Terminei a maçã e respirei bem fundo, fiz uma prece, precisaria manter a linha de raciocínio e não perder a calma, seriam mais 3 semanas e tudo estaria no lugar.
- Liam.
- Cristina. - Seu tom ríspido me surpreendeu.
- Liguei numa hora ruim, você pode falar? - Perguntei insegura. - Ele suspirou fundo e falou.
- Primeiro eu quero falar e gostaria que você me ouvisse sem interromper. - Sua voz parecia de uma profundo cansaço.
- Sim, Lindo.
- Sim Lindo, há meia hora atrás você estava gritando comigo e agora sou Lindo. - Ele estava alterando a voz. E tentando se acalmar com respirações profundas continuou.
- Desculpe Cristina, tudo que eu mais quero é ter uma conversa adulta e definitiva com você. - Definitiva, eu querendo voltar pra casa, minha garganta fechou e voz embargou.
- Estou há 3 semanas desesperado, não como o necessário, não durmo o necessário, tentei agredir seu amigo duas vezes em 24 horas, passei os últimos 15 minutos acalmando a única pessoa que merece minha total atenção, então, me escute. - Eu queria interrope-lo, mas, devia isso à ele.
- Eu sei Cristina, que nos conhecemos em circunstâncias inusitadas, serei grato por cada segundo ao seu lado, você me trouxe de volta à vida, me trouxe de volta o amor, sei que você se sentiu culpada pelo acidente e o que poderia ter acontecido com Nate, e realmente a entendo, embora ache imaturo e egoísta eu a entendo.
- Liam. - Eu tentei falar chorando, ele mantinha o tom de voz calmo, quase frio, não me chamou de linda nenhuma vez.
- Deixe - me terminar, eu não posso obriga - lá a ficar do meu lado ou melhor do nosso lado, porquê na primeira situação de stress você fugiu, aqueles dias com Nate no hospital, eu deveria como pai estar 100% focado, e estava pensando 100% do tempo em você, entende isso Cristina? E isso não vai mais acontecer, Nate depende de mim, da minha serenidade e da minha inteira dedicação.
- Liam, por favor.
- Cristina. - Ele disse num tom exasperado, quase trêmulo. - Chegar ao Lago e ver o quarto que você preparou pata Nate, as nossas fotos, só me fez ter certeza de que por você eu deixaria Nate aqui para busca-la em Londres, mas, eu não posso passar a minha vida escolhendo quem desiste de nós, seja Cristina ou você. - Essa doeu minha alma, eu sabia que ele ouvia meus soluços.
- E por fim, tem esse projeto maluco de se distanciar do mundo para cumprir uma promessa pra alguém que se foi, se foi Cristina e nós estamos aqui, dispostos à te amar. Em tão pouco tempo você me fez acreditar em continuidade, em ser feliz, em ter uma família.
- Liam, deixe- me falar por favor. - Minha voz saiu embargada pelas lágrimas que eu não continha, mas ele não deixava.
- Marcus já levou Julie, peço desculpas por te-la trazido, sei que Marcus já lhe contou, me sinto um idiota, sentimento que você também despertou mim, eu fui tão imaturo em provoca-la quanto você em me deixar, quanto ao seu amigo, chofer ou amante, já não me importa mais.
- Não Liam, por favor não diga isso. - Eu implorei.
- E o que há para dizer Cristina?
Ama-la nunca foi o bastante. Siga sua vida, cumpra sua promessa, e em meio aos castelos lembre-se princesa, que foi você que escolheu deixar o príncipe e que nesse conto de fadas não há bruxa má. Adeus. - E desligou.Eu entrei em desespero, gritei, rolei no chão, tinha tanta dor em sua voz, tanta magoá, que não houve ao menos vontade de me ouvir. Eu havia estragado tudo, jogado tudo pro ar, imaginei a angústia por não ter notícias, a sensação de ser desprezado que eu agora sentia.
Eu gritava, entre lágrimas e soluços, a palavra não.Tentei ligar duas vezes e seu telefone dava desligado, tentei ligar para Kary caiu na caixa postal.
Senti uma cólica forte, tomei um banho de banheira bem quente, e me deitei, adormeci chorando e com dor, horas depois fui acordada por Paul.- Cristina acorde, Cristina! -Abri os olhos ainda sonolenta.
-Paul, que horas são?
- Passa das 17hs, desculpe entrar no seu quarto, estava aguardando na antessala, mas, escutei você gemer algumas vezes e me parecia estar com dor.- Fui levantar e senti uma pontada no ventre, fiquei em pânico quando vi uma mancha de sangue no meu robe.
- Ah meu Deus, Deus não, não por favor.
- Acalme - se, onde está sua bolsa e onde há outro pijama? Não levante eu providencio tudo.Paul tomou a rédea da situação. Você vai se trocar eu vou carrega - la até o carro e ir para o hospital, respire fundo e acalme - se.
Ele pegou um novo pijama na gaveta, e ficou de costas para que eu me trocasse na cama, me pegou nos braços, com minha bolsa e uma sacola com a peça suja, gentilmente me levou até o carro, dirigiu como tartaruga até o hospital, Paul não me deixou desta vez, ficou o tempo todo ao meu lado, ele apenas afagava meu braço e pedia calma.A enfermeira já me levou para uma sala de exame, no caminho Paul ligou para o Dr. Sanders, ele e sua equipe estavam nos aguardando, ele me tranquilizou, me disse que faria um novo ultrason para verificar se havia sido apenas uma perda de sangue pelo stress que eu relatei ter passado, ou se era um processo natural de aborto.
Eu me sentia em segurança nas mãos do Dr. Sanders, mas, não conseguia parar chorar.- Dr. Sanders, por favor não me sede por favor, quero estar bem consciente de tudo que o Senhor falar ou fizer.
- Sim Stra. Cristina eu levarei isso em conta.
- Obrigada Doutor.O exame de ultrason aconteceu como da maneira anterior, frio e calculado, terminando Paul se juntou a mim no consultório, e Dr. Sanders olhando para Paul, falou:
- Fique tranquilo papai, o colo do útero está bem fechado, o bebê ainda está lá e está bem. - Eu não consegui corrigi - lo e Paul também não.
- Porém. - Ele continuou olhando para mim. - Eu gostaria de deixa-la de observação uns 3 dias aqui conosco. Assim poderei acompanhar e
mante-la em repouso.
- Tudo bem Dr . Sanders, faça o que for necessário para manter meu bebê dentro de mim e bem.
- Ok, deite - se ali e aguarde enquanto providencio a papelada, serei breve. - Ele disse no som mais paternal que eu já havia escutado.
- Sim, Dr. obrigada.
- Não por isso, Stra. Cristina.
- Paul, por favor me acompanhe.Os dois deixaram o quarto juntos, e meia hora depois eu estava acomodada em um quarto mais aconchegante do que com cara de hospital, e com medicação na veia. Não quis preocupar Marcus e Tati, assim que chegassem ao aeroporto Paul os buscaria e os traria até aqui.
Adormeci orando e pedindo a Deus uma nova chance.Quando acordei Paul ainda estava do meu lado, não houve como
convence-lo de me deixar, como ele mesmo disse, somos amigos e amigos são para momentos assim também, quando Tati e Marcus chegassem ele me deixaria.
E entre lágrimas pela conversa mais dolorosa da minha vida, silêncios prolongados, passamos a noite e parte da manhã.
Paul foi ao seu apartamento antes do almoço para se tomar um banho, também ao meu para trazer alguns pertences, e seguimos o dia.O Dr. Sanders esteve no quarto mais duas vezes, eu não tive nenhum sangramento depois daquele, mesmo sem vontade me alimentei, e como Liam me foquei em pensar 100% na pessoa mais importante da minha vida, nosso, meu bebê.
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Somente Uma Semana
RomanceEu queria apagar este dia, dizer adeus a vovó não estava nos meus planos futuros, muito menos no presente. E aquela negação mudou minha vida, ouso dizer que mudou nossas vidas. Será que ele pensa assim? Assim começa nossa história de uma semana, no...