Um novo amigo no velho mundo

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Neste dia acordei em cima do computador, fui cambaleante para o banheiro, vômitos já eram minha companhia matutina, seguida das náuseas ao longo do dia, parecia inchada, consegui um check up num dos melhores hospitais de Londres e meu Paul me acompanharia.

Optei por uma calça montaria bege, botas pretas e uma confortável uma malha vermelha com um cachecol burberry*, Londres estava fria, mas, não gelada, fiz uma maquiagem leve para disfarçar as bolsas embaixo dos olhos, das noites mal dormidas.
A mensagem de Marcus não saia da minha cabeça, só de pensar que Liam em 2 semanas já havia seguido em frente me doía a alma, fui eu que nos empurrei para este abismo,-dei um tapa na minha testa- mas, Julie? admirável, Nate não gostava dela e Kary também, será que havia sido um encontro ou apenas um companhia, quem eu estava querendo enganar, quem sairia de bar de porre com uma Loira gostosa de mãos dadas, ele era viril demais, por outro lado, ele havia permanecido muito tempo sem mulheres após a morte de Cristina. Que dia.

Paul me aguarda para me levar ao hospital, ele insistiu que não havia necessidade de ir de metro, na verdade eu gostei de sua companhia, especialmente hoje, queria ser uma pessoa pública só para Liam ver.
- Bom dia Paul, que bom que chegou cedo, vamos tomar um café antes de sair. - Ele estava bem elegante, uma malha preta, um cachecol vermelho, jeans Black e botas típicas Londrinas.
- Bom dia Cristina, você está linda, mesmo que casual- corei, não esperava o elogio. Deveria usar mais vermelho, lhe cai bem.
- Obrigada Paul, e você também fica muito bem de vermelho. E coincidentemente o estamos vestindo.- Ele cheirava bem, um cheiro forte, Liam usava le' instant da Guerlain, Paul tinha um cheiro mais almíscarado.
- Como você está se sentindo hoje?- Ele perguntou levando uma torrada na boca.
- Me sinto fraca, horas melhoro, há quase 3 semanas tive um acidente em casa, o airbag comprimiu meu peito, me deixando com uma costela trincada, fiquei 24 horas em observação no hospital- Era a primeira vez que falava sobre algo pessoal com ele- Não houve nenhum dano maior que os exames apontassem, mas, desde da primeira semana aqui venho tento essa indisposição, por isso o médico.
- E não ocorreu a Senhorita ir ao médico antes de irmos para os castelos?- Com aquele sotaque e charme inglês eu fiquei desconcertada.
- Ah sim, quero dizer não! - Ele riu.
- Cristina, me desculpe se pareço intrometido, sei que sou apenas um contratado seu, mas, diante da semelhança acadêmica e idade achei que poderíamos ser amigos, uma vez que você veio sozinha para Londres.
- Claro Paul, claro que podemos ser amigos, é bom ter alguém para conversar. - levei a xícara a boca, depois sorri- Eu tenho mesmo me sentido sozinha e ter sua companhia mesmo que profissional a semana passada minimizou essa sensação. Obrigada.
- Eu que agradeço a oportunidade de fazer o que gosto ser pago por isso, ainda mais em tão boa companhia, quero dizer em relação ao conhecimento acadêmico.- Disse ele percebendo meu desconforto.
- Me fale um pouco de você já que seremos amigos.- Ele sorriu e levantou uma sobrancelha, me lembrando gesto de Liam.
- Sou Londrino, mas, cresci em Cambridge, tenho duas irmãs mais velhas, meus pais são professores na universidade, profissão de uma das minhas irmãs, porém, na Irlanda, minha irmã mais velha é enfermeira, tem 3 filhas, minhas únicas sobrinhas, mora aqui, eu morei com meus pais até me formar e voltei para Londres afim de dar aulas e me estabelecer.
- Não tem vontade de lecionar em Cambridge? Seus pais devem ter muito prestígio.
- Sou novo demais para tentar uma vaga, e como você disse prestígio demais as vezes atrapalha. Eu prefiro calçar meus próprios sapatos e andar minha estrada. - Ele disse isso com pensamento distante.
- É por isso que estou em Londres acho, para andar minha estrada.- Ou será que a estrada de Rose pensei.
- E você, tão longe de casa e por qual motivo? Você tem uma vida confortável para tão tenra idade, esta fugindo de que?- Eu retesei, não tinha o costume de falar de mim, tinha poucos amigos e tão pouca família, agora nenhuma.
- É justo que se falei de mim, você me conte algo de você! Vou entender se não quiser, sou Inglês, apenas pensei que amigos trocam amenidades.
- Sim, você tem razão, talvez eu seja mais Londrina que você.- falei tomando mais chá. Eu nasci de uma filha única de pais filhos únicos, meu pai morreu eu não tinha 2 anos e vovô tinha partido logo que nasci, minha mãe não aguentou a vida sem meu pai, e menos de um ano após sua morte ela também se foi- Ele ouvia tudo atentamente sem fazer a cara típica de piedade, que me fez desistir de ter amigos para não ter que contar a história trágica.
- Eu não sofri, não tenho recordações deles, apenas registros do seu amor, Rose dizia que almas iguais como a deles não poderiam viver separadas, então, entendi. Fui criada pela minha avó materna RoseMary, meu avô e avó vinham de famílias abastadas, vovó muito atualizada e bem amparada triplicou em aplicações e investimentos a curto e longo prazo tornando nossa vida mais rentável, ela me criou para eu fazer o que gostava, mas, exigiu que eu aprendesse como cuidar do patrimônio, a perdi há quase um mês, ela estava doente mais me escondeu doença para que eu terminasse a faculdade e pós graduação extensiva. Tínhamos há alguns anos planejado um ano sabático conhecendo os lugares da história antiga do mundo e depois da formatura viajariamos começando por aqui. - Ele não mudou sua feição, nem fez cara de piedade apenas ouviu. E com um largo sorriso disse.
- Bem vinda ao seu ano sabático, fico honrado em ser a pessoa que a acompanhará em sua estadia pela nossa linda e antiga parte do mundo- Eu sorri em retribuição. Ele pegou em minha mão me levantando e disse:
- Senhorita vamos, não queremos atrasar.
- Temos ainda uma hora Liam. -Saiu sem querer. Ele levantou a sobrancelha novamente e eu levei a mão a boca desconcertada.
- Embora Liam seja um bom nome Irlandes eu prefiro Paul- num tom de piada.
- E quanto ao horário você esqueceu da pontualidade britânica?- Agradeci aos céus sua discrição.
- Você é engraçado, dê um modo bom.
- Você me chamou de palhaço então? - Eu balancei a cabeça negativamente e rimos.
-Gosto desta versão feliz sua Cristina, a cliente que viajou comigo para conhecer as mais belas paisagens estava muito distante de hoje.
- Obrigada pelo elogio, agora vamos. Ah, poderíamos tirar uma foto para mandar para Tati e Marcus meus melhores amigos?
- Claro, me dê aqui este celular, sou mais alto.- Ele se aproximou de mim e colocou uma mão na minha cintura eu sorri para a foto e ele ficou olhando pra mim sorrindo.
- Ficou linda, seu Liam vai achar ruim se eu postar? Eu encolhi os ombros.
- Não existe meu Liam.
- Então, ele é muito tolo, vamos.

No hospital fui conduzida a uma sala, uma enfermeira fez uma entrevista preliminar, fui encaminhada para exames de sangue e urina, pressão, avaliação física, voltaria na manhã seguinte para passar com o médico.
- Já terminou?- Paul falou ao me ver.
- Sim, volto amanhã pela manhã para um exame pélvico feito pelo médico para avaliar a região das costelas.- Fiquei desconcertada em dizer a ele que o fato de eu ter relações sexuais recentes e não ter fluxo menstrual porquê não dou pausa nos anticoncepcional, eles não fazem raio x ou exames de imagens sem descartar uma possibilidade de gestação. Opção impossível e absurdamente irracional.
Passamos o resto do dia juntos, andando por Londres, no fim da tarde assistimos uma peça de teatro, Paul me deixou em casa logo ao anoitecer.
- Amanhã te pego as 8hs não terei tempo para o café.- mesmo que eu já tivesse insistido não precisar ele não aceitava.
- Paul, obrigada pelo dia de hoje, gostei muito.
- Eu também Senhorita.

Antes de dormir, postei no meu insta
Se jogamos fora a chave não abriremos novamente a mesma porta.
Eu e Paul
Tirei a privacidade do meu insta e torci para que ele visse.
321 desmaiei.

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