Capítulo 12

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Minha mãe saiu e fiquei a tarde sozinha, estava muito aflita de alguém aparecer, comi uma fruta e me deitei no sofá, relembrando todos esses dias que passei com o Gui, ele é uma pessoal especial, um homem incrível. Me sinto sem chão após tudo isso. E não demorou muito para que meu receio se realizasse, o João apareceu na janela da minha casa.

-Vem aqui comigo!- Ele diz pela janela e vou até a porta para abrir e o mesmo já vem me puxando pelo braço.

-Não fiz nada.-digo me encostando contra parede

- Acho ótimo... se tentar algo ou manter contato com aquele policial seu irmão ...- interrompo o mesmo

- João deixa ele em paz, não vou fazer nada !- digo

- Faz tempo que não assisto um filme desses - ele diz apontando pra televisão.

- Nem pensa !- digo

- Eu não sou muito de pensar - ele pisca e senta no sofá me puxando pra sentar ao seu lado. Fiquei a todo momento apreensiva. O João é meio sem noção.

Não consegui me concentrar no filme com ele ao meu lado. Ele me dá nojo e a cada momento que ele sentava ao meu lado, ele me acariciava, me abraça, e eu ficava tensa, embrulhando o estômago.

Fiquei lá e por fim meu irmão chega.. aproveitei a oportunidade e sair do lado do João abraçando meu irmão que fingiu não saber de nada, de onde estava.

- Anna, tava pensando em ir no cinema, programa de irmãos, que tal?-confirmo sem pensar

-Nossa, quanto tempo não vou ao cinema!-João diz. Não acredito.

- Não me lembro de ter te chamado.

-Dela ele ir Fê!-digo com muita raiva e sem vontade nenhuma.

- Então vai só vocês dois! - ele sai me deixando sozinha com ele, não, por favor, não. Penso.

-Vamos?- ele pergunta.

-Não tô me sentindo bem.-digo me sentando no sofá.

-Não foi oque pareceu quando seu irmão te convidou, vá se arrumar.- ele completa.

Coloquei uma calça longa e uma blusa preta simples com uma sapatilha, não fiz maquiagem, não senti vontade nenhuma.

-Pronta?-confirmo com a cabeça.

Entrei no carro do João e fomos até um cinema, ele comprou uma pipoca e refrigerante e não quis nada, só queria que aquele filme acabasse logo e saísse daquela escuridão desse ambiente onde ele tenta a todo momento me agarrar.

- Vamos com calma!-digo tirando a mão do mesmo de cima da minha perna.

- Que calma? Você só tira ela!

-João, o cinema!-digo pro mesmo fazer silêncio.

Acredito ter sido o filme mais demorado da minha vida, foi horrível estar ali e ver ele ao meu lado. Sair do cinema com as mãos trêmulas.

O mesmo me beijou e colocou sua língua na minha boca, fiquei parada, assim que parou fui diretamente ao cinema, e vomitei. Não acredito nisso, me ajoelho no chão, em seguida me levanto e me recomponho.

Ao sair do banheiro o João estava plantado me esperando.

Entrei no carro e voltamos ao morro, ao adentrar minha casa percebi que não havia ninguém então não daria brecha pro João perceber e querer ficar.

-Tchau!-bato a porta

Entrei no chuveiro com roupa e tudo, me sentei no chão e fiquei lá. Quando consegui me recompor coloquei um vestido longo marrom e abrir a porta, quando abrir encontro suas caras em frente minha residência.

-Oque faz aqui?-pergunto

-O chefe mandou ficar na sua cola!-cruzo os braços e encaro o mesmo

-Ta falando sério? - ele confirma

-Era oque me faltava, por que será? Oque eu fiz nessa vida de tão ruim pra merecer isso!!!!-grito

-Onde vai?-ele pergunta

-Estou indo no mercado, procurar oque comer, posso?

-Á vontade!-ele diz colocando a mão pra frente dizendo que posso prosseguir.

Fui andando e ao chegar no mercado me deparei com ele fechado, estou tão atordoada que nem percebi que era domingo e o horário que era, aqui fecha mais cedo, porém fora daqui tem uns supermercados que funciona vinte quatro horas.

Quando ia subindo o morro alguns homens me cercarem.

- Vocês pode fazer o favor de sair da minha frente?

- Não! O chefinho mandou ficarmos de olho em você.

- Acontece que preciso comprar coisas pra minha casa e os mercados estão fechados !

-Arrobamos um pra você!

- Ta louco? Não, não vou roubar ninguém!

- Deixa de caô, adianta o passo.-ele diz me puxando.

Eles me puxam e me leva até a frente de um super mercado.

-Tão doídos?-digo e saio do local.

Voltei com eles atrás de mim e no caminho fiquei pensando no tanto que minha vida é desproporcional ao que estava vivendo lá com o Gui. Por um momento achei que podia ser feliz, que aquela lá poderia ser minha rotina, eu não queria confessar, não queria sentir, mas eu tô apaixonada pelo Gui, o jeito dele, a forma que me trata, é de deixar qualquer uma apaixonada, mas, tenho que me contentar com a minha realidade de prisioneira e pelo visto, já estraguei tudo mesmo, ele não quer saber de mim, acha que o enganei e de certa forma enganei mesmo. O Gui longe de mim é melhor pra ele, por mais que me doa, e eu sinta muita falta, nossos mundos são distintos.

Caso com o policialOnde histórias criam vida. Descubra agora