Viemos para Santa Catarina. Meus pais, meus amigos, eu... Estávamos no funeral. Meus pais estavam abraçados e Paulo me abraçava. Ele era um ótimo amigo.
- Bom... Clara era uma ótima irmã, amiga e, na horas vagas se comportava como a minha mãe. - escutei alguns risos - Era uma garota extraordinária, sempre queria proteger a todos, e eu sempre ouvia ela dizer que gostaria de me guardar num potinho. Posso dizer que apesar de eu ser a irmã mais velha, ela era a mais madura. Ela guardava seus sentimentos, seus segredos tão bem só para... para não machucar os outros. Era incrível como ela me fazia sorrir, mesmo quando o dia não estava sendo bom. Era incrível como o humor dela contagiava qualquer um... - fiz uma pausa, tentando recuperar minhas forças para continuar - Há algumas semanas ela me revelou uma coisa do seu passado e isso me surpreendeu, eu me perguntava como ela conseguiu guardar aquela dor só para ela. Sinceramente, acho é a pessoa mais forte que já conheci. Estou enterrando o corpo dela, mas isso não quer dizer que ela estará longe de mim, pelo contrário, ela sempre estará por perto, aonde quer que eu vá. E sei que ela não gostaria de nos ver tristes, e se ainda estou aqui é por ela. Confesso, não tenho a mínima vontade de continuar, mas sei que esse não seria o conselho que ela me daria. Também gostaria de falar sobre Miguel.
- O funeral dele já aconteceu, foi mais cedo, não precisa falar mais nada. - ouço a voz de uma vizinha
- Minha infância foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida, afinal, meus amigos eram os melhores. Eu e minha irmã crescemos brincando com o nosso vizinho, Miguel. - comecei, ignorando a senhora - Sei que não é o velório dele mas, eu sei a dor que seus pais estão sentindo e sei que devo muito a eles. Souberam criar Miguel, não é todo dia que você conhece um garoto que seja comportado, romântico e protetor como ele. Se eu soubesse o que aconteceria teria feito tudo diferente, aproveitaria mais. Essas duas pessoas fizeram a minha vida valer a pena, e não quero que elas sejam lembradas com tristeza, pois todos nós sabemos que eles não queriam isso para a gente. Vamos nos lembrar dos dois com um largo sorriso no rosto, vamos continuar por eles!
Respiro fundo, tentando segurar minhas lágrimas depois de ver o caixão da minha irmã sendo colocado na cova. Joguei algumas flores e todos fizeram o mesmo. Meu óculos escuro estava disfarçando as olheiras que eu ganhei.
Depois do enterro, me despedi dos meus amigos. Eles voltariam para São Paulo e eu continuaria aqui com meus pais.
- Adeus, Carla.
- Adeus... - o abracei - Eu queria te agradecer por ter me apoiado nesse momento, apesar dos nossos desentendimentos.
- Nunca deixaria de te apoiar... - forçou um sorriso triste - Espero que você seja feliz aqui.
- E eu espero que você seja feliz lá com seu filho e com... a sua mulher.
- Você sabe quem é a mulher da minha vida.
- Não, acho melhor a nossa história ter um ponto final aqui. - falei decidida
- Ok, você que sabe...
Ele virou de costas e se direcionou aos outros meninos. Anna e Evelyn se aproximaram de mim. Me abraçaram.
- Quando a gente vai se ver de novo? - perguntei
- Não sei... Minha mãe decidiu que não posso mais morar em São Paulo. - Evelyn lamentou
- Os meus pais também...
- Então, vocês vão vender o apartamento?
Elas se entreolharam.
- Nós já vendemos.
- Já!?
- Antes mesmo de Clara morrer nossos pais já estavam nos pressionando, e eu e Evelyn percebemos que eles tinham razão. - suspirou - Decidimos vender o apartamento, e não te falamos antes por medo da sua reação. Sabemos que aquele apartamento significou muita coisa.
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Que Sorte A Nossa ( FLY )
RomanceUm apartamento, três amigas, contas, bagunças, brigas, drama, risos e, o melhor de todos: romance. Carla, Evelyn e Anna têm suas vidas mudadas após uma viagem. Elas conhecem Nathan, Paulo e Caíque. Mas o que elas não sabiam é que, a aproximação com...