Capítulo 18

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– Você não deveria estar aqui – Will diz a Aurora fingindo não estar incomodado com a presença da jovem.

– Estou me sentindo um pouco excluída do grupo. – deu um sorriso forçado.

– Acho bom você sair daqui antes que meu irmão a veja conversado comigo – sem conseguir olhar em seus olhos continua secando os copos.

– Ele pode fazer alguma coisa contra você caso isso aconteça? – ela pergunta quase sem pensar.

– Vai se divertir com isso?

– É claro que não.

Ele não responde. Evitar o máximo de contato com a jovem era a melhor coisa a se fazer.

– Quer alguma bebida?

– Você não respondeu a minha pergunta – insiste a dançarina.

– Escuta, é melhor que você não saiba disso. Há câmeras espalhadas por aqui, e é bom voce se afastar.

– Sabe que agindo assim você responde a minha pergunta indiretamente não sabe?

Will respira fundo. Aurora era persistente e ficava cada vez mais difícil de fugir.

– Comigo ele não pode fazer nada, mas com você sim.

– Está preocupado?

Finalmente ele para e a olha. Aurora tinha um leve sorriso no rosto apesar de tremer por dentro.

– Nem um pouco – mentiu voltando ao seu trabalho.

– Não acredito!

– Isso é problema seu.

– Você não me parece ser como os outros.

– Como assim? – estranha.

– O jeito como você conversou com sua mãe e Marcus. Não era de um jeito caloroso e pelo o que eu entendi, você tem uma filha e já foi casado.

Novamente ele para e semicerra os olhos na direção de Aurora. Sem responder ao seu comentário ele pega um copo d'àgua e entrega a ela.

– Eu não lembro de ter pedido algo para beber.

– Por precaução.

Aurora beberica a bebida, mas continua a encarar William, extremamente curiosa.

– Isso significa que está preocupado. Seja comigo ou com você, Marcus também te ameaça.

– Isso não é da sua conta. Vem cá, foi Marcus que te mandou me espionar?

– O que? – ela pergunta incrédula.

– Você agora vai se casar com ele. O mau-humor das outras dançarinas tem justificativa e esse monte de perguntas também. – o Connor do meio estava devidamente irritado.

– Acha mesmo que eu me casaria com ele se eu tivesse escolha?

– Eu não sei, meu irmão é um homem charmoso e sempre foi um garanhão. – deu de ombros.

– Mas é um mau caráter – Aurora solta e se arrepende no mesmo instante. Estava conhecendo o "terreno" antes de tudo e poderia colocar tudo a perder se não conseguisse se controlar.

– Corajosa você pra me dizer isso.

– Vai contar a ele? – perguntou receosa, mas não obteve resposta apenas um olhar o qual ela pensou ter decifrado – Hoje, no café da manhã você perguntou se eu havia sido manipulada também, isso significa que muita gente aqui não faz parte deste inferno porque quer. E... – engoliu seco – Acho que você está na mesma condição que eu. – tomou mais um gole de sua água e olhou para as dançarinas que conversavam entre elas sem nenhuma animação, exceto pelas antigas que pareciam já terem se acostumado com o ambiente.

Will respirou fundo e se aproximou da garota implorando para que Marcus estivesse extremamente ocupado conversando com kerchak.

– Você não pode confiar em ninguém aqui, e muito menos em mim, entendeu?

– Eu sei. Nem... – ela olha para Dom sentindo seu coração doer.

– Eu vou te dizer uma coisa, mas ninguém pode saber. Dom é uma boa pessoa, mas muita gente que está aqui esconde grandes segredos para fazer parte do Red Blush, então...

– Eu sei que posso confiar em você.

– Eu não teria tanta certeza.

– Você não gosta daqui e se preocupa com sua filha. Não faz sentido algum você estar aqui porque gosta. Me diz que eu posso confiar em alguém aqui, pelo menos para desabafar ou vou morrer sufocada. – seus olhos estavam marejados e ela não conseguiu conter o desespero em sua voz.

Will respirou fundo pela milésima vez. Dez minutos nunca foram tão demorados quanto naquele momento e enrolar Aurora não estava ajudando. No fundo, apesar dos olhos azuis implorando por socorro, ele tinha medo. Aprendeu a não confiar nas pessoas desde pequeno, mas apesar disso, ele pensou ter enxergado o coração de Aurora e ela precisava de alguém, no fundo sabia disso.

– Me diz, por favor. Ele usou sua filha para te obrigar a ficar aqui? É isso?

– Se eu disser que sim você promete se afastar de mim?

Aurora balançou a cabeça, mas no fundo ela ficaria ainda mais próxima.

– Clair tem apenas quatro meses. Minha esposa morreu dois meses depois do nascimento de nossa filha, um câncer terminal que quanto descobrimos já estava em nível avançado. Eu trabalhava com fotografias. Sempre foi minha paixão, mas eu ganhava pouco para sustentar minha mulher e minha filha. A gravidez era de risco e os tratamentos caríssimos e então...

– Marcus ofereceu dinheiro para cuidar de sua esposa e filha e imagino que depois da morte dela, ele prometeu vendê-la ou... caso não aceitasse trabalhar pra ele.

– Como sabe?

– Eu tenho uma irmã de quase seis anos e...

– Já entendi. Só assim pra você aceitar se casar com o crápula do meu irmão.

– Como é a sua filha? – Aurora perguntou com brilho nos olhos quase sem conter uma lágrima.

– Clair é linda. Loirinha de tudo com os olhos azuis intensos assim como o seu. Um bebe adorável e risonho. Ela se parece muito com minha falecida sogra.

Aurora não respondeu de imeadiato. Admirou o sorriso encantador de Will ao falar da filha e abaixou a cabeça tentando conter suas emoções.

– O que foi? – perguntou Will.

– Eu tive uma filha, mas ela morreu logo depois do parto. Ela faria seis meses se estivesse viva e... eu sinto falta dela e agora eu penso que se ela estivesse viva eu não estaria aqui. – secou uma lágrima teimosa.

– E seu namorado? Marido?

– Nem um e nem outro. Eu... podemos não falar sobre isso? – ele assentiu.

– Eu acho bom você voltar.

– É melhor mesmo. – suspirou – Obrigada – levantou-se afatando-se.

A jovem não se sentia mais tão sozinha no meio do caos. Aliviou em perceber que muitas pessoas ali presente não eram vilões, mas marionetes de Marcus Connor. Olhou para Dom que parecia concentrado e pensou em qual seria seu passado ou a sua história com Marcus. O mais renomado cabaré do México escondia mais segredos do que Aurora poderia imaginar e se quisesse sobreviver, ela teria que descobrir em quem confiar, porém, quando o assunto é sobreviver, não existe confiança. Jamais! A não ser aquela que você deposita em você, única e exclusivamente em você mesmo.

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E então, qual o palpite da vez? Voltaremos ao tempo atual nos próximos capítulos. Estão preparados para fortes emoções?

Vejo vocês em breve

Beijinhoos

Red Blush - O cabaréOnde histórias criam vida. Descubra agora