Cap. 50 - Não Acabou, Vadia!

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Viemos para Santa Catarina. Meus pais, meus amigos, eu... Estávamos no funeral. Meus pais estavam abraçados e Paulo me abraçava. Ele era um ótimo amigo.

- Bom... Clara era uma ótima irmã, amiga e, na horas vagas se comportava como a minha mãe. - escutei alguns risos - Era uma garota extraordinária, sempre queria proteger a todos, e eu sempre ouvia ela dizer que gostaria de me guardar num potinho. Posso dizer que apesar de eu ser a irmã mais velha, ela era a mais madura. Ela guardava seus sentimentos, seus segredos tão bem só para... para não machucar os outros. Era incrível como ela me fazia sorrir, mesmo quando o dia não estava sendo bom. Era incrível como o humor dela contagiava qualquer um... - fiz uma pausa, tentando recuperar minhas forças para continuar - Há algumas semanas ela me revelou uma coisa do seu passado e isso me surpreendeu, eu me perguntava como ela conseguiu guardar aquela dor só para ela. Sinceramente, acho é a pessoa mais forte que já conheci. Estou enterrando o corpo dela, mas isso não quer dizer que ela estará longe de mim, pelo contrário, ela sempre estará por perto, aonde quer que eu vá. E sei que ela não gostaria de nos ver tristes, e se ainda estou aqui é por ela. Confesso, não tenho a mínima vontade de continuar, mas sei que esse não seria o conselho que ela me daria. Também gostaria de falar sobre Miguel.

- O funeral dele já aconteceu, foi mais cedo, não precisa falar mais nada. - ouço a voz de uma vizinha

- Minha infância foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida, afinal, meus amigos eram os melhores. Eu e minha irmã crescemos brincando com o nosso vizinho, Miguel. - comecei, ignorando a senhora - Sei que não é o velório dele mas, eu sei a dor que seus pais estão sentindo e sei que devo muito a eles. Souberam criar Miguel, não é todo dia que você conhece um garoto que seja comportado, romântico e protetor como ele. Se eu soubesse o que aconteceria teria feito tudo diferente, aproveitaria mais. Essas duas pessoas fizeram a minha vida valer a pena, e não quero que elas sejam lembradas com tristeza, pois todos nós sabemos que eles não queriam isso para a gente. Vamos nos lembrar dos dois com um largo sorriso no rosto, vamos continuar por eles!

Respiro fundo, tentando segurar minhas lágrimas depois de ver o caixão da minha irmã sendo colocado na cova. Joguei algumas flores e todos fizeram o mesmo. Meu óculos escuro estava disfarçando as olheiras que eu ganhei.

Depois do enterro, me despedi dos meus amigos. Eles voltariam para São Paulo e eu continuaria aqui com meus pais.

- Adeus, Carla.

- Adeus... - o abracei - Eu queria te agradecer por ter me apoiado nesse momento, apesar dos nossos desentendimentos.

- Nunca deixaria de te apoiar... - forçou um sorriso triste - Espero que você seja feliz aqui.

- E eu espero que você seja feliz lá com seu filho e com... a sua mulher.

- Você sabe quem é a mulher da minha vida.

- Não, acho melhor a nossa história ter um ponto final aqui. - falei decidida

- Ok, você que sabe...

Ele virou de costas e se direcionou aos outros meninos. Anna e Evelyn se aproximaram de mim. Me abraçaram.

- Quando a gente vai se ver de novo? - perguntei

- Não sei... Minha mãe decidiu que não posso mais morar em São Paulo. - Evelyn lamentou

- Os meus pais também...

- Então, vocês vão vender o apartamento?

Elas se entreolharam.

- Nós já vendemos.

- Já!?

- Antes mesmo de Clara morrer nossos pais já estavam nos pressionando, e eu e Evelyn percebemos que eles tinham razão. - suspirou - Decidimos vender o apartamento, e não te falamos antes por medo da sua reação. Sabemos que aquele apartamento significou muita coisa.

Que Sorte A Nossa ( FLY )Onde histórias criam vida. Descubra agora