Capítulo 46

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Dois meses haviam se passado. Cancún continuava a cidade maravilhosa de sempre. William vivia preso em seu apartamento sendo sustentado por Dom e tentando, a todo custo, animar Melany, a qual sentia-se abandonada pela irmã. Se pudessem lhe contar o que se passava, tudo seria mais fácil e também mais dolorido. Inclusive a pequena Clair também sentia saudades da tia.

Mas não só as pequenas. Will sentia falta do perfume de Aurora, do seu sorriso, dos seus olhos que irradiavam o seu dia. Da sua voz doce e divertida. Sonhava todas as noites em poder revê-la. Da sua pele macia e do quão linda ela era quando acordava.

Travis e Carmela estavam se dando bem. Carmela vivia uma luta diária entre o amor e a vingança. Por mais que tivesse apaixonada, deveria ser firme em sua decisão. Travis não era um bom rapaz e não confiava nele, mesmo sendo tão lindo, educado e dedicado. Algo lhe dizia no fundo para não confiar.

Há algum tempo atrás, Carmela havia ido na casa do filho dos Castilhos. Muitas coisas se conseguem quando se tem uma arma na mão, inclusive uma gravação da área externa da mansão, onde pode ver dois casais indo em direção ao gramado. Apesar de não ser possível ver nitidamente, Carmela sabia muito bem onde era.

A noite, passava na frente do Red Blush. Queria espiar a casa e ver se encontrava Aurora. Algumas vezes a viu. Mesmo de longe, era possível ver seu semblante abatido e de mulher sofrida, o que fez Carmela se questionar sobre o ambiente, bem como lembrar das palavras de Travis.

Felipe Castilho de honra não tinha nada, pelo contrário. Para salvar sua pele e o nome de sua família, decidiu ajudar Carmela, mesmo que isso custasse a vida do seu melhor amigo. A jovem além disso tudo, conseguiu algumas fotos dos amigos juntos e um áudio de Castilho contando a respeito da festa.

Faltava o último passo. Matar Travis, e isso seria feito naquela noite. Ele a havia pedido em namoro em um jantar ilustre. Totalmente romântico e luxuoso que ele fez questão de preparar no terraço de sua casa, inclusive, até dispensou os empregados o que seria ainda melhor para Carmela finalizar seu plano.

Então a grande noite chegou. Tiveram a primeira vez. Carmela fez questão de ter controle sobre toda a situação, amarrando-o inteiramente na cama e se aproveitando ao máximo de seu corpo. Ele era delicioso, pensou várias vezes quando provava a extensão de Travis. Ele estava tão vulnerável sob o corpo de Carmela que gemia e se entregava facilmente.

Carmela, no entanto, ficou tão exausta, que decidiu colocar seu plano em prática no dia seguinte.

Acordou mais cedo. Se arrumou da melhor forma possível e fez questão de usar um batom vermelho nos lábios, a fim de combinar com o seu par de luvas, também vermelhas. Tirou a arma de dentro de sua bolsa e apontou para o homem a sua frente, amarrado e totalmente inocente.

Matá-lo naquele estado, seria pouco. Seria, na verdade, um favor. E ela não queria isso. Queria que ele sofresse o mesmo que ela na cadeia. Esperou ele acordar, e não demoraria muito já que estava começando a se mexer.

Aquele par de olhos castanhos atingiram em cheio Carmela que por um instante, fraquejou. Respirou fundo e soltou um sorriso malicioso.

- Bom dia, meu amor! – disse.

- Isso é outro tipo de brincadeira, Carmela? Estou disposto a testar tudo com você, mas poderíamos tomar café primeiro.

- Não precisa se preocupar em comer mais. Aliás, você não terá mais esse trabalho no seu dia. Te pouparei da fome, veja como sou boazinha.

- Do que está falando, Carmela?

- Me chame de Ana – apontou a arma para o quadro de fotos de Travis e atirou. Ele então se contorceu na cama tentando se livrar das cordas que os prendiam.

Red Blush - O cabaréOnde histórias criam vida. Descubra agora