80. - Eduardo Harper ☼

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Luana veio conversar comigo esses dias pra me contar do lance com o Renato e, como sempre eu era o último a saber. Mas, dessa vez, eu aprovei sem sombra de dúvidas. Acho que os dois mereciam essa chance que o destino estava dando.

Tava sentado na sala de espera do hospital, observando a quantidade de pessoas fazendo suas orações em silêncio. Eu seria o próximo a entrar pra ver a Alina.

— Eduardo Harper? – a enfermeira diz.

— Opa, sou eu.

Levanto e a sigo.

— Pode entrar, o senhor tem 5 minutos.

Era pouco, eu sei, mas ao mesmo tempo eram os únicos minutos que eu tinha com ela.

— Obrigado.

Respondo e me sento na lateral da cama que a Lili estava deitada. Dessa vez, sem aquele aparelho apitando como se mostrasse que a vida dela estava em suas mãos.

— Oi, sereia. – sorrio ao lembrar do dia na praia, apesar do acidente. — Você já gosta de se meter em encrenca né? Mas, não tem graça ficar sem você por aqui. Sem ter quem salvar ou esbarrar.

Suspiro pesado.

— Joana vai casar, acho que já passou da hora de você acordar. Ninguém casa sem uma dama de honra ou madrinha. Enfim, eu tô com saudades, sereia. Volta logo pra mim.

A enfermeira aparece no canto da sala e me chama, dizendo que acabou o tempo, então me levanto, mas antes de me afastar, sinto as mãos geladas da Alina segurarem a minha.

Viro e a encaro, esperando mais algum movimento, então um sorriso surge em seu rosto e ela abre os olhos, aqueles olhos negros parecem iluminar aquela sala de UTI. Então, eles me encaram, bem no fundo.

— Voltei.. – ela tosse e a enfermeira se aproxima, dizendo pra que ela não faça esforço, mas parece que ela resolve ignorar. — Voltei pra você, Du.

Seria muito escroto dizer que dentro do meu coração parecia ano novo?

Foram nossos últimos minutos sozinhos, porque todo mundo invadiu a sala e começou a abraçá-la e beijá-la, então ela soltou minha mão e me virei, saindo da sala.

— Alô, Rodrigo?

Decidi ligar, pra ele avisar a Jojo.

— A Alina acordou, tá todo mundo aqui, falta só você, Letícia e Joana.

— SÉRIO, CUNHADO? PORRA, CARALHO, TAMO INDO.

Joana grita e desliga o telefone.

Sobre o Verão PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora