69. - Joana Cardoso ☼

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Pra todo mundo ali, a parada cardíaca foi desesperadora, mas pra mim, era a resposta da minha irmã reagindo. Claro, que assim que resolveram, aumentaram as dosagens do coma.

— Ao contrário do esperado, a parada causou um estresse muito grande ao cérebro, então tudo indica que ela ficará nesse quadro por mais tempo do que prevíamos.

Dizia o médico a nós.

— Não é um quadro desesperador, só não temos como saber o alcance das lesões. Precisamos esperar o inchaço diminuir. Vocês não precisam ficar aqui no hospital 24 horas, avisaremos quando obtivermos resultados. Mas, por hora, ela ficará assim, estável.

Eduardo mais uma vez passou a se culpar e pretendia não voltar mais ao hospital, mas eu insisti dizendo que ele foi a primeira pessoa que conseguiu fazer com que a Lili reagisse de alguma forma.

— Eduardo, pelo amor de Deus, foi você que fez ela reagir!

— E ela quase morre, Joana.

— Mas ela reagiu, porra! – grito, me irritando já.

— Vem, Joana, deixa o Edu quieto.

Rodrigo me puxa pra fora do hospital.

— Você não pode obrigar ele a fazer o que você quer.

— Eu..

Sinto meus olhos marejarem.

— Eu só queria que ela acordasse. Isso não é pedir muito.

Então, Rod me abraça e eu choro novamente, coisa que acontece todos os dias desde esse maldito acidente. Já se passou mais de uma semana e a única coisa que aconteceu foi essa parada cardíaca.

Eu contava pra ela tudo que acontecia todos os dias. Pedi dispensa no colégio e então o Renato estudava comigo toda a matéria do dia e eu passava pra Alina, mesmo que ela não me ouvisse. Desabafava sobre tudo, como se ela estivesse me respondendo e por vezes, podia jurar que ela estava perto de mim.

— Ela só precisa de tempo e nossas vidas não podem parar. Semana que vem você vai voltar pro colégio.

Rodrigo disse firme.

— E como imagino que sua mãe vai ficar por aqui, você pode dormir lá em casa.

— Rod...

— Sem manha, Joana. A Alina não ia querer que você virasse um vegetal ao lado dela.

Ele me beija e então,não consigo nem pensar em quaisquer argumentos pra rebatê-lo.

Sobre o Verão PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora