As coisas não estavam bem, mas o pior ainda não havia acontecido. A Alina sofreu apenas inchaço no cérebro, mas só isso já podia ocasionar em inúmeras coisas, então, os médicos a colocaram em coma induzido e estavam esperando ela melhorar, monitorando também as atividades cerebrais para que não houvesse morte do cérebro.
Ela já tinha sido transferida pro hospital de Florianópolis, os meninos já haviam ido pro apartamento e eu não queria saber de ir para a aula. Passava o dia no hospital com minha mãe e minha avó. Já estávamos entrando no terceiro dia de coma e ela não apresentava nenhuma melhora. O médico disse que isso podia levar meses até. Me doeu pensar que a vida da minha irmã estava parada enquanto a de todos nós passava bem ali, na frente dela.
— Psiu.
Ouço alguém me chamar, então vejo que é a Letícia e corro pros braços da minha amiga.
— Soube só hoje do que aconteceu, meu amor. Ela vai ficar bem!
Respiro fundo e só consigo balançar a cabeça.
— Eles não me deixaram vê-la, disseram que só parentes, mas tudo bem. Há alguma coisa que eu possa fazer pra ajudar vocês? Por que você não vai em casa tomar um banho e eu fico fazendo companhia pra dona Ana? Renato tá aí, ele te dá carona e te traz de volta.
— Eu não quero sair daqui.
— Jo, ela não vai acordar agora, de uma hora pra outra. Pode ir e voltar tranquila.
— Eu não vou demorar, tá bem? Usa essa sua persuasão pra convencer minha mãe a comer alguma coisa.
— Tudo bem.
Ela beija o topo da minha cabeça.
— Vá com calma! E coma alguma coisa também.
Me despeço dela e saio, encontrando o Renato com o carro do pai na frente do hospital. Dou um abraço forte nele.
— Ela vai ficar bem, Jojo. Nossa menina é forte.
Fico abraçada por algum tempo, então enxugo as lágrimas e entro no carro. Renato fica calado durante todo o caminho, ligo o rádio, mas nada muda nossas caras. Reparo em seu rosto e ele têm marcas fundas nos olhos, como se tivesse chorado por longas horas, seu olhar está distante. Ele realmente a ama. Quando ele coloca sua mão no câmbio do carro, coloco a minha em cima e sorrio pra ele de forma amigável.
— Ela não vai nos deixar agora. Não desse jeito, tá?
Ele me olha com tristeza e respira fundo, soltando um longo suspiro e então, sorri de volta.
— Eu sei disso.
Por fim, eleestaciona em frente ao meu prédio e diz que não vai subir, que eu leve o tempoque precisar e ele me vai me esperar ali. Saio do carro, entro no prédio esubo, pra me organizar e voltar o mais rápido possível ao hospital.
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Sobre o Verão Passado
Romance"Eu nunca soube bem como funciona o amor, mas acredito que todo tipo de sentimento deve ser vivido intensamente. Eu tinha tudo que sempre quis (ou achei que quisesse) nas mãos, porém por acreditar nesse sentimentalismo barato, me vi jogada numa encr...