Os 3 mosqueteiros

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Tati e Marcus enviaram mensagem que estavam embarcando, aquela seria a noite mais longa da minha vida, por mais gentil e atencioso que Paul fosse não havia intimidade entre nós, ainda sim sou grata por seu apoio e companhia.

Me forcei a jantar, meu bebê precisava da mãe saudável, já bastava meu coração em frangalhos, depois do jantar Paul e eu assistimos um filme, ele me distraiu contando histórias de família, sua irmã decidiu ser enfermeira por causa da primeira gestação, ele era bem família, acabei pegando no sono e quando percebi alguém fazia carinho no meu rosto, por um momento imaginei ser Liam, mas, era meu novo amigo Paul.

- Não queria assusta-la, já está amanhecendo, vou buscar seus amigos, deixo a bagagem deles no apartamento e os trarei para o hospital. Depois irei para casa e se precisar de mim é só ligar, ok? - Ele me deu um beijo casto na testa, eu assenti.
- Paul, obrigada. Não há palavras que possam descrever minha gratidão, no entanto, eu gostaria que você soubesse.
- Não precisa se preocupar Cristina, somos amigos. - Ele acenou já saindo do quarto.

Tomei um banho, troquei novamente o pijama, fiz uma maquiagem leve, meus olhos estavam com bolsas de tanto chorar e eu tinha olheiras escuras, eu precisava receber meus amigos com um aspecto mais feliz e saudável. Voltei para cama como ajuda de uma enfermeira e comecei a fazer uma lista de prioridades para quando voltasse para casa.

Duas horas depois entravam no quarto como furacão, Tati e Marcus, ela já me agarrou chorando, Marcus fazia carinho na minha testa, ficamos emocionados por algum tempo e Tati começou.
- Só não irei brigar com você por causa da minha sobrinha. - Fiz biquinho.
- Você não sabe se é menina, pode ofender o menino, não é meninão do titio? -Bradou Marcus afagando minha barriga.
- Estranha, Paul disse que você ficará pelo menos mais um dia aqui, depois disso poderemos deixar Londres em 3 semanas? - Marcus estava visivelmente preocupado.
- Marcus, eu ainda não sei bem, não houve mais sangramento, será preciso uma avaliação e aí ficaremos sabendo, sei apenas que farei tudo para que o bebê fique bem.
- Lógico que essa é nossa prioridade, mas, o que Liam disse? - Tati falou.
- Não há Liam. -Disse secamente para não chorar.

Contei à eles sobre a ligação, e que finalizamos tudo, e que não houve tempo de avaliar, pois, em seguida eu havia passado mal pela forte emoção, e o restante eles já sabiam.
Tati foi a primeira a se manifestar.

- Entendo que não houve tempo para avaliar, mas, sua reação seria diferente se você não o tivesse deixado ou tivesse dito que voltaria pra casa, você não pretende esconder dele, pretende? - Ela já foi perdendo a calma e Marcus interviu.
- Tati não comece, respeite este momento, vamos aguardar estas 3 semanas ok, até Cristina poderá pensar a respeito. Todos por um certo?
- Cris, qualquer que seja sua decisão mesmo que eu não concorde eu estarei do seu lado e vamos falar disso daqui há 3 semanas, certo meninas? Até lá mantenham a energia, para deixar o clima para este bebê o mais confortável possível.
- Tati nos abraçou e falou.
- Ok, trégua temporária pela minha sobrinha.- Marcus mostrou a língua pra ela e eu depois de dias, sorri.

Marcus foi para o apartamento descansar e Tati ficou como minha acompanhante, falamos de roupas, móveis, mudanças no apartamento e no Lago, tudo para ela era motivo para pensar nos tons rosa, lilás ou salvia, aquela distração foi muito boa, quase não pensei em Liam ou no pior.

- Amiga, qual é desse Paul?
- Tati, acho que a princípio ele me via apenas como sua contratante, depois que ficamos amigos, talve ele tenha tentado flertar, mas, quando soube do bebê manteve distância. Eu estou perdida amiga, meu coração pertence a Liam e agora ao nosso filho.
- Ele é um gato, foi muito educado, nos colocou a par de tudo, foi muito carinhoso ao se referir a você e ao bebê. Ele virá me buscar após o café e deixará Marcus, voltarei no fim da tarde, voltaremos todos se você tiver alta.
- Você gostou do apartamento? Achei tão você. Rose dizia que essa região tem seu estilo. - Disse olhando para o horizonte. - Sinto falta dela.
- Cristina, todos nós sentimos, Marcus e eu praticamente vivemos em sua casa há 20 anos, claro que não posso comparar seu sentimento ao nosso, mas, também a perdemos e temos que superar juntos. - Eu me senti um pouco egoísta naquela hora, fugi para o Lago com um desconhecido quando Rose morreu e nem me preocupei com a perda deles.
- Tati, me perdoe, por ter fugido para o Lago e não ter dado à vocês a oportunidade de dividir o luto comigo, eu só precisava fugir, agora entendo o quanto ficou magoada. - peguei mão e ela chorou e depois de um tempo choramos juntas, até que caímos na gargalhada.
- Cris, quais nomes você está considerando para ela ou ele?
- Pensei em RoseMary para ela e considerei Liam e Nate escolherem se for menino, mas, depois do que ele disse e considerando que posso ter um aborto espontâneo, prefiro não pensar em nada além de manter tudo calmo.
- Cristina e se acontecer, você sabe? Eu digo hipoteticamente, claro.
- Não Tati, vou lidar com isso se acontecer, mas, preciso acreditar que Deus não me permitiria sentir tamanha emoção e depois, não quero pensar nisso. Como disse Dr. Sanders a natureza de Deus é a perfeição e se acontecer algo é resultado de seu amor por mim e não punição. Não quero pensar Tati.
- Eu sei que do céu todos estarão cuidando de vocês.
- Espero.

Depois disso eu fiz uma oração e pedi a Deus que desse tudo certo eu queria aquele bebê, mais do que qualquer capricho que tive na vida, assim, como pedi para Rose se curar, não sei como Ele decide as coisas, quem parte ou fica, mas, eu pedi com toda a fé que possuía. Talvez fosse o suficiente.

- Tati, já dormiu?
- Não.
- Obrigada. Por deixar tudo e vir.
- Um por todos e todos por um. Agora durma.
- Boa noite Mandona.
- Boa noite Teimosa.




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