamento como pais precisa ser amigável.
– Meu amor, eu não pretendo me afastar de você.
– Eu sei, Sebastian, mas seria mentira minha dizer que não estou magoada pela situação. Todo mundo no Olimpo já sabe da história. Você acha que é fácil? Se fosse ao contrário você gostaria?
Sebastian balançou a cabeça em negativa e pela primeira vez nossos olhos se encontraram. Sua expressão era triste mas eu sabia que precisava deixar claro pra ele que aquela atitude não seria um padrão na nossa relação. Traição não tem justificativa ou desculpa. Eu o amava e me cortava o coração vê-lo daquele jeito mas eu sabia que se não fosse dura ele poderia cogitar a fazer aquilo outra vez. Então com o coração apertado e algumas lágrimas nos olhos eu me levantei e sai andando antes de falar minha última decisão.
– Estou temporariamente me mudando pra outro quarto. Vamos ver como isso fica com o passar dos dias.

Peguei um quarto com uma vista maravilhosa e fiquei o máximo de tempo na cama. Quando já estava entediada levantei e decidi que precisava encontrar minha amiga. Quando bati na porta de Lara fui recebida com um abraço apertado e logo Maria Clara estava no meu colo.
– Como vocês estão?
– Bruno assumiu tudo. Eles têm um caso há dois anos. Se conheceram em um bar e mantém sexo casual desde então.
– Eu sinto muito, amiga.
– Eu não, Leni. Sempre fui apaixonada por Bruno, me dediquei a essa relacionamento de corpo e alma. Se ele não soube reconhecer eu não posso me sentir culpada.
– Claro. E o que vocês decidiram? Vão se divorciar?
– Sim. Ele já começou a ver os papéis e eu decidi que quero voltar pra Belo Vale. Já estou procurando uma casa pois não tenho mais idade pra morar com meus pais e quero criar a Maria Clara do meu jeito.
– Que tal você ficar na minha casa?
– Bem, aquela casa vazia é um desperdício né. Eu posso te pagar um aluguel.
– Deixa de bobeira, Lara. Vai ser um prazer ter você e a Maria Clara lá. Eu estou pensando até em passar uns dias lá. Podemos voltar a fazer nossas festas do pijama.
– Eu te amo, amiga. Obrigada por tudo.
Lara e eu trocamos um abraço amassando Maria Clara e em seguida ela foi terminar de limpar a cozinha. Com Maria Clara no meu colo e Lara calmamente arrumando a casa eu soube que tinha uma ótima opção para me distrair enquanto Sebastian lidava com seus dilemas morais. Eu ajudaria a minha amiga a seguir em frente e aproveitaria esse tempo para fazer o meu marido me valorizar. Parecia um bom plano.

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