Prazer em conhece - lo

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Como não me acostumar com aquela presença masculina linda do meu lado, me olhando com surpresa e devoção. Aqueles olhos verdes me decifrando me envolvendo, Liam tem ao mesmo tempo uma força e uma sensibilidade afloradas, enigmático e expressivo. Você confia segamente, e ao mesmo tempo se assusta, afinal 5 dias são suficientes para conhecer e amar?

Vovó dizia que mamãe chegou em casa em uma tarde e disse, que havia conhecido o amor da sua e que se ela não se casasse com ele seria freira, em menos de 6 meses já estavam sob o mesmo teto. Acho que puxei à minha mãe.

Acordei com uma música linda de fundo que não reconheci a princípio, mas, era a voz dele não como rapper e sim a voz melodiosa a mesma que me falava juras e sacanagens, fiquei encantada, Liam estava abraçado comigo, a música falava de cura, que um dia ela viria e a dor iria se deitar e com ela descansar. Fiquei emocionada, aquela música parecia ser antiga. Ele me apertou forte e sussurrou:

- A cura chegou e a dor foi enfim descansar. - me virei com os olhos marejados .
- Lindo, que música linda. Quando a gravou?
- Quando comecei a cantar, mas, nunca a difulguei, como o selo é meu eu escolho o que por no CD.
- Vamos começar de novo! Bom dia, minha linda cura!
- Bom dia homem galanteador!
- Vamos nos despedir dos outros, que horas são?
- Eles já foram tem 2 horas, tomei café com Nate, eles deixaram Beijos e o desejo de revê - lá em breve.
- Ah, Liam que indelicadeza da minha parte. Eu realmente gostaria de ter dado um adeus.
- Combinamos algo na terça quando voltarmos.
- Venha vamos tomar café, se vamos sabatinar nossas vidas para eu convence-la que sou um bom partido, você precisa de um bom desjejum, tia Lucy deixou tudo pronto, nosso almoço no forno, o jantar ficará por minha conta.
- Uau, você está empenhado! Vamos, estou faminta e se estamos sós vou dispensar o ritual, a não ser pela camisola.
- Você não precisa de ritual nenhum Cris, você é linda, minha linda.
- Meu Deus, você não dá trégua! Você já me conquistou Liam. - debochei dele ou é de mim.

Tomamos café conversando sobre coisas que gostávamos, música, cores, sabores, lugares e a quantidade de afinidades era quase insana, depois tomamos um banho longo e revigorante e ficamos aninhados na cama e ele começou.

Meu nome é Liam tenho 28 anos, tenho um filho de 6 anos, e perdi meu coração num acidente de carro 6 anos atrás, Cristina e eu nos conhecemos na escola, ela 2 anos mais nova, ela era da banda da escola, fazia canto, nada a limitava, queria passar a vida um pouco em cada lugar e viver de cantar em bares, eu sempre quis ensinar, literatura, letras.

Eu cresci com a minha mãe e avós, meu pai nos deixou, ele queria ir para um lugar maior com mais oportunidades, minha mãe se negou a deixar meus avós e eu cresci sem pai, mamãe fez um bom trabalho, ao contrário da maioria, nunca falou mal do meu pai, aceitou que diferença os separou e seguiu em frente, ainda não entendo se não se amavam ou se amavam demais a ponto de se deixarem.

Minha mãe se chama Elisa, ela sempre quis que eu estudasse fora, que tivesse outras oportunidades, temos um comércio local de aviamentos, coisa de geração, ela nunca me deixou ajudar, dizia que os livros fariam mais por mim que as agulhas e linhas.

Quando me formei no colégio e me inscrevi na faculdade, já sabíamos que eu não voltaria pra cidade e Cristina foi comigo, morávamos em um republica mista, apenas um quarto com banheiro, eu ia pra faculdade ela para o colégio, três noites por semana ela tocava e alguns bares e assim corria tudo bem. A ideia inicial era me formar e mudar- mos de tempos em tempos para que ela se regionalizasse com a música dos lugares, e quando ela tivesse uns 30 anos ela poderia seguir carreira com bagagem necessária, além do seu belo rosto, esse era o seu projeto, ter um selo dela que não a comprometesse com contratos e compromissos com gravadoras, ela dizia que apenas se submeteria a ela.
Tudo estava conforme idealizado, eu já estava pra me formar, ela havia terminado a escola, eu faria pós num lugar onde a música fosse uma opção boa para ela, foi quando soubemos da gravidez, notei a mudança no seu corpo primeiro que ela, compramos um teste e enquanto eu chorava de alegria, ela chorava de desespero.

Mudei os planos disse a mamãe que ficaríamos na casa acima da loja, e voltaríamos para cidade para o nascimento do bebê, eu daria aula para o ensino médio e ela poderia cantar nas festas do grêmio ou arredores, Cristina foi se fechando, teve que optar por apenas uma noite por semana nos bares, os enjôos não permitiram que ela mantivesse o compromisso, eu era só felicidade e ela só tristeza, eu dizia que eram os hormônios e ela dizia que era a vinda de um bebê que ela não queria, eu sei que ela pensou em dar fim a gravidez, mas, não o fez porque ela sabia que seria o fim para nós.
Começamos a brigar, Kary e Arthur dividiam um quarto na mesma republica, estavam se formando, Kary tentava confortar Cris, dizia que quando o bebê nascesse ela mudaria de ideia, mais ela não queria aquela vida pacata, ela queria o mundo, mesmo que não nos incluísse.

Assim seguimos até o final da gestação, entre tapas e beijos, eu sem querer perde - lá e ela sem querer me perder e nós matando os sonhos um do outro, naquela manhã ela acordou diferente, disse que estava pronta para ir e que Nate nasceria e seria criado perto dos avós.
Na viagem que é de 3 horas, ela me disse sem rodeios que já havia traçado tudo que assim que Nate nascesse ela ficaria conosco por 1 ano e depois nos deixaria, a naturalidade daquela decisão me fez perder a cabeça. - Eu ouvia tudo sem interromper, as vezes apertava sua mão sinalizando minha atenção, e ele continuava contando, e meu coração se apertando.- Ele com olhos fechados continuava.

Começamos discutir no carro, a chamei de egoísta, ela me chamou do mesmo, gritavamos um com o outro e depois eu só vi luzes, e apaguei.
Quando acordei um mês depois, eu sabia que algo estava errado, eu me lembrava de alguém dizer que era a mãe ou o bebê e uma voz fraca, dizendo salve o bebê, por favor o bebê.
Embora todos me dissessem que ela não chegaria viva ao hospital, e que só foi possível salvar Nate pois, a gravidez já estava no final eu me culpava. Embora tivesse sido o carro que tivesse invadido nossa faixa eu não fui capaz de desviar.

- Não Liam, nós não temos controle sobre a vida das pessoas, nem da nossas. Você não foi culpado nem de querer Nate acima de tudo e nem de perda-la. Foi uma fatalidade.
- Ele parecia não me ouvir.

Vi Nate a primeira vez e entrei em parafuso, ele era lindo como ela, me olhou no fundo dos meu olhos, como se já nos conhecêssemos, Kary e Arthur terminaram as provas finais e voltaram para casa para ficar comigo, ela é minha mãe se revesavam com Nate enquanto eu ficava chorando trancado no quarto, foi quando Kary me entregou a carta, nela Cristina dizia que me amava, mas, que assim que Nate nascesse iria embora, que ela me amava, mas, que a música sempre fora seu sonho e que ficar ao meu lado mataria nosso amor de alguma forma, e que no começo da gravidez ela não a desfez pois, ela sabia que um dia me deixaria pela música e se eu tivesse um pedaço daquele amor eu sobreviveria sem ela.
Eu a odiei naquele momento, e tudo que Kary dizia sobre ela ser egoísta, que ela queria apenas deixar a cidade, fez sentido, como alguém poderia assim deixar o filho, o amor, e seguir em frente como se trocasse de roupa, quebrei muitas coisas, Arthur e Kary precisaram me acalmar muitas vezes me tornei agressivo, mas, eu tinha um menino lindo que não tinha culpa de nada.
Kary um dia entrou no quarto e eu estava tocando violão e foi quando ela me jogou um papel e caneta e disse, põe pra fora, escreva tudo o que está sentindo, era muita revolta, e ela disse com isso só podemos fazer rapp. Foi aí que tudo começou como uma fuga da dor causada pela própria música, irônico não é?

Em apenas alguns dias eu escrevi músicas para 3 álbuns, o resto foi uma avalanche, gravamos uma demo brincando e mandamos para uma rádio especializada no ramo, em 20 dias todos queriam saber quem eu era, Kary que é formada em relações públicas tomou a frente e Arthur como bom advogado se certificou das legalidades, vendemos a música para um famoso rapper e com o dinheiro montamos um selo, gravei outras músicas, escolhemos um nome, não queria ninguém envolvido na minha tragédia.

Voltamos para cidade e fomos morar os 4 e contratamos Any para ajudar com Nate, eu tinha picos de humor, talvez pelo impacto do acidente ou tristeza, tudo demorou 3 anos, me tranquei no Gail, um cara fechado, carrancudo, cheio de dor e preservei Liam o fragilizado para os meus.

O restante está na web, só faço 2 apresentações por mês, só saio do país nas férias de Nate, continuo vendendo música pra gente grande, não tenho uma vida que paparazzi se interesse, não sou beberrão, não saio com celebridades, sou caseiro e não me envolvi com nenhuma mulher.

Há alguns dias atrás eu estava voltava de um jantar e perdi a direção do carro, depois disso eu só me lembro de sonhar o tempo todo com Cristina, no meu sonho, ela se despedia de mim, eu gritei seu nome. Aí senti uma mão, uma voz, eu sabia que não era ela, mas, eu queria muito que fosse, melhor viver com um fantasma que viver sozinho.

- E aqui estamos nós Cristina. Prazer em conhece - lá eu sou Liam.
- Prazer em conhece - lo Liam, eu sou Cristina.

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