Pra todo mundo ali, a parada cardíaca foi desesperadora, mas pra mim, era a resposta da minha irmã reagindo. Claro, que assim que resolveram, aumentaram as dosagens do coma.
— Ao contrário do esperado, a parada causou um estresse muito grande ao cérebro, então tudo indica que ela ficará nesse quadro por mais tempo do que prevíamos.
Dizia o médico a nós.
— Não é um quadro desesperador, só não temos como saber o alcance das lesões. Precisamos esperar o inchaço diminuir. Vocês não precisam ficar aqui no hospital 24 horas, avisaremos quando obtivermos resultados. Mas, por hora, ela ficará assim, estável.
Eduardo mais uma vez passou a se culpar e pretendia não voltar mais ao hospital, mas eu insisti dizendo que ele foi a primeira pessoa que conseguiu fazer com que a Lili reagisse de alguma forma.
— Eduardo, pelo amor de Deus, foi você que fez ela reagir!
— E ela quase morre, Joana.
— Mas ela reagiu, porra! – grito, me irritando já.
— Vem, Joana, deixa o Edu quieto.
Rodrigo me puxa pra fora do hospital.
— Você não pode obrigar ele a fazer o que você quer.
— Eu..
Sinto meus olhos marejarem.
— Eu só queria que ela acordasse. Isso não é pedir muito.
Então, Rod me abraça e eu choro novamente, coisa que acontece todos os dias desde esse maldito acidente. Já se passou mais de uma semana e a única coisa que aconteceu foi essa parada cardíaca.
Eu contava pra ela tudo que acontecia todos os dias. Pedi dispensa no colégio e então o Renato estudava comigo toda a matéria do dia e eu passava pra Alina, mesmo que ela não me ouvisse. Desabafava sobre tudo, como se ela estivesse me respondendo e por vezes, podia jurar que ela estava perto de mim.
— Ela só precisa de tempo e nossas vidas não podem parar. Semana que vem você vai voltar pro colégio.
Rodrigo disse firme.
— E como imagino que sua mãe vai ficar por aqui, você pode dormir lá em casa.
— Rod...
— Sem manha, Joana. A Alina não ia querer que você virasse um vegetal ao lado dela.
Ele me beija e então,não consigo nem pensar em quaisquer argumentos pra rebatê-lo.
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Sobre o Verão Passado
Romance"Eu nunca soube bem como funciona o amor, mas acredito que todo tipo de sentimento deve ser vivido intensamente. Eu tinha tudo que sempre quis (ou achei que quisesse) nas mãos, porém por acreditar nesse sentimentalismo barato, me vi jogada numa encr...