Red Blush - O cabaré

Prólogo

Vermelho! Sinônimo de paixão, pitada de sedução; Vermelho! A cor da luxúria, implorando ternura; Vermelho! A fantasia do pesadelo, a velocidade da fuga; Vermelho! O lugar do medo, a cor do desespero; Vermelho! O encaixe perfeito, o pesadelo sem jeito; Vermelho! A descoberta do amor, há esperança na cor.

As cortinas vermelhas estão fechadas. O coração está acelerado. Há um frio dentro do estômago. A cabeça está vazia neste momento. Não há sequer resquícios do passado e nem do presente. Pelo menos, não quando se está dançando.

As cortinas se abrem. Os olhos curiosos, excitantes e loucos de desejos pairam sobre cada corpo em movimento. Analisam cada curva, cada detalhe. Todo o excesso e toda a falta. Eles não piscam. Não podem. Qualquer piscada brusca pode ser fatal. Perder um detalhe é o mesmo que perder uma noite de prazer. É como um cardápio onde você escolhe o prato que mais lhe agrada. Entretanto, estes olhares não pertencem ao anjo de cabelos dourados e olhos apaixonadamente azuis. Esse anjo é proibido e o mais cobiçado.

A cada descida é um sentimento que cresce. A cada subida é a luxuria que transcende. É possível ouvir o coração de cada telespectador. Eles batem descompassados, mais rápidos do que a música. Seus pensamentos estão a mil, dos mais doces até os mais sujos.

Tem gente de tudo quanto é jeito. Dos mais castos, até dos mais pervertidos. Dos que procuram prazer, até aqueles que procuram o amor. Amor! Num lugar como este não existe amor. E se existir, eu já vou logo avisando: Fuja! Corra! O mais rápido que puder. Ninguém aqui tem o coração puro. Se é que tem coração.

Muitos o jogaram, afinal, quando se entra, uma parte sai. É inevitável. É quase uma lei, e se descumpri-la, a infelicidade, meu amigo, será seu pior pesadelo.

Mas no meio de tantos desafetos, perdido em meio a tanta bagunça e escondido em meio a tanto sofrimento, eis que existe um coração que ainda permanece. Ele está parado. Está em silêncio, pois se ouvirem, este lhe será arrancado. Em meio a cada pose, a cada sorriso, um sentimento paira, grita, mas ninguém ouve. Não se pode ouvir. Não querem ouvir.

E então as cortinas se fecham. O cenário cai. As pessoas se desesperam a procura de uma solução. O pesadelo nunca esteve tão próximo. O inimigo agora te abraça. A felicidade é o seu último estágio, isso se tiver sorte de encontra-la.

O anjo não é mais proibido, pelo contrário, é a atração principal.

E onde eu estive esse tempo todo?

Eu estou presente em vários lugares. Eu faço parte da vida de todas as pessoas. Eu apareço no sangue, no sexo e na vingança. Eu apareço na luxúria, na cor do batom, e se duvidar das unhas. Eu apareço no desejo, eu apareço no ódio e na vingança. Eu apareço na sedução, na paixão e no amor. Eu sou várias fazes, sou vários tons, mas ninguém nunca havia me encontrado na superação. Aurora foi capaz de me encontrar em todas as minhas tonalidades e viveu elas intensamente. E eu prometo que farei parte da vida dela até o seu último suspiro.

E agora eu convido vocês a participarem deste maravilhoso cenário. Maravilhoso? Uma pitada de ironia não faz mal a ninguém. Eis mais um tom.

Com amor, vermelho.