Capítulo 13

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Seis anos atrás.

"O primeiro passe: mãos morenas e pequenas.

O segundo passe: Mãos negras e grandes.

O terceiro passe: mãos claras e grandes. Visão turva. Pernas bambas. O choque entre a árvore, o choque entre as pernas. Um grito abafado.

Um pedido de socorro inaudível

Um choro. Um único choro".

Ela estava alegre, dançando e cantando para todos seus clientes. Era a garçonete perfeita para o restaurante de Carlisto. Seu sorriso e simpatia estonteante era o que cativava a todos. Seu chefe era um homem de bigode preto, chapéu mexicano com chacoalho em mãos anunciando a pessoas as promoções de seu prato.

Gentil, tinha Aurora como uma filha que encantava a todos por sua beleza e carisma. Havia conseguido trabalhar lá depois da morte Charles. Não podia mais bancar faculdade, mas tinha que trabalhar para ajudar Meg nas despesas de casa e cuidar de Mel.

Lo Mexicano misturava música, dança e comida boa. E como de praxe, vivia lotado e resumia um pouco daquilo que Aurora gostaria de fazer em sua vida, embora sua ambição era ir além.

Foram seis meses de labuta. Seis meses que conheceu pessoas maravilhosas e que conseguiu esquecer o sofrimento que lhe rondava, embora a noite eles vinham a tona em seus pesadelos.

Depois de um grito agudo e de um soluço incessante, Meg chegou até o quarto acendendo apenas o abajur, e cuidadosamente, repousou suas mãos na testa da garçonete. Ela suava e se contorcia na cama devidamente aflita e desesperada.

Enquanto dizia: "Não, eu não quero. Por favor, pare", em outros momentos dizia: "Melina, não deixa a mamãe. Não se preocupe, eu vou cuidar você", no fim chorava ainda mais.

– Aurie! Por favor, acorde! – pediu Meg com seu jeito doce e calmo, enquanto a jovem apenas se debatia. – Está tudo bem. É só um sonho. – insistiu balançando levemente seu corpo.

Então Aurora acorda com a sua respiração ofegante e com vontade de chorar procurando pelo colo quente e aconchegante de Meg. Era seu único refúgio nesse momento e seria eternamente grata a ela.

Tomou um banho quente e voltou a se deitar. A antiga enfermeira acolhia Aurora em seus braços e fazia cafuné em seus cabelos até que a garota pegasse no sono. Era assim quase todas as noites.

Meg havia sido muito mais do que apenas tutora das meninas, mas uma mãe e um pai. Apoiava, cuidava, aconselhava a dava a elas amor. Meg seria eternizada no coração das irmãs Hough.

Acordou, pôs a água no fogão e foi acordar Mel para dar banho na pequena. Em seguida coava o café e voltava para trocá-la. Depois de um café reforçado as duas embarcavam para no ônibus. Meg descia na escolinha e Aurora, no restaurante, limpando o estabelecimento antes de abrirem.

Durante o caminho,sua atenção foi roubada pelos outdoors que anunciava a vinda do grande e requisitado cabaré do México. Em tão pouco tempo, conseguiram expandir seus negócio e cresciam a cada dia. A moça sentiu seu coração bater de imediato e pensou que agora que seu pai estava morto, seria sua grande chance. Porém, sabia que era um trabalho que precisava dela de forma integral, pensou em Mel, pensou em Meg, não poderia abrir mãos delas para viver um sonho. Até porque o cabaré ficava em Cancun e seria uma mudança totalmente radical.

Suspirou. Mais uma vez seu sonho estava corrompido. Mal sabia que era melhor que fosse assim.

Era um dia de trabalho como outro qualquer. Serviu os clientes com o sorriso de sempre. A cada momento chegava mais gente e o restaurante lotava, aumentando assim, as atividades.

Red Blush - O cabaréOnde histórias criam vida. Descubra agora