Capítulo 37

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Ela se olhou no espelho inúmeras vezes para ter certeza de que tudo estava perfeito. Cuidou dos detalhes da maquiagem e preferiu um batom discreto. Se com uma simples conversa conseguiu o telefone, em um jantar teria que conseguir algo mais. Mas não só isso. Travis não fazia o estilo romântico e Carmela sabia muito bem disso. Ela teria que utilizar de toda uma habilidade para conseguir aprisiona-lo. Fazer com que ele se apaixonasse. Resumindo, fazer ele sentir na pele a dor que ela sentiu.

Ela preferiu agir de um jeito diferente. Afinal, o que vem fácil demais, vai fácil demais. Quando retornou a ligação, avisou que se encontrariam no restaurante, escolhido por ela. Não se sentiu nem um pouco incomodada com a escolha, optando pelo mais caro, afinal, Travis era rico e dinheiro não era problema para ele.

O rapaz estranhou as condições da moça, mas resolveu aceitar. Experimentar novas situações talvez fosse interessante, embora acreditasse que todo seu charme seriam o suficiente para leva-la para a cama ainda que em carros separados.

Era óbvio que Carmela não tinha um carro. Ou ela se alimentava e pagava a estadia, ou comprava um carro. Mas anos de prisão lhe deram muitas ideias. O passatempo era as histórias macabras e mirabolantes das outras presidiárias.

Enquanto andava pelas ruas de Cancun tendo um táxi como condutor, Carmela pensava se algum dia poderia mudar de vida. Tomar um rumo diferente daquele e se teria a oportunidade de vive em paz. Aquela moça que ficava com vários rapazes e ia há várias festas, já não existia mais. Ela era adulta e teria que agir como tal, até porque o desprezo de sua mãe era a maior dor que ela carregava no peito.

Respirou fundo. Sabia que não teria sua bela vida de volta e seu destino ou era a cadeia novamente ou a sarjeta.

Ela fez questão de chegar primeiro ao restaurante. Pediu um champanhe e olhou a movimentação antes de Travis chegar. Seu coração gelou pela insegurança, mas ela preferiu manter a calma e dizer a si mesma que tudo daria certo. Ele era um idiota. Um homem frio e sem coração e ela não teria que ter pena dele, aliás, ele não teve pena dela.

Em meios aos seus devaneios, um cheiro delicioso invadiu o ambiente. Um perfume cítrico com algumas notas amadeiradas fez Carmela estremecer. Ele havia chegado.

— Demorei? — ele perguntou sentando-se a sua frente.

— Muito pontual, Travis?

— Isso. E o seu nome?

— Carmela. — estendeu-lhe a mão e ele a beijou.

— Muito prazer.

— O prazer é todo meu. — ela sorriu.

— Com licença, senhorita — o garçom lhe serve uma taça com um pouco de champanhe e logo se dirige a Travis — O senhor vai querer alguma coisa?

— Uma cerveja — ele faz uma pausa e olha para a mulher a sua frente — Se a senhorita não se importar.

— De maneira alguma.

O garçom pediu licença e se retirou deixando-os a sós.

— Então Carmela, de onde você é?

— Monterrey.

— Estive um tempo em Monterrey, mas isso faz uns sete anos. É uma cidade incrível.

— Realmente. E por que saiu de lá?

Travis apertou o maxilar e limpou a garganta.

— Digamos que as oportunidades aqui em Cancun para o meu ramo eram muito melhores. — omitiu.

Red Blush - O cabaréOnde histórias criam vida. Descubra agora